quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lembranças do Natal


Tudo começou em razão da encomenda da leitoa.
Vigilância sanitária, vida moderna, sociedade de proteção aos animais e com isso os criadores de leitoa estão se distanciando cada vez mais dos centros urbanos.
Por volta dos anos 70 e 80, ainda era costumes nas vilas, lá pelo mês de setembro, comprar um capadinho e por para engordar no fundo do quintal.
O leitão, geralmente das raças Piau(oreia de cuié) ou nilo, ganhava até apelido da molecada, que também ficava encarregada de levar o trato no chiqueiro.
Água no cocho, pelo menos duas espigas de milho na manhã e no período da tarde, a lavagem que era os restinhos de comida, da casa e da vizinhança. Antes de servir, juntava meia lata (das de margarina) de sal grosso, misturava bem e tava feito o banquete.
O índice de crescimento do porquinho era mensurado pelo brilho do lombo e pelas poupas do pernil. Vez em quando, uma pegada pela pata traseira do bicho sustentava o animal no braço, fazendo às vezes de balança. Seguia o diagnóstico: ...hum, lá para o dia 20 de dezembro deve estar com uns dez a doze quilos.
Não podia passar disso, senão o toucinho tomava conta da carne e o assado ficava indigesto. E tome boldo.
Olho na folhinha e, dia 22 ou 23, era a data prevista para a matança. Uns trocados na mão da garotada para buscar um doce no bar da esquina ou um carretel de linha na venda e assim que as condições estivessem favoráveis, uma punhalada certeira em direção ao coração do bichinho encerrava a boa vida do leitão, prestes a se tornar o astro principal da ceia.
Ditado popular diz que matar leitão ou galinha caipira perto de quem tem dó, não vinga. O bicho fica agonizando e isso não é bom, então o melhor é afastar estas pessoas ou fazer o serviço escondido, bem de manhãzinha, antes do povo acordar.
Quando a molecada voltava com a encomenda, a choradeira era geral, a ponto de surgir promessas de que “desta carne eu não comerei”.
Mas a gente já sabia que as coisas iam ficar preta pro lado do leitão no dia seguinte, sabia sim. Um feixe de lenha seca, juntado previamente num canto da área,as palhas secas de milho, para escovar o lombo e tirar o restante dos pelos e da pele, a lata de vinte litros, lavada e emborcada na ponta da balaústre, bem próximo do local onde costumeiramente se fazia o fogão de chão para ferver a roupa. Mais sinais era impossível.
E na ceia do Natal, lá estava o leitão com aqueles olhos tristes, com bronzeado forte, cheio de rodelas de abacaxi em volta e com a bendita maça na boca.
Vamos e venhamos, leitão assado é bom demais, mas sem aquele olhar piedoso e sem a tal maçã na boca.
Mas voltando ao assunto da foto, ontem fui buscar minha encomenda de leitoa no sítio. E foi lá eu me deparei com esta construção, uma casa de taipa. Segundo o dono, tem mais de 100 anos de existência.
Serviu de morada para a antiga proprietária do sítio, nascida ali, onde viveu até os 84 anos.
Era privilégio de poucos ter uma residência como esta.
As colunas principais são lavradas no machado, em madeira bruta, depois assentadas no terreno, servindo de colunas e marcadores dos futuros cômodos. Em seguida vem as travessas horizontais que vão sustentar a trama para receber o reboque.
As travessas são feitas com lascas de coqueiros e amarradas com arame, uma bem próxima da outra. O barro vermelho é amassado com capim seco, para dar liga e criar uma trama natural; há quem diga que se misturava esterco seco de gado também.
Pronta a massa, vai se jogando aos montes sobre a esteira e alisando com a mão, dos dois lados, tal jeito que a massa se integre e forme uma parede da melhor qualidade. Uma caiação dava o acabamento e, segundo a crença, evitava também que o bicho barbeiro se alojasse nas pequenas frestas.
Casa pra vida toda dizia os antigos. E não é que estavam certos!

Ivan Evangelista Jr
Membro da Comissão de Registros e do Fotoclube de Marília

sábado, 18 de dezembro de 2010

Olha o padeiro !


Ele sempre passava duas vezes por dia, pela manhã e lá pelas três da tarde, hora tradicional do café no interior, com sol ou com chuva. O som compassado das ferraduras batendo nos paralelepípedos denunciava de longe a sua chegada e as donas de casa, já davam aquela ajeitada nos cabelos, enrolados com bobs, outra ajeitada no avental feito de saco alvejado e corriam para frente da casa.
A cachorrada presa enlouquecia de não poder acompanhar os vira-latas que insistiam em atormentar a égua que puxava a carroça, e tinha ainda aquela buzina diferente, um canudo de metal com uma bisnaga de borracha na ponta, marca registrada do padeiro.
O João padeiro, conhecido de todos e de todas, fazia mais do que entregar os pães. Ele era também o sistema de comunicação mais eficiente que existia na época. Filho com sarampo, criança com caxumba, mulher brigada com marido, sogra doente ou gente com dor de dente, era com ele mesmo, dava conta até das notícias sobre as gestantes e das puladas de cerca dos maridos.
Também pudera, todo santo dia fazia o mesmo trajeto. Entregava pão d’água, broa e pão doce, com aquela cobertura de creme bem amarelinho e, enquanto isso, ia ouvindo e desfiando histórias que passavam de um bairro para outro num piscar de olhos.
Não tinha saquinho, os pães eram embrulhados em folhas de papel, previamente cortadas e enfiadas na ponta de um arame pendurado na lateral da carrocinha. Dependendo do caso, depois de embrulhar o pão, o tal papel, de cor rosa ou parda, ainda poderia ter dois destinos; ou virava pito na boca do avô, embrulhando aquele fumo caipira de rolo que mandava o cheiro ardido bem longe, ou seguia para os banheiros de buraco (casinha) no fundo do quintal, fazendo às vezes do papel higiênico.
Surpreso!? Isso mesmo, lá pelas tantas de mil novecentos e sessenta e coisa nem todos tinham o conforto do papel higiênico e, nestes casos, papel de pão da cor parda, era artigo de luxo. O rosa nem pensar, soltava tinta fácil.
Eu, criança ainda, morria de dar risadas quando a tal égua cismava de fazer suas necessidades no momento em que o padeiro tava atendendo a freguesia. Era uma situação bem constrangedora para o seu João, ainda que fosse a coisa mais natural do mundo. Mas quem já sentiu o cheiro de xixi de égua de perto sabe que essas coisas não combinam muito bem com cheiro de pão quente.
Vez em quando a mãe mandava pegar um saco vazio e recolher os montes de estrume que ficavam espalhados pelas ruas para adubar a horta que a gente tinha no fundo do quintal. A terra ficava gorda, dava alface e almeirão de folhas bem viçosas.
Mas não era só carroça de pão não, também tinha a do bucheiro, a da entrega de lenha e as carroças de aluguel para frete de qualquer espécie, principalmente de areia de estrada para construção. Muita mudança de casa foi feita em cima de carroça e já vi muito animal ajoelhar-se na subida por não agüentar o peso ou porque escorregou.
Não fotografava nesta época, é pena. Lembro nitidamente que nos dias de missa essas carroças subiam as ladeiras em direção à igreja de São Miguel.
Uma tábua atravessada entre as duas laterais fazia às vezes de banco. No lado direito ia o carroceiro, geralmente de chapéu e cigarro de palha no canto da boca, ao seu lado, a patroa, com vestido de estampa colorida e sombrinha na mão protegendo o sol na cabeça para evitar de borrar o pó de arroz. Cena das mais bucólicas, como esta do entregador de pão.
Foto: autor desconhecido
Disponibilizada por: Milton Fernandes


Ivan Evangelista Jr
Membro da Comissão de Registros Históricos e
do Fotoclube de Marília

sábado, 11 de dezembro de 2010

Alta rotação


Manhã de sábado e o vento sopra forte.

Uma sinfonia diferente chega com o vento e vai crescendo aos poucos. É o ronco dos motores que estão chegando ao Parque Aquático “Tetsuo Okamoto” para participar do evento Motoshow Marília. No momento da nossa visita um grupo de seis motoqueiros vindos de Porecatu, acabava de chegar e sondava o melhor lugar na sombra para estacionar as máquinas.

Período da manhã as barracas ainda fechadas.Sonolentos, os expositores se preparam para a jornada da tarde quando o fervo promete fazer subir a adrenalina de quem estiver por lá.

Na entrada principal, uma placa avisa sobre a proibição de “zueira” no local, termo genérico para limitar todo tipo de barulho que possa conturbar o ambiente. Não é permitido também dar a rotação máxima no motor com a moto parada, coisa difícil de se controlar, já que todos os grupos que chegam querem se fazer notar e nada melhor do que por a rotação das 1.200 cilindradas lá em cima.

A programação de hoje promete. Tem a Banda Risqué, de Bauru, a partir das 15 h00, Show de motos e de bikes com a equipe Cachorrão, gincanas, Banda Mais, da cidade de Ibitinga e show com Zé Ramalho Cover.

Mas a promessa de agito é com o lava rápido ALBA que vai deixar muito marmanjo babando na camisa. As lindas modelos vão dar um show, só que desta vez a passarela foi substituída pelo lava rápido, onde a beleza se mistura com água e com a espuma.

No local você ainda encontra barracas que vendem desde camisetas, casacos, coletes, capacetes, pneus, bordados decorativos e tudo mais que a tribo dos raladores do asfalto gosta. É só conferindo de perto.

A promessa de boas fotos de motos incrementadas ficou para o período da tarde quando as comitivas vão chegar. Estaremos lá para conferir.

O Parque Aquático fica na estrada Marília – Assis, entrando para o trevo de Avencas. Um bom programa para este sábado, e continua no domingo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Loja Container


Diferente.
Segundo informações, Container Store é uma loja ecologicamente correta. A unidade é
uma franquia desenvolvida e patenteada pelo gaúcho André Krai, que conta com outras
nove no Sul do país. Para uma loja deste tipo, quando instalada em área interna de
shoppings, o investimento é por volta de 200 mil reais e geralmente abrigam a
comercialização de marcas de luxo.
A loja é montada com containers de carga descartados, que são reformados e decorados
com madeira de reflorestamento e com as araras feitas de material reciclado de
corrimão de metrô e ônibus.
A loja de Marília deve ainda ganhar um dek de madeira para acesso ao interior visto
que está afastada da linha de calçada.
A nova loja que está sendo instalada na Av. das Esmeraldas/Marília, e quebrou o
padrão de imóveis comerciais naquela região.
É Marília crescendo e atraindo novos
investimentos, mudando a paisagem urbana e dando boas oportunidades para novos
empreendedores.

A Fotoquefala conferiu de perto.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Marília, nos mares e na literatura



Marília nos Mares
A notícia veio de longe e dava conta que a nossa querida Marília teve em sua homenagem um navio mercante batizado com o nome da cidade. Isto mesmo, na década de 60 a Marinha mercante Brasileira decidiu homenagear algumas cidades do interior brasileiro e Marília deu nome a uma das embarcações. Conferimos a história com o historiador Antonio Augusto Neto, o Toninho Neto, que confirmou a informação e acompanhou os fatos na época.
Lançamento (Launch): 13 de abril de 1962 (13th april 1962)
Incorporação (Delivered): setembro 1963 (september 1963)
C a r a c t e r í s t i c a s (Main Particulars)
Nome (Name): Marília
Prefixo (Call Sign): PPAG, ex PUAV
IMO nr: 5224560
Estaleiro construtor (Builder/ hull number): Ishikawajima do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, casco nr.4 (Ishikawajima do Brasil, Rio de Janeiro, RJ, hull nr. 4).
Dimensões (Lenght o.a./b.p., breadth, depth): 115,30 mts de comprimento total (loa); 107,02 mts de comprimento entre perpendiculares (lbp); 16,84 mts de boca (breadth); 6,32 mts de calado (draft); 9,20 mts de pontal (depth).
Deslocamento (Displacement): aprox. 9.500 tons (abt.).
Capacidade de Transporte de Carga (Dwt): 5.940 tons, incluindo 354 m3 de carga frigorífica (Included 354 cbm of insulated cargo).
Toneladas Brutas/Liquidas (Grt/Nrt): 5.430 tons/3.661 tons
Equipamentos para manuseio de carga (Cargo Gear): Paus de carga: 1 x 30 tons; 10 x 5 tons; 2 x 1,5 tons (Derricks: 1 x 30 tons; 10 x 5 tons; 2 x 1,5 tons).
Porões de Carga(Cargo holds): 3
Motor Pricipal (Main Engine): 1 motor Sulzer de 5 cilindros de 2.500 bhp de potência (1 engine Sulzer 5cy x 2.500 bhp).
Velocidade (Speed): 12 nós (Knots)
Outros navios da classe (class units): Volta Redonda, Londrina, Cidade de Manaus (ex Campo Grande), Cidade de Belém
H i s t ó r i c o (History)
O navio cargueiro MARÍLIA, foi o quarto navio de uma série de cinco unidades encomendados pela Comissão de Marinha Mercante Brasileira (órgão estatal que gerenciava a Marinha Mercante Nacional) ao Estaleiro Ishikawajima, sendo a primeira classe de navios a serem construídos pelo estaleiro. O nome da embarcação é em homenagem à cidade de Marília, interior do Estado de São Paulo A operação do navio foi repassada ao armador estatal Lloyd Brasileiro Patrimônio Nacional (que em 1967 passaria a se chamar Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro), o qual foi utilizado em rotas de cabotagem e eventualmente em viagens de longo curso.
(The general cargo MARÍLIA was the 4th unit of a serie of five vessels ordered by Brazilian Merchant Marine Comission, to Ishikawajima do Brasil Shipyard, being the first class to be build by the brand new brazilian shipyard, and their management appointed to Lloyd Brasileiro Patrimônio Nacional, in 1967 renamed Companhia de Navegação LLoyd Brasileiro, to be used in coastal trade. She was named in a homage of city of Marília, São Paulo State.)
final dos anos 70 (Late 70's)- Devido ao programa de renovação da frota do Lloyd, foi o último da classe a ser vendido, sendo adquirido pelo armador Transnave Navegação Ltda., Rio de Janeiro, RJ, mantendo o mesmo nome, o qual também o utilizou no transporte de carga de cabotagem.
(Was the last of the class sold to Transnave Navegação Ltda., Rio de Janeiro, RJ. Not renamed. )
1985 - O navio foi desativado e presumidamente vendido para desmanche.
(Vessel laid up in and presumed sold for scrap.)
F o n t e s (Sources):
- Register of Ships - 1981/1982, - Lloyds Register of Shipping, Londres, Inglaterra.
- Saint-Hubert, Christian - Lloyd Brasileiro, San Jose, 1982
- Schemelzkopf, Reinhart - Chiristian Saint-Humbert's Lloyd Brasileiro Revised and Upgraded - Cuxhaven, 1984
- Rossini, José Carlos - Bandeira nos Oceanos - Lloyd Brasileiro, A História da Centenária Armadora - 1890-1997, Volume I, 2000
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Os Sertões

Numa de suas edições históricas o Jornal Correio de Marília deu divulgação de um fato histórico de nossa literatura, inédito até então.
O artigo relatava que o mariliense Jorge Galati, conhecido compositor e autor da famosa valsa "saudades de Matão", ter visto, e de perto, o grande literato patrício, Euclides da Cunha, escrever "Os Sertões", obra prima da literatura do seu gênero.
O artigo publicado foi enviado ao Museu Histórico "Euclides da Cunha", em São José do Rio Pardo, para que a posteridade saiba que Marília esteve junto com o famoso escritor de "Os Sertões" na pessoa culta e conhecida do Maestro Jorge Galati.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Será?



A leitura diária dos principais jornais faz parte do ofício.
Entre o colorido das folhas vou observando o trabalho dos fotógrafos na ilustração das matérias, enquadramento, posição do fotógrafo no momento da cena e qual a mensagem subliminar que ele passou através do registro.
No Caderno Esporte, Folha de São Paulo, edição de hoje, a chamada: Para debaixo do tapete. O assunto é a cartolagem da FIFA, que hoje define as Copas de 2018 e 22 atolada em denúncias.
A foto de capa inteira mostra um funcionário da FIFA, em Zurique, varrendo um grande tapete vermelho. Neve ao fundo ( o tempo), bolas brancas com gomos pretos (o contexto) as bandeiras no canto superior direito da foto (as nações) e o tapete vermelho (a solenidade do evento). Na esquerda da foto o registro mostra um funcionário fazendo a limpeza do tapete com uma vassoura (a deixa para o título da matéria).
Pois então, vocês viram a foto?
E não é que o funcionário está com uma vassoura caipira na foto! Isto mesmo, aquela vassoura que a gente compra na feira de domingo, que quando está verdinha ainda tem um cheirinho gostoso, feita artesanalmente e, em muitos casos, com a venda destas vassouras alguns aposentados conseguem completar o salário da aposentadoria.
Mas em Zurique ? Será ?
Quem sabe o Erico Hiller, fotografo dos mais experientes e viajado por este mundo possa comentar algo sobre o assunto. Se fosse na China, pensei, até vai, os chineses têm muito em comum com o Brasil neste quesito de utensílios domésticos do tipo faça você mesmo. Talvez até no Japão, mas me surpreendi por ser em Zurique.
Quem já morou no interior, ou nas Minas gerais, como é o caso da Patrícia, sabe que ao deixar estas vassouras lá no quintal, quando o artesão não toma o cuidado de tirar todas as sementinhas é comum chegar em casa e encontra os pardais ou as coleirinhas agarradas nas tramas e fazendo uma refeição rápida.
Vassoura caipira é plantada geralmente em terreno vazio, do amigo vizinho, que empresta a área para o plantio e em troca recebe duas ou três vassouras que vão durar por um bom tempo e ainda fica com a área sempre limpa. Só não pode tomar chuva, porque aí elas ficam igualzinho cabelo de bruxa.
Alguém já viu ?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O potencial turístico de Marília é grande, muito grande


Foi com estas palavras que o palestrante Sergio Alex, pesquisador do Museu Nacional do Rio de Janeiro, abriu o encontro desta manhã no auditório da biblioteca municipal de Marília, onde o tema central foi a paleontologia e as descobertas feitas em Marília por William Nava.
Alex teve a preocupação em mostrar aos presentes o processo que segue um fóssil a partir do momento que é retirado do sítio. No caso o exemplo utilizado foi o crânio do Maríliasuchus , encontrado e escavado por Nava aqui na região em 1998 , por isso mesmo foi batizado com este nome.
Depois de retirada boa parte das rochas que envolviam o fóssil, o crânio foi enviado para o Rio de Janeiro para estudos. Alex teceu grandes elogios ao material e o classificou, do ponto de vista científico, entre os três melhores exemplares encontrados no Brasil até o momento devido a boa preservação dos ossos fossilizados e a perícia de Nava, em conseguir retirar do sítio, sem danificar ou perder partes importantes.
No laboratório o crânio passou por uma série de sessões de tomografia, permitindo a produção de inúmeras imagens tridimensionais e o estudo mais apurado sobre hábitos alimentares, capacidade de locomoção, acuidade visual e outros detalhes que dão uma noção geral sobre a vida deste animal ancestral.
Utilizando recursos de computação gráfica foi possível reproduzir a forma do animal e esta réplica está em exposição no Museu de Paleontologia de Marília.
Alex destacou que entre os museus instalados pelo mundo, pesquisas apontam que os de paleontologia são os que mais despertam o interesse popular e científico, o que acaba sempre provocando um grande fluxo de pessoas e fomentando o turismo.
Para ele, Marília está entre as cidades que tem um tesouro fantástico e pode explorar bem mais a temática dinossauros como forma de atrair públicos diferenciados de diversas partes do país e do mundo. “Poucas cidades no mundo podem contar com o trabalho de um pesquisador local, poucas cidades têm a chance de encontrar fósseis praticamente no quintal, e Marília tem o diferencial da tenacidade e motivação do William Nava, além dos próprios sítios de pesquisa estarem bem próximos. É possível aliar as visitas ao museu com as visitas em campo e fazer girar a roda da economia em cima desta temática”, ele comentou.
Com o lançamento da novela pela Rede Globo, que tem como tema central a paleontologia e as descobertas feitas em Marília, a cidade vai se tornar o centro das atenções e todos os segmentos podem ganhar muito com isso.
A equipe do Museu Nacional contou com a presença dos professores Sérgio Alex, ex-diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, do prof. Alexander Kellner e da profa. Luciana Carvalho, que fez sua tese de doutorado sobre o Mariliasuchus. Também estiveram presentes mais 5 alunos, mestrandos da universidade, que tiveram nesta expedição realizada em Marília o seu primeiro contato com grandes escavações.
Dois grandes blocos de pedra foram levados para o Museu Nacional. Foram retirados em local próximo a região do Rio do Peixe, após 3 dias intensos de trabalho e muito calor. Começa aqui um novo ciclo de tomografias, desenhos gráficos de computador, retirada de excesso de rocha e terra. Dentro do bloco, uma nova surpresa aguarda os pesquisadores que encontraram fortes indícios de possibilidade de haver mais um crânio e fósseis articulados para novos estudos.
O encontro foi encerrado por volta do meio dia e o trabalho de Nava foi muito elogiado por todos os pesquisadores.
Por estas e por outras razões, Marília está entre as cidades com forte potencial turístico. Representando a prefeitura municipal estavam presentes a Secretária de Turismo e Cultura Iara Pauli, o Secretário da Indústria e Comércio, Romildo Raineri e o Secretário de Assuntos estratégicos Divino Donizete de Castro.

Contatos: William Nava , fone 81221278 ou 34322006

domingo, 28 de novembro de 2010

Descobertos novos fósseis em Marília



29/11/10

Durante toda a semana uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está em Marília para contatos com o paleontólogo Wiliam Nava, coordenador do Museu Paleontológico de Marília.
Comandada pelo Dr. Sergio Alex Azevedo, ex-diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, e com a orientação de Nava, o grupo visitou vários sítios de pesquisa na cidade e na região. Em um dos locais, que é mantido sob sigilo por questões de segurança, a equipe encontrou novos fósseis e iniciou imediatamente os trabalhos de retirada do material.
A boa surpresa ficou por conta de que após a retirada de um bloco de pedra de aproximadamente 200 quilos onde estavam os principais fósseis, na mesma área, mais abaixo, foram encontrados novos fósseis que provavelmente são parte do mesmo animal.
As fotos mostram o árduo trabalho da equipe sob um sol de mais de 36º graus, trabalho técnico que exige muito esforço para retirar o excesso de material ao redor dos fósseis incrustados na pedra.
Após as escavações o bloco é envolto por uma camada de bandagens e gesso, o que vai garantir a segurança durante o transporte do material até a sede do Museu da UFRJ. Na universidade, o bloco será submetido a várias sessões de tomografia e Raio X, para identificar a posição e o tamanho dos fragmentos fossilizados, sendo que estas imagens são transferidas automaticamente para o computador e poderão ser trabalhadas tridimensionalmente para a confecção de réplicas em material de resina.
Como já foi noticiado, os dinossauros e os fósseis encontrados na região de Marília serão tema da próxima novela da Rede Globo. A rede de televisão enviou junto com esta equipe da universidade uma assessora de artes e ela está acompanhando todos os trabalhos.
Lucilene fotografou os locais em que os fósseis são encontrados pelo paleontólogo Wiliam Nava e terá a missão de reproduzir estes cenários no Projac/Rio.
Palestra para o público
Com o objetivo de valorizar o trabalho do pesquisador mariliense e do museu paleontológico instalado em Marília, nesta segunda-feira, 29/11, às 10 horas da manhã, no auditório da Biblioteca Municipal, o pesquisador Sérgio Alex fará uma palestra focando a importância da paleontologia para a sociedade e para o mapeamento dos primeiros indícios de vida sobre o planeta terra.
Durante este evento vai mostrar vários slides que ilustram a evolução dos trabalhos na descoberta e identificação de espécies que habitaram diferentes regiões do planeta.
Alex comentou que o trabalho do Wiliam tem sido de grande importância para o cenário científico, nacional e internacional, e diante da perspectiva de que a nova novela da Globo vai promover a cidade e o museu local, é bom que a cidade vá pensando em ampliar o espaço para acomodar novas atrações.
Nava fez um pedido especial ao pesquisador da UFRJ no sentido de conseguir a doação de uma réplica de dinossauro para compor o acervo local, o que sem dúvida seria um grande atrativo turístico para a cidade.
A réplica, tem o tamanho de 12 a 13 metros de cumprimento e caso seja autorizada a doação para o município, vai exigir uma nova sala para sua exposição.
A palestra é gratuita e conta com o apoio da Secretaria da Cultura e Turismo de Marília. Para maiores informações contatos com a Secretaria ou com o Wiliam Nava, fone 3432-2006.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bondinho de Marília passa por reforma



O bondinho (fotos) da Emei “Monteiro Lobato” (rua Goiás esquina com a rua Bahia) está passando por reformas e em breve estará pronto para a alegria dos alunos e de muita gente grande que ao passar pela rua Bahia e avistar o velho vagão estacionado entre as árvores, recobra de imediato agradáveis lembranças do tempo de infância.
Além da recuperação física do vagão, na área interna e externa, o bondinho vai ganhar iluminação e outros detalhes que vão recuperar parte da memória da história da cidade.
Segundo relatos de Antonio Augusto Netto Filho, membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, o bonde chegou por aqui no ano de 1965, depois de um trabalho do então prefeito Armando Biava e do secretário da Administração Américo Fittipaldi, junto ao governo do Estado.
O bonde foi apresentado oficialmente aos cidadãos marilienses no dia 4 de abril daquele ano. Foi a apoteose do desfile comemorativo do aniversário da cidade. Desde este dia se tornou a principal atração do então Parque “Monteiro Lobato”, que também contava com uma bonita fonte em cascata.
Com a reforma pela qual está passando, o bondinho ganhou também cobertura de fibra que vai ajudar a preservar este patrimônio histórico.
“Merece aplausos esta iniciativa da Prefeitura. A memória nacional e os marilienses agradecem”, afirma o fotógrafo Ivan Evangelista Junior, autor das fotos que ilustram esta matéria.
Mais informações sobre bondes, inclusive o de Marília, podem ser encontradas no site http://hist.antp.org.br/telas/Downloads/Bondessobreviventes.pdf
Publicado no Caderno 2 do Jornal da manhã, edição de 19/11/10

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sabiás enfrentam Teiu

Eles andam despreocupados pelos jardins da Fundação Eurípides e sabem que não serão molestados. Até os guardas tomam conta para que não saiam pelo portão e corram o risco de atropelamento na Hygino Muzzi. Esta cena foi bem legal. Calor, falta de chuva, sei Teiú resolveu sair em busca de algum lugar para se refrescar. O que ele não esperava é que os sabiás estavam por perto e não gostaram nem um pouco da história dele andar solto por aí. Teiú come ovos e filhotinhos de outros bichos e os sabiás, sabendo disso, trataram de enfrentar a fera, mesmo com a desproporcionalidade de tamanho e argumentos físicos. Este é só um trecho do que aconteceu. Eles não deram sossego e durante o tempo todo se revezavam no ataque, até que ele voltou para toca.

sábado, 18 de setembro de 2010

Em busca do tempo que passou


Com as condições climáticas atuais perfeitas para sua floração, os ipês brancos espalhados pelas ruas de Marília continuam chamando a atenção pela generosa beleza que proporcionam aos olhos de quem os contemplam, como mostra a foto enviada à redação do Caderno 2 por Ivan Evangelista Jr., sensível observador das cenas e paisagens marilienses, acompanhada pelo seguinte texto: “Foi na manhã de terça-feira que ela se vestiu de branco para esperar o sol. Aos seus pés, um poema haicai, tentava inspirar alguns transeuntes a darem um tostão de seu tempo já tão escasso em homenagem ao novo dia que estava chegando. Poucos se tocaram com a cena. Talvez quando as flores murchas começarem a cobrir a calçada os olhos se voltem aos céus em busca do tempo que já passou. Nem por isso ela deixará de florescer no próximo ano.”
Tradução do poema haikai: "Peguei na mão e aspirei profundamente o aroma do solo de primavera da terra natal." Autor: Tenson
Publicado no Caderno 2 do Jornal da Manhã, edição de 17/09/10

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Feira livre, Lugar de Gente Feliz


Quem ainda não conheceu a feira livre, deixou de experimentar um dos grandes prazeres desta vida.
Imagine um lugar onde as pessoas estão sempre sorrindo, onde as culturas se misturam, onde os aromas provocam sentidos e desejos dos mais variados, lugar onde o povo brasileiro é o que é, gente simples e amiga, independente da classe social.
As feiras de Marília se caracterizaram, no passado, pela presença marcante da comunidade japonesa, os produtores rurais que colhiam frutas e verduras logo nas primeiras horas da madrugada e arrumavam as bancas para receber a freguesia aos primeiros raios do sol. No começo, o dialeto ainda difícil para essa gente que chegou aqui depois de desembarcar do Kassatu Maru, no Porto de Santos, e viajar pela rodovia rumo ao sertão paulistano.
Mas lá estavam também os caboclos, os italianos, os sírios libaneses, os espanhóis e, mais recentemente, estão chegando os chineses com suas Rosas do Deserto, as pedras da sorte e os bonsais.
Feira tem cheiro de pastel frito na hora e garapa com gostinho de limão, tem cheiro de café torrado e moído na hora, do Tião marketeiro, que inspirou a Marca Café do Feirante, tem cheiro de melão fresco, que enche a casa do aroma da roça e ainda embeleza a fruteira na cozinha, tem sanfona de 8 baixos, tocada na “rua do rolo” pelas mãos de artistas anônimos, tem galinha caipira esperando dona de casa antiga que ainda sabe puxar o pescoço do frango para fazer a cabidela, tem ovo caipira, mais forte que o de granja, e o queijo fresco feito ontem mesmo.
Quem resiste a um maço de couve-manteiga, de tão verde quase roxo, mais parecendo um leque de abanar donzelas e senhouras no tempo do império? Como evitar levar aquela couve-flor rodeada por tomatinhos vermelhos, que estouram na boca quando apertados entre os dentes?
A tira de alho e de cebola em tranças vai ficar pendurada na porta e, quando a chuva apontar a cara, lá de onde o vento sopra, o cheiro dela vai invadir a cozinha e aguçar o apetite.
Mas o ditado é sábio: moça bonita não paga, mas também não leva. Tinha o baiano fumeiro que nos deixou há pouco tempo, vendedor de fumo em rolo, costume antigo que ainda reina entre os apreciadores do cigarro de palha, tinha tapioca da preta que a gente não sabe por onde anda.
Mas é legal saber que a feira está resgatando o costume de ter horta no fundo de casa, tudo porque inventaram de vender mudas prontas de tudo quanto é coisa boa e saudável.
A feira é tudo de bom, diria Dona Maria, a comadre que mais limpou sardinhas e peixes nesta vida. Boa de prosa e boa de serviço, sempre acompanhada da Neide, a filha do coração.
Mas se a gente for contar tudo da feira aqui... vai faltar papel, tamanha é a variedade de assuntos e a felicidade de quem sabe fazer o domingo da gente sempre um dia especial.
Mas deixa eu ir andando, porque o doce de goiaba tá no fogo e quase no ponto. Se descuidar, o fundo pega.
A gente se vê por lá.
Ivan Evangelista Jr
Retratista, Chefe de Gabinete do Univem, Membro da Comissão de Registros
Históricos de Marília e apaixonado pela feira. Fotoclube Marília

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O caso do aeroporto de Marília e a TAM

Participei de ouvinte hoje na reunião com os representantes do DAESP, que aconteceu no gabinete do prefeito e aprendi mais algumas coisas sobre nosso aeroporto e a questão com a TAM/Pantanal.

O aeroporto é uma concessão da federação para o Estado, que por sua vez, através do DAESP faz a administração com a colaboração da gestão municipal.
As companhias que atuam nas linhas e utilizam o(s) aeroporto(s)são privadas.

Funciona assim: nosso aeroporto está regularizado para os tipos de aeronave que se utilizam atualmente das instalações, todos os itens técnicos estão adequados, inclusive o tamanho da pista.

Se a empresa privada deseja mudar o tipo de aeronave que opera na rota é uma decisão que vai obedecer uma linha de questionamentos e regulamentos a serem observados, por exemplo:

O DAESP apontou que precisamos de mais 20 metros (de largura) em toda a extensão da pista atual, seria o escape do lado direito de quem pousa a aeronave vindo do sentido cabeceira da Cascata. Caso o avião tenha uma pane, ou um vento lateral empurre a aeronave para fora da pista esta “rampa de escape” ajuda nas manobras de correção ou para evitar danos maiores.
Isso se resolve localmente, com desapropriação da área e levando a cerca mais 20 metros para lá.

Em caso de operação de aeronaves com maior capacidade de passageiros o dispositivo de segurança operacional muda. Aumenta o efetivo do quadro de bombeiros que ficarão de plantão no local e o que é o mais difícil; é preciso trocar o carro de bombeiros atual, que é de propriedade da ANAC, que emprestou ao DAESP, que por sua vez emprestou ao aeroporto local. Uma espécie de convênio que envolve as três estruturas mencionadas.
O novo carro, com mais recursos e tecnologia de ponta para casos de acidentes aéreos de grande porte, custa em torno de U$ 600 mil dólares e só é fabricado no exterior. Para adquirir um veículo deste tipo o DAESP tem que fazer a licitação internacional, de acordo com a lei 8.666, dotar esta verba no orçamento estadual e, somente depois de aprovado, tomar as providências.
Isto envolve política, negociação, que é o que está sendo feito pela somatória de forças que estiveram no gabinete do prefeito hoje e já foi apontado que o fato de Marília ter dois deputados federais conta bastante nesta movimentação de forças. É preciso união, sinergia, direcionamento de propósitos comuns.

Tem mais. O DAESP, mediante esta força política (não partidária e sim coletiva) que vai acionar e contatar pessoas e autoridades, estará ao lado do município na condução dos projetos e contatos estratégicos. Mas vale dizer que aeroporto é um negócio e, como todo negócio, requer investimentos de grande monta (equipamentos, pessoal treinado, tecnologia) e assim pensando o DAESP também vai avaliar se injetando recursos no aeroporto local a movimentação de pessoas/passageiros pode aumentar, e em que proporção este aumento referenda os investimentos aqui feitos.
As companhias são autônomas, de uma hora para outra podem decidir não fazer mais um determinado trecho (Marília-São Paulo, por exemplo) e aí, vão embora e fica a estrutura (grande) parada, aguardando que outra companhia se interesse pelo trecho. (conte neste tempo as negociações entre as empresas aéreas)
Foi o que aconteceu na cidade de Franca, os investimentos do estado foram conquistados mas a companhia deixou de operar por lá.

Para a descida de aviões de grande porte é preciso aumentar área de embarque de passageiros, é preciso aumentar a área de taxi/manobra das aeronaves, é preciso aumentar a área de estacionamento das aeronaves; das grandes e das de pequeno porte.
Pense nisso: Um Boeing acionando as turbinas com aquelas pequenas aeronaves estacionadas no gramado, como ficam hoje.
A entrada de aeronave de grande porte não significa que as de pequeno porte, que são maioria hoje em Marília, vão deixar de operar. É preciso um novo layout para atender a todos, sempre pensando na questão da segurança, do conforto e das manobras.
O que ficou decidido então? A prefeitura vai atuar no sentido de instalar a pista de escape lateral e o grupo de cidadãos, empresários e políticos vai tentar sensibilizar a ANAC para que este órgão interfira junto a TAM, no sentido de manter o aeroporto de Congonhas como desembarque dos vôos Marília – São Paulo.
Ouvi de um dos representantes do DAESP – Marília sempre foi uma excelente parceira nossa, tudo eu pedimos ou precisamos aqui em termos de melhoria ou manutenção, sempre fomos atendidos, em todas as épocas.

Ouvimos do Exmo. Prefeito municipal que não aceita a “decisão dura da TAM” de não atender ao pedido de manter os vôos de Marília com desembarque em Congonhas. “Faltou sensibilidade do atual presidente da TAM e da sua diretoria para com a comitiva de Marília que esteve em seu gabinete. A TAM nasceu em Marília, merece mais atenção e carinho e eles não podem somente focar o assunto no resultado operacional da empresa”.

Conclusão: estamos fazendo agora o que deveria ter sido feito antes, ou seja, juntar forças para defender interesses comuns.
Não vejo “culpados” neste quadro, vejo que neste momento, pela pujança da cidade, pela vinda de novas empresas de porte, pelos números gerados na economia, pelo PIB e pela necessidade de ir e vir dos executivos que se utilizam de avião para suas viagens, agora, o assunto entrou na pauta de interesse coletivo.
Mas não podemos nos esquecer que tudo passa pela análise de fluxo de caixa da empresa operadora, ou seja, número de embarques e desembarques diários e os resultados no caixa final do mês. (síntese da reunião em São Paulo)
Sei que não é interessante para as empresas divulgarem os números de passageiros que embarcam diariamente nos vôos Marília – São Paulo, mas a régua está ali. Sei também que se a passagem fosse mais em conta, mais pessoas se utilizariam desta comodidade de transporte.
O jogo de interesses pessoais, empresariais e financeiros só começou e tem que ser assim. É assim que amadurecemos e alinhamos interesses, das empresas aéreas e da cidade. Temos que ser vistos com uma promessa de bons negócios, no presente e no futuro, para que novos investidores direcionem seus radares para Marília, inclusive as companhias aéreas.

Parabéns a todos que se empenharam em mais esta rodada de negociação, parabéns aos cidadãos, às entidades e seus representantes e à prefeitura municipal que está se dispondo a fazer os ajustes necessários.

O assunto será matéria principal nos jornais de amanhã e certamente com mais informações e detalhes.


Ivan Evangelista Jr
www.afotoquefala.blogspot.com
Chefe de Gabinete da Reitoria do
Univem e gerente de marketing

terça-feira, 29 de junho de 2010

Leniza Almeida é daquelas profissionais que sempre está buscando o novo, não se admite acomodar e desta vez deu um passo muito importante em sua carreira; conquistou seu próprio espaço na TV com o Radar S/A, no Canal 9.

Dona de um otimismo contagiante e de uma capacidade profissional indiscutível, ela faz da sua “sala de entrevistas”, que pode ser de repente uma cozinha improvisada, uma varanda ou uma sacada, o estúdio onde deixa seus convidados sempre muito a vontade.

Foi assim que no dia 22/06, eu e ela, batemos um gostoso papo no Bufet Vila Romana, sobre Marília, sobre carreiras e oportunidades e sobre a importância de cuidarmos da marca VOCÊ.

Tive a honra de na mesma data compartilhar o programa com o querido amigo Bonadio, o homem que mais entende de seguros em Marília.

Parabéns Leniza, sucesso nesta nova jornada de luz e obrigado pela oportunidade.

Convido a todos para conhecer o Radar S/A você pode visitar:

Programa Radar S/A - 22/06/2010 from leniza almeida on Vimeo.

domingo, 20 de junho de 2010

Do verde e amarelo para o vermelho


Foi na quinta-feira, 17 de junho.
No caminhão de mudança as antigas placas nas cores verde e amarelo, amontoadas umas sobre as outras, aguardando destino final. No alto do mastro entrou o vermelho, com a logomarca em destaque na cor branca.
Parei por alguns instantes para observar a cena e tentar descobrir o verdadeiro sentido da composição que desfilava aos olhos de transeuntes incautos, gente, assim como eu, que talvez ainda não tenha atentado para o verdadeiro significado da dança das cores.
Na porta principal da entrada de clientes um pintor cobria célere as mesmas cores verdes dos campos e das matas e o amarelo do ouro do passado (foi assim que aprendi com minha professora primária, Da. Vitória, saudades) pelo vermelho e o branco.
O mastro lá, alto, impávido e solenemente instalado. Este território tem dono, agora é meu, parecia dizer aos que passavam incautos aos seus pés.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma parte da história que se perde


Esta questão de preservação da memória é algo realmente difícil de se encontrar um meio termo. De um lado o desejo de manter viva a história da cidade, do outro, as necessidades que vão surgindo de se adequar espaços para uma nova realidade, ou muitas vezes pelo simples modernismo.
O assunto desperto aqui surgiu hoje, pela manhã, quando fiz a foto que compartilho com os amigos. De martelada em martelada, os tijolos pesados da construção anexa ao Educandário “Bento de Abreu Sampaio Vidal” (inaugurado em 17 de agosto de 1957) vão apagando parte da fachada deste belo prédio histórico.
Por uma coincidência tive a felicidade de passar pelo mesmo local em outro dia e fazer algumas fotos do referido prédio, que agora são o registro da memória. Enquanto focava os detalhes da obra fui pensando: será que este anexo era a rouparia do Educandário? Ou seria uma espécie de escritório?
Fiz uma pesquisa rápida sobre o tema e encontrei dois textos de referência, os quais recomendo a leitura – o primeiro no blog do José Arnaldo “De Antena e Binóculo” onde os amigos Sueli e Claudio Amaral resgatam as publicações do jornalista que escreveu por mais de 40 anos no Jornal Correio de Marília.
O segundo foi publicado em junho deste ano pela nossa companheira Rosalina Tanuri, da Comissão de Registros Históricos de Marília, no Jornal Diário de Marília em sua coluna semanal.
No mais, acompanho de vista as atividades que acontecem por lá e sei que continuam fazendo um bom trabalho com crianças e jovens carentes. Sei por exemplo que o local hoje conta com uma marcenaria (talvez escola de aprendizagem do ofício), tem também uma creche para a comunidade, com entrada pela rua 21 de abril, tem uma horta e, parte da área que serve de estacionamento para veículos, das pessoas que utilizam os serviços da Santa Casa e consultórios médicos vizinhos. É o desafio de se manter a vitalidade das instituições filantrópicas e buscar recursos

http://josearnaldodeantenaebinoculo.blogspot.com/2009/08/educandario-bento-de-abreu-17-de-agosto.html

http://www.diariodemarilia.com.br/Noticias/83509/O-Educandrio-Bento-de-Abreu

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Só o ciúme não tem remédio


Não resta mais dúvidas. A vocação da tradicional avenida Sampaio Vidal, em Marília, está mudando radicalmente. No passado, ela foi o grande corredor dos bancos, por onde mais de 17 agências se aglomeravam para disputar a atenção e o dinheiro do público passante e das empresas.
Lembro que cada inauguração de agência era sempre coroada de muita festa, com bateria de fogos de artifício, e os prédios ganhavam toques de requinte e distinção, tudo em nome do senhor cliente.
Aos poucos, os bancos descobriram que abrir pequenas agências nos bairros é bom negócio também. Um estudo apurado aponta a melhor localização do novo posto de atendimento, preferencialmente localizado estrategicamente perto de outros empreendimentos ou indústrias que concentrem bom movimento de pessoas.
Esta iniciativa tem vários prós: primeiro, o fator de estar mais próximo do público, lá no bairro, de forma que os aposentados, por exemplo, não precisem se locomover por grandes distâncias para a gestão de suas economias; conta também o fator comodidade, com mais áreas para estacionamento na vizinhança. Nos bairros, os aluguéis de imóveis tendem a ser mais em conta e os custos operacionais caem.
Foi assim que o Bradesco abriu uma série de pequenas agências (ou postos de serviços): na avenida República, no supermercado Tauste – loja norte e loja sul, no supermercado Kawakami e em outros pontos da cidade.
Instalar agências anexas ao conjunto de lojas de supermercados é outra estratégia excelente, em todos os sentidos, e ainda resgata aquele jeitinho mais caseiro do atendimento personalizado, coisa que brasileiro gosta muito.
Mas foi ontem a noite que eu me dei conta de que a Sampaio Vidal está ganhando um novo perfil. Passando pela esquina com a rua Maranhão, no prédio que já abrigou a agência do grande Bamerindus (o tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continuava numa boa...), uma nova drogaria está para ser inaugurada – a Drogaria São Paulo, uma grande rede.
O investimento parece não ser pequeno. Gente trabalhando noite e dia, em ritmo acelerado, pintura nova, instalações de primeira e boa iluminação para destacar tudo que for exposto nas gôndolas e prateleiras. A cor branca dá o fundo básico para o colorido das embalagens.
O detalhe e a curiosidade do assunto estão na quantidade de estabelecimentos do mesmo gênero que disputam a artéria central da cidade. Contei 12 farmácias/drogarias instaladas em quatro quarteirões anexos, isto entre as ruas transversais Campos Sales e Cel. Galdino de Almeida.
Num raio imaginário de menos de quarenta metros, a nova drogaria tem na linha de frente mais três concorrentes.
E será que tem doente pra todo mundo? - Ah, deve ter, sim. Afinal, ninguém de bom senso sai por aí montando negócio sem avaliar e pesquisar antes.
Mas nós sabemos também que as farmácias e drogarias há muito deixaram de vender só remédios. Foi-se o tempo onde se comprava apenas o pó pa tapa taio na farmácia. A linha de produtos de beleza, os dietéticos ou emagrecedores atraem bom público, que investe muito na auto-estima e na preservação da natureza.
E vale registrar que muitos dos serviços que eram prestados nas farmácias, como medir a pressão arterial, fazer curativos e as chamadas pequenas consultas de balcão, estão restritos a hospitais e postos de saúde e, mesmo assim, o movimento nas lojas continua crescendo. Mas isso é assunto para uma próxima oportunidade.
Fica evidente que o segmento de mercado está em alta e a diversificação no mix de produtos, aliada ao bom e convincente atendimento (já notou que os balconistas se vestem de branco?) e ao design atrativo da loja, são fatores de diferenciação competitiva relevantes. O assunto é atrativo, vamos acompanhar os fatos.

Autor: Ivan Evangelista Jr, gerente de marketing
e comunicação do Univem e chefe de Gabinete da Reitoria

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eles chegam sempre assim


Ao chegar para o expediente hoje minha atenção foi despertada pela beleza dos hibiscos da entrada principal. Estas flores reagem muito bem aos raios do sol, principalmente no período da manhã quando esbanjam cores.
Por vezes, da janela da sala, observo nossos alunos parando para um clic com as máquinas fotográficas ou celulares multifuncionais e depois compartilham estas imagens com amigos ou familiares.
Mas a melhor imagem do dia é esta que lhes envio.
O ônibus encostou na portaria principal e um burburinho alegre se misturou aos sons da natureza. Era a moçada da APAE, chegando para mais um dia de aula nos laboratórios da Fundação Eurípides – Univem, no programa de inclusão digital que vem apresentando excelentes resultados.
Risos, olhares, alegria contagiante e o prazer de mais um dia de aula. Assim começou nossa quarta-feira.

Ivan Evangelista Jr

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma venda de tudo


(Publicado na Folha de São Paulo, edição 20/05/2010)

Impulsivo nas compras? Não vá ao Lá da Venda. Não vá. Tudo o que você viu naquela cidadezinha de interior está lá
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CONHECI HELOÍSA Bacellar há um bom tempo. Fui à casa dela para um concurso de receitas de fim de ano, nos divertimos à grande na sua cozinha maravilhosa, cheia de todos os badulaques próprios ao métier de cozinheira, advogada, professora de culinária, escritora de livros de cozinha e artesã.
Um azougue, a criatura.
Um dia eu soube que abrira uma venda. Os muito moços, mocíssimos, não sabem o que é uma venda.
"Vai lá na venda, menina, e compra uma lata de óleo na caderneta!"
"Mãe, ganhei uma moeda, posso ir na venda comprar bala de goma e marcar na caderneta?"
Uma empregada levava meu irmão no carrinho e eu de mãos dadas para o parque Trianon. Na volta, passava na venda do seu Manuel e pedia cachaça.
Deixava cair no chão uns pingos para o santo, perguntava se eu queria experimentar e glupt, com um movimento rápido da cabeça para trás, entornava o copinho.
Entenderam o que é uma venda?
Um espaço onde se vende de secos e molhados a brinquedinhos para crianças, bonecas de pano, agulhas, dedais, picolés e pés de moleque. De tudo um pouco, conforme a cabeça do dono, geralmente português.
Na venda do seu Salvador, tinha saco de arroz, em que a gente enfiava a mão até o fundo e sentia um friozinho, bacalhau dependurado na porta e aquelas garrafinhas de chocolate embrulhadas em papel brilhante e colorido com licor dentro.
Pois, então, a Heloísa abriu sua própria venda. Restaurante-venda.
Cheguei lá com fome, ah, não é venda, nada, é estilizada, clara, luminosa, passei reto por um balcão de doces e salgados. Vi bolos e uns sonhos gordos e recheados de creme amarelinho.
O restaurante é o pequeno quintal da casa. Nos muros, dependuradas, latas de óleo, principalmente, com plantinhas caipiras.
Nunca se pode falar da comida se se vai ao lugar uma vez só, mas isso é regra para crítico de comida, que eu não sou. E, além disso, acho que vou comer lá todo dia, porque é comida caseira e gostosa e perto da minha casa. E, principalmente, é quente.
Num dia gelado, a comida estava quente, pelando, queimando a língua. Como não me acontece há muito tempo de queimar a língua com comida quente, fiquei encantada.
Pedi uma carne ensopada, macia, com um bom caldo grosso, que veio acompanhada de arroz, uma salada vistosa e umas tiras de batata-doce.
Finíssimas, fritas. Huuum, delícia.
Almocei bem, minha amiga comeu camarão com chuchu e teríamos mais umas três opções, mais ou menos, na mesma linha.
Mas todo o juízo que você exerceu na escolha do prato voa pela janela quando você volta pelo caminho da venda. Impulsivo nas compras? Não vá ao Lá da Venda. Não vá.
Tudo o que você viu naquela cidadezinha de interior onde passava as férias está lá. Tudo.
Comprei agulhas de fundo largo, xicarazinhas de café de ágata. Bule de café branco, caipira, frigideiras de ferro, bolas de gude, cumbucas, echarpe de pescoço, pó de arroz Lady, goiabada cascão de gavetinha, balas de coco com coco fresco.
Minha amiga saiu com uma cesta de piquenique de palha com dobradiças para abrir ora de um lado, ora de outro. Panos de prato, toalhas bordadas em ponto de haste e uma chaleira de desenho bonito.
Deixei por lá vasos de vidro, lindíssimos, bons para dar de casamento a quem entende-vidro pode ser tão bonito quanto cristal- e alguns livrinhos de cordel. E essência de baunilha orgânica e cheirosa, doces de pêssego em calda.
Pedi farinha e não tinha. (Confundi tudo, achei que estava no seu Salvador.) Mas a moça que me atendia foi delicada. "Ainda não temos", disse ela, frisando o "ainda".
Como se fosse uma grande ideia a se pensar...

ninahorta@uol.com.br

(leia abaixo minha resposta enviada para Nina Horta)
Foi mágico. Voltei no tempo num estalar de dedos assim que mentalizei o "enfiar a mão no saco de arroz e sentir o friozinho".
Quem não fez isso na infância perdeu uma das boas coisas da vida.
Mas ao fechar os olhos e voltar na venda do japonês, pois aqui no interior eram eles os proprietários na maioria, eu me lembrei do litro tampado com sabugo de milho que a mãe dava na mão e pedia para buscar um litro de óleo de cozinha. Quando lembrava de pegar o embornal, era mais fácil, não tinha risco de escapar da mão o gargalo lambuzado com o excesso. Quando acontecia eu custava a chegar em casa porque entrava no chinelo na certa.
Mas lembrei também da banha, comprada de quilo e embrulhada num papel diferente do de pão, sim , porque naquele tempo o pão era embrulhado e não ensacado ou ensacolado, como hoje. O cheiro da venda se confundia entre a caixa de bacalhau, que ficava aberta na porta, tomando sol, a lata grande aberta, de sardinhas salgadas que ficava sobre o balcão bem pertinho do caixa e o de sabão de soda, com os pedaços postos sobre uma tábua de madeira num canto qualquer.
Vez em quando, com sorte, um daqueles senhores que bebiam uma branquinha temperada (cachaça com carqueja) antes da janta, servia uma fatia de mortadela, muito cheirosa, que enchia a mão e corria goela abaixo como um manjar dos deuses. Quando isto acontecia, a semana tava ganha.
Pendurados em varais improvisados, de bambu, cabos de vassoura ou mesmo de barbante, vassouras caipiras ou de piaçava, grandes bonecas de plástico, com vestidos curtos e unhas pintadas de vermelho olhavam os transeuntes, os torradores de café, as bombas Fritz (flit) de passar veneno para matar pernilongos e os pacotes de biscoitos que davam dor no pescoço de tanto que a gente cobiçava olhando para cima.
Ah sim, tinha ainda um rolo de fumo, enorme, cortado na faca fina e afiada como gilete, embrulhado depois no papel rosa e posto no bolso de traz da calça. Comprei um punhado deles para o meu tio certa vez, fui cheirando o embrulho até em casa e, quando cheguei, fui direto para o quintal soltar as tripas pela boca tamanha era a fortidão.
A tia Nica misturava o fumo urina numa lata de marmelada vazia, deixava descansar por uns dias e depois ia para o vidro. O caldo grosso era usado como remédio para corte no pé, pisada em prego, para furúnculo ou ferida braba.

Nina, coisa boa, voltei na venda com você. Mas conta um dia sobre o toco do açougue também.

Ivan Evangelista Jr
Marília - SP

sexta-feira, 2 de abril de 2010

No pé de Cedro


Quem conhece Marília vai se lembrar que na Rua Paraná, abaixo da linha, bem em frente onde hoje está construída a Caixa Federal, havia uma porteira e um pé de Seringueira grande. A entrada em questão, leito de pedras de paralelepípedo, era acesso para o antigo pátio da FEPASA, hoje acesso ao estacionamento da loja Galpão Móveis.
Pois bem, era ali que meu amigo Toninho montava sua banca de ferro velho e passava o dia proseando com as pessoas que paravam para ver as velharias. Chaleiras de ferro fundido, panelas de ferro, coador, torrador de café de bola, enxada e machado "Duas Caras", martelo "Beloti", facão "Colins", balança de vara e bola, pé-de-ferro para sapateiros, correntes e cadeados de segunda mão, canivete sem cabo, tudo, mas tudo mesmo que você possa imaginar que talvez não tenha serventia, ali, sempre encontrava endereço novo e certo.
Foi com o Toninho que aprendi a gostar de "antiguidades", aqui em casa denominadas de velharias. Comecei com uma coleção de relógios de bolso (que guardo até hoje), depois passei para as garruchas, moedas antigas, rádios antigos (tenho vários deles ainda) e apetrechos em geral.
Um daqueles dias, passando pela banca do Toninho vi que ele estava vendendo duas mudas de Cedro. Pela amizade e simpatia ele me presenteou com uma delas; muda que plantei na entrada da chácara do meu sogro no distrito de Padre Nóbrega. Diz o velho ditado que onde tem pé de Cedro, raio não chega perto, então, carecia o plantio bem na porteira.
Cresceu árvore bonita, frondosa e na primavera se enche de flores que tem o cheiro bem parecido com a florada do café, cheiro doce que toma conta da redondeza. É uma formosura só de se vê !
Foi nos galhos firmes desta árvore que seu João-de-Barro fez sua primeira casa onde tirou filhotes mais a sua companheira. Depois, um pouco acima, fez outra morada e nova ninhada. Hoje esta segunda casa está alugada para alguns pequenos periquitos que acharam a coisa no jeito e resolveram procriar também.
Mas agora seu João resolveu fazer outra casa, talvez motivado pelo programa "Minha Casa, minha vida" do governo federal. O fato é que esta nova morada me chamou a atenção. Observe a foto, veja que as duas primeiras moradas tem a porta para o lado norte.
Aprendi que o pássaro faz a casa do lado contrário da chuva para evitar problemas com inundações e também fica protegido do vento mais forte. Tem tino para isso, nosso Deus dotou estes pássaros com um sistema de GPS que é fantástico de bom.
A terceira casa está com a porta voltada para o lado sul, notaram? Achei estranho e registrei a foto para perguntar ao amigo Valtinho, o Zootecnista e astrônomo, se é porque mudou a estação do ano ou o bicho errou mesmo.
Ele escreveu estes dias em sua coluna semanal no Jornal da Manhã contando que algumas colméias estão desorientadas pelas mudanças climáticas constantes. Será que a bússola do meu amigo João sofreu alterações também ?

Se puder nos ajudar Valtinho suas explicações serão bem-vindas.

terça-feira, 30 de março de 2010

E o dia começou com um furo, no pneu. Que bom...


Manhã de terça-feira, céu caminhando do nublado para limpo, café da manhã ouvindo as notícias do rádio, uma corrida de olhos no jornal e vamos ao trabalho.
Música de boa qualidade no som do carro e aos poucos a agenda do dia vai se organizando na mente; prioridades, não tão prioridades assim, urgente, e urgentíssimo.
Um barulho do tipo tec, tec, tec, quebrava a harmonia da música. Vinha do lado de fora fora, e pela cincronia das batidas deu para perceber que se tratava de algo estranho na roda traseira. Cheguei ao estacionamento da empresa e vi que uma lata pontiaguda se fixou no pneu. Na tentativa de retirar percebi que não daria certo e todo o ar escaparia por ali. Solução imediata: correr para o borracheiro e providenciar o reparo.
Não mais que 10 quadras me separavam da borracharia, dei sorte, o amigo estava assistindo desenho animado na TV. Se tratava de um garoto, na faixa dos 16 eu creio, mas muito prestativo no atendimento.
Passados alguns momentos chegou outro veículo, este com placas da cidade de Assis. O motorista desceu e se dirigiu a mim consultando sobre os serviços de reparo.
Informei que o rapaz estava lá dentro na lida com o pneu do meu carro e ele aguardou paciente, até surgir um início tímido de conversa.
- Com estas chuvas as traias correm pela enxurrada e a gente acaba passando por cima.
Respondi que ele tinha razão, e me dei conta do por que ter furado o pneu do carro hoje. Choveu ontem, e choveu forte.
Mais dois dedos de prosa e sei lá porque passamos a falar de água tratada e preço da conta residencial. Ele comentou que na cidade de Assis a SABESP está tentando renovar o contrato com a prefeitura e enfrenta dificuldades porque não cumpriu algumas promessas na melhoria do atendimento da comunidade.
Em seguida me perguntou se o esgoto aqui era tratado. Eu disse que não, informei que estamos no caminho para que isto aconteça mas vai levar algum tempo.
- E o lixo, é tratado? Retrucou.
Respondi que não é tratado também e que utilizamos o sistema de aterro sanitário que acaba comprometendo o meio e o ambiente.
Pelas minhas respostas o interlocutor ponderou que os serviços da SABESP não estão lá tão caros assim e mostrou-se surpreso em relação a questão do lixo aqui em Marília. Ponderou que Assis não é tão grande assim e, considerando que por aqui temos mais empresas, mais empregos e mais recursos ele acreditava que tivéssemos estas duas questões ambientais mais bem resolvidas.
Foi desse ponto que a conversa partiu para as particularidades.
Descobri, por exemplo, que o amigo em questão, o Márcio Ribeiro tem uma micro empresa que vende livros infantis. Mas o melhor de tudo foi descobrir que o Márcio é também autor de um livro infantil que tem por título “O MURO”.
Com o apoio de uma rede de supermercados, de um Moinho, do Sindicato dos Empregados no Comércio de Assis, da Rádio Comunitária e da Associação Comercial e Industrial de Assis, entre outras empresas, ele editou seu terceiro livro, com tiragem de 1.500 exemplares. O primeiro foi de poesias (Vinho e Ninil), o segundo já dedicou ao público infantil (A sementinha Dorminhoca).
Ele contou também que tem o site www.ribeirolivros.com como loja virtual e que vai procurar o SEBRAE para expandir seus negócios.
O Márcio, pensa longe, deu para perceber logo no início da conversa e ainda é radialista profissional, professor e Conselheiro Tutelar, mas ta na cara que ele gosta mesmo é de ser contador de histórias.
Trocamos algumas idéias sobre como turbinar as vendas e a inserção do seu livro em mais prateleiras deste país, falamos de e-commerce (no qual já atua), falamos sobre criação de clubes de conto de histórias como incentivo aos leitores mirins e antes de nos despedirmos ele me presenteou com “O Muro”, com dedicatória especial, na qual seguiu assinada “do amigo autor” Márcio Ribeiro.
Pois então, foi assim que tudo começou, com um furo. Tinha tudo para ser um dia daqueles, complicado digamos assim, mas não, foi o dia em que eu fiz mais um novo amigo. Tudo por causa de um furo.

Ivan Evangelista Jr

*Vale registrar que a obra trata de uma maneira bem legal a questão dos relacionamentos e da tolerância com as pessoas. Olha só que dica legal para o presente de aniversário daquela criança que você tanto gosta. Eu li e gostei muito.
Ele despacha via correio!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Concerto para o verão


Com picos de 36 a 37º graus o calor foi intenso na semana passada.

A temperatura alta faz com que as furnas dos vales se transformem em fornos naturais, guardando sob a mata bolsões de calor. Quem já fez caminhadas fotográficas na mata sabe bem do que estou falando, há certos pontos em que o calor e a umidade são intensos.

Em razão deste fenômeno natural, na tarde de ontem os marilienses puderam assistir a mais um espetáculo de grandeza infinita. Por volta das 18 horas um ventinho mais frio começou a soprar e este choque de temperatura provocou a condensação e a formação de névoa no fundo dos vales.

Por alguns instantes foi possível apreciar o movimento destas massas brancas, algo quase que indescritível tamanha a beleza. Formada a névoa, o ar quente abaixo da massa a empurra para cima e ela alcança os limites das encostas com a tendência natural de subir para a atmosfera e ir se dissipando mansamente. Ao chegar na área acima das encostas encontra a massa fria novamente e a corrente de vento, que a empurra para baixo e provoca nova condensação, desta vez mais intensa, mais branca.

Tudo não passou de uns 10 a 15 minutos. Neste movimento de camadas, se tivéssemos uma filmadora em ponto estratégico, seria possível fazer um dos melhores filmes de apresentação das belezas naturais da cidade, tendo como fundo musical Mozart, Piano Concerto Nº 21 Andante.

Quem não viu, perdeu. Mas a natureza se encarregará de promover novos espetáculos.

sábado, 6 de março de 2010

Uma estrela a mais no céu de Marília


Nossa colega Rosa Toledo lança seu esperado livro hoje.

O livro "Nas minhas andanças eu vi" reúne fotos e poesias, resultado de suas viagens pelo Brasil e pelo mundo, um resumo da sua história de vida até aqui.
Interessante é que outro dia participei de palestra onde se discutiu entre outros assuntos a questão da longevidade. Talvez alguns dos amigos da lista tenham visto a capa da revista Super Interessante, que espelhou um garoto e a manchete: Prepare-se para viver até os 120 anos.
O texto dizia que as medicina está muito avançada e que os novos medicamentos vão prolongar o período de vida de todos nós. Na palestra brincamos que vai ficar difícil a situação porque algumas pessoas chegam aos sessenta e pouco e já não sabem mais o que fazer.
Da. Rosa é o exemplo mais prático de que tudo na vida é uma questão de ponto de vista e de projetos. É certo que ao lançar seu livro hoje, às 20 horas, na semana em que se iniciam as comemorações do "Dia da Mulher", Rosa Toledo (93 anos) terá muito que falar, e mais o que contar daqui para frente.
Vai ficar “mais estrela” do que já é, com seu sorriso fácil e cabelos grisalhos terá que participar de entrevistas e intensa programação social. Que bom !
Li trechos de algumas entrevistas que ela deu aos jornais e lá podemos conferir a sua postura diante da vida. Dizia ela: “Gostava de retratar as estrelas e a noite. Mas o tempo foi passando e eu já não consigo ver as estrelas, a vista ficou fraca. Agora eu vejo e fotografo a lua que é grande. – Mas e as estrelas ? – Estas eu não vejo mais, mas não fico triste porque tenho o brilho de cada uma delas guardado em minhas lembranças e nas fotos, é o que importa”.
Parabéns Rosa Toledo, de todos os seus amigos do Fotoclube. Você é a nossa estrela.
Fotoclube Maraília - "Sebastião Carvalho Leme"

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um brilho sobre o batom


Todo passeio fotográfico tem inúmeras vantagens, dentre elas, a alegria de rever e conviver com amigos que gostamos e hoje, em especial, o prazer de conhecer o Alfio.

Como não poderia deixar de ser, ele é bom italiano, falador e cheio de assuntos que dariam para compor um belo livro, de imagens e de histórias que ele colecionou viajando o mundo.

Diferente de mim, Alfio tem técnica apurada, se preocupa nos detalhes e seu prazer está em retratar pessoas buscando expressões fortes. Brinco que ele deve ter lido e se inspirado nos profissionais da National Geografic, seus trabalhos estão muito próximos e ricos em detalhes. Vale você conferir os links que ele passou no e-mail anterior.

E foi por isso mesmo que saímos pelas ruas da cidade em busca de rostos. Só para relembrar, o convite e a sugestão partiu da Wilza Matos, nossa companheira de jornada, porta-voz da Dra. Adriana (OAB Marília) que pediu um ensaio e futura mostra sobre as mulheres para o mês de março.



Partimos do saguão da prefeitura rumo ao Mercadão, seguindo pela av. Sampaio Vidal onde já tivemos os primeiros clics, ainda tímidos. Quando se trata de fotografar pessoas não é algo tão fácil assim; primeiro porque o ideal é que elas não percebam a lente capturando o instante e, quase sempre dá-se o contrário, aí é hora de usar da criatividade e da simpatia.



No Mercadão o colorido das flores, e o tacho de pastéis fritando, foram panos de fundo para sorrisos e silhuetas que se portaram não tão a vontade assim. Interessante é que algumas pessoas sentem-se muito bem quando são miradas, fazem poses, bocas e sorrisos e o bom é que encontramos gente assim por lá também.



Próximo destino, a feira-livre na Sampaio Vidal. Só a chegada dos lambe-lambes já causou um certo clima, afinal, câmeras, objetivas e para-sol formam um conjunto que não tem como esconder ou disfarçar.

E lá fomos nós descobrir novos olhares e expressões das mulheres em meio as barracas, frutas e verduras. Mundo rico, daria para ficar ali umas tantas horas.



Andiamo via e novo destino – a maternidade Gota de Leite, onde fomos recebidos de forma muito simpática pela enfermeira chefe Carol. Explicamos a natureza do trabalho e ela se prontificou em nos acompanhar pelos corredores e quartos.

Com muito cuidado fomos registrando as novas mamães amamentando seus bebes e também as gestantes que estavam em trabalho de parto. Ao que indica, as melhores fotos para a exposição vão sair desta sessão.



Alfio, Wilza, foi um prazer compartilhar a manhã com vocês dois. Aos amigos do Fotoclube continua valendo o convite para reunirem suas imagens sobre mulheres e participar da futura exposição na OAB.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Batuque na cozinha, sinhá num qué...


Não Consegui ficar no meu canto e deixar as coisas como estão. Cada vez que passo em frente ao grande cartaz fico indignado, inconformado, sinto os pelos do braço eriçarem de raive (ou réiva como diz o caboclo).Temos mais de 220.000 habitantes, temos aeroporto, temos orçamento maior que outras cidades, comércio e indústria pujantes, agenda de eventos e turismo de negócios muito ativa, mas a Gol parou em Bauru (e vem botar um cartaz no meu quintal).
Pura provocação, só pode ser.
Não sei quem é que mexe os pausinhos “lá em cima” para que tenhamos que passar por este dissabor comercial. Definitivamente, Marília incomoda há muitos, só pode ser isso.
Deixo aqui os meus protestos, quero passagem igual a de Bauru, em Marília, quero que nossos vereadores opinem sobre o assunto, quero comitiva no gabinete da Diretoria da Gol, quero saber porque lá e, não aqui.
Há tempos, quando nos sentimos esquecidos pelo governo, juntamos grupo de empresários que na época se reuniam sob a bandeira do GEAD – Grupo de Apoio ao Desenvolvimento de Marília e fomos ao Gabinete do Governador do Estado pedir a duplicação da Marília – Bauru. A pedido dos colegas, elaborei o selo da campanha da duplicação e distribuímos por toda Marília.
Depois, combinamos e fechamos a estrada Marília-Bauru por 40 minutos, com caminhões que portavam faixas fazendo o pedido ao governador da época, com cobertura da grande imprensa e, claro, com um grande congestionamento que incomodou há muitos. Tudo na ordem e pela ordem, deu resultado.
Os selos eram exibidos nos pára-choques e nos vidros traseiros dos veículos que circulavam pelo Brasil todo. Demorou, mas a duplicação da rodovia está quase no fim e, segundo o vice-governador, acaba em abril.
Vamos nos mexer gente de Marília, se ficamos quietos, outros vão passando e recuperar o tempo perdido custa.
A Fotoquefala põe a boca no trombone e canta Martinho da Vila para protestar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Cascata pode ser uma boa opção para o turismo


Tempo de férias e a busca por alternativas para preencher o precioso tempo disponível é grande. Caminhadas na Esmeralda, academias, barzinhos e restaurantes. Alguns viajam. Mas seria bom se tivéssemos mais opções de lazer em meio a natureza.
Foi numa roda de amigos, durante conversa animada de festejos de final de ano, que alguém me perguntou sobre as possibilidades do turismo na fazenda Cascata, uma das fontes de abastecimento de água da cidade. Disse que não conheço bem a relação contratual entre o município e a propriedade privada. Ao que consta, há um contrato de comodato para o abastecimento de água potável entre os proprietários e o município.
Por isso mesmo, toda e qualquer iniciativa deve, antes de tudo, passar pelo crivo jurídico para depois serem feitos estudos de viabilidade, não esquecendo a regra número um da sustentabilidade do meio, em todos os níveis.
Preservar as nascentes é o primeiro passo. A principal fica no lado oposto da cabeceira. Já houve uma ação de plantio de árvores na área. Não adiantou muito; num destes grandes incêndios que ocorrem inevitavelmente todos os anos, talvez causados por “pe(s)cadores”, as mudas não resistiram
Na época da seca, é possível ver que apenas dois fluxos de água, minguados, mas contínuos, ainda dão um fôlego de vida para que o terreno não fique totalmente árido. É neste período que podemos observar de onde vêm os pequenos veios de água.
Outro dia, conversando com uma pessoa que trabalha no local, aprendi muito sobre o sistema de abastecimento da Cascata e também sobre a rede de esgoto que passa pela mesma área. Foi ela também quem me deu as dicas sobre as nascentes menores, mas não menos importantes para o manancial.
Chegamos a um acordo de que falta uma política de manutenção preventiva e a constante preocupação com a preservação das nascentes. Desculpem-me se sou repetitivo.
Em minha opinião, é preciso (urgente) uma nova ação de retirada da lama e da areia que invadiram o leito principal da represa, com utilização de dragas e equipamento próprios. Após isso, fazer o assentamento de pedras nas laterais para evitar que a terra volte a escorrer. A prefeitura pode apresentar projeto desta natureza para buscar recursos em órgãos de financiamento e fomento à preservação do meio ambiente
Poderia até se pensar em deixar as bordas, em toda sua extensão, coisa de 1,5 metro mais alta, instalando canais para o correto escoamento de água de chuva, minimizando o impacto da correnteza natural. Isto se resolve com tecnologia própria que já se aplica nas encostas das estradas.
O passo seguinte seria o repovoamento da represa, com espécies de peixe de pequeno porte e o plantio de árvores em toda a área em torno do lago; árvores frutíferas e ornamentais. Isso contribuiria para a alimentação da fauna que habita a região e a formação de raízes para sustentação do solo.
Na parte oeste da represa, ainda poderíamos pensar em instalar um posto avançado da polícia ambiental, construído com madeira tratada e.legalmente extraída e com instalações sanitárias que atendam às normas de preservação do meio ambiente.
Tudo isso já seria um passo para tornar o turismo viável naquele local, sem corrermos o risco de maior degradação da área. As pessoas poderiam continuar visitando a represa e fazer caminhadas com maior segurança, poderiam pescar, praticar canoagem, promover a observação e fotografia das espécies nativas e ainda atividades esportivas devidamente orientadas Turismo e educação ambiental são bons aliados no desenvolvimento das comunidades.
Para o público de final de semana, os sanitários podem ser do modelo químico que já utilizamos nas feiras e eventos.
Tudo é possível sim. O evento “Domingo no Bosque” é um exemplo de que dá para se promover o turismo cultural aliado ao turismo de lazer com a participação das famílias. Com a efetiva parceria do poder público municipal com o estadual, mais a participação de ONGs e associações, temos uma força produtiva e pensante que pode gerar excelentes sugestões e alternativas.
Faltam opções para a nossa comunidade, mas não faltam recursos naturais que podem ser melhor aproveitados. Na região de Marília, temos os Itambés, temos ventos favoráveis e encostas para a prática de esportes radicais, e temos a Cascata, entre outras tantas opções.
Está aí uma proposta de discussão para o novo ano que se inicia.