quinta-feira, 1 de julho de 2010

O caso do aeroporto de Marília e a TAM

Participei de ouvinte hoje na reunião com os representantes do DAESP, que aconteceu no gabinete do prefeito e aprendi mais algumas coisas sobre nosso aeroporto e a questão com a TAM/Pantanal.

O aeroporto é uma concessão da federação para o Estado, que por sua vez, através do DAESP faz a administração com a colaboração da gestão municipal.
As companhias que atuam nas linhas e utilizam o(s) aeroporto(s)são privadas.

Funciona assim: nosso aeroporto está regularizado para os tipos de aeronave que se utilizam atualmente das instalações, todos os itens técnicos estão adequados, inclusive o tamanho da pista.

Se a empresa privada deseja mudar o tipo de aeronave que opera na rota é uma decisão que vai obedecer uma linha de questionamentos e regulamentos a serem observados, por exemplo:

O DAESP apontou que precisamos de mais 20 metros (de largura) em toda a extensão da pista atual, seria o escape do lado direito de quem pousa a aeronave vindo do sentido cabeceira da Cascata. Caso o avião tenha uma pane, ou um vento lateral empurre a aeronave para fora da pista esta “rampa de escape” ajuda nas manobras de correção ou para evitar danos maiores.
Isso se resolve localmente, com desapropriação da área e levando a cerca mais 20 metros para lá.

Em caso de operação de aeronaves com maior capacidade de passageiros o dispositivo de segurança operacional muda. Aumenta o efetivo do quadro de bombeiros que ficarão de plantão no local e o que é o mais difícil; é preciso trocar o carro de bombeiros atual, que é de propriedade da ANAC, que emprestou ao DAESP, que por sua vez emprestou ao aeroporto local. Uma espécie de convênio que envolve as três estruturas mencionadas.
O novo carro, com mais recursos e tecnologia de ponta para casos de acidentes aéreos de grande porte, custa em torno de U$ 600 mil dólares e só é fabricado no exterior. Para adquirir um veículo deste tipo o DAESP tem que fazer a licitação internacional, de acordo com a lei 8.666, dotar esta verba no orçamento estadual e, somente depois de aprovado, tomar as providências.
Isto envolve política, negociação, que é o que está sendo feito pela somatória de forças que estiveram no gabinete do prefeito hoje e já foi apontado que o fato de Marília ter dois deputados federais conta bastante nesta movimentação de forças. É preciso união, sinergia, direcionamento de propósitos comuns.

Tem mais. O DAESP, mediante esta força política (não partidária e sim coletiva) que vai acionar e contatar pessoas e autoridades, estará ao lado do município na condução dos projetos e contatos estratégicos. Mas vale dizer que aeroporto é um negócio e, como todo negócio, requer investimentos de grande monta (equipamentos, pessoal treinado, tecnologia) e assim pensando o DAESP também vai avaliar se injetando recursos no aeroporto local a movimentação de pessoas/passageiros pode aumentar, e em que proporção este aumento referenda os investimentos aqui feitos.
As companhias são autônomas, de uma hora para outra podem decidir não fazer mais um determinado trecho (Marília-São Paulo, por exemplo) e aí, vão embora e fica a estrutura (grande) parada, aguardando que outra companhia se interesse pelo trecho. (conte neste tempo as negociações entre as empresas aéreas)
Foi o que aconteceu na cidade de Franca, os investimentos do estado foram conquistados mas a companhia deixou de operar por lá.

Para a descida de aviões de grande porte é preciso aumentar área de embarque de passageiros, é preciso aumentar a área de taxi/manobra das aeronaves, é preciso aumentar a área de estacionamento das aeronaves; das grandes e das de pequeno porte.
Pense nisso: Um Boeing acionando as turbinas com aquelas pequenas aeronaves estacionadas no gramado, como ficam hoje.
A entrada de aeronave de grande porte não significa que as de pequeno porte, que são maioria hoje em Marília, vão deixar de operar. É preciso um novo layout para atender a todos, sempre pensando na questão da segurança, do conforto e das manobras.
O que ficou decidido então? A prefeitura vai atuar no sentido de instalar a pista de escape lateral e o grupo de cidadãos, empresários e políticos vai tentar sensibilizar a ANAC para que este órgão interfira junto a TAM, no sentido de manter o aeroporto de Congonhas como desembarque dos vôos Marília – São Paulo.
Ouvi de um dos representantes do DAESP – Marília sempre foi uma excelente parceira nossa, tudo eu pedimos ou precisamos aqui em termos de melhoria ou manutenção, sempre fomos atendidos, em todas as épocas.

Ouvimos do Exmo. Prefeito municipal que não aceita a “decisão dura da TAM” de não atender ao pedido de manter os vôos de Marília com desembarque em Congonhas. “Faltou sensibilidade do atual presidente da TAM e da sua diretoria para com a comitiva de Marília que esteve em seu gabinete. A TAM nasceu em Marília, merece mais atenção e carinho e eles não podem somente focar o assunto no resultado operacional da empresa”.

Conclusão: estamos fazendo agora o que deveria ter sido feito antes, ou seja, juntar forças para defender interesses comuns.
Não vejo “culpados” neste quadro, vejo que neste momento, pela pujança da cidade, pela vinda de novas empresas de porte, pelos números gerados na economia, pelo PIB e pela necessidade de ir e vir dos executivos que se utilizam de avião para suas viagens, agora, o assunto entrou na pauta de interesse coletivo.
Mas não podemos nos esquecer que tudo passa pela análise de fluxo de caixa da empresa operadora, ou seja, número de embarques e desembarques diários e os resultados no caixa final do mês. (síntese da reunião em São Paulo)
Sei que não é interessante para as empresas divulgarem os números de passageiros que embarcam diariamente nos vôos Marília – São Paulo, mas a régua está ali. Sei também que se a passagem fosse mais em conta, mais pessoas se utilizariam desta comodidade de transporte.
O jogo de interesses pessoais, empresariais e financeiros só começou e tem que ser assim. É assim que amadurecemos e alinhamos interesses, das empresas aéreas e da cidade. Temos que ser vistos com uma promessa de bons negócios, no presente e no futuro, para que novos investidores direcionem seus radares para Marília, inclusive as companhias aéreas.

Parabéns a todos que se empenharam em mais esta rodada de negociação, parabéns aos cidadãos, às entidades e seus representantes e à prefeitura municipal que está se dispondo a fazer os ajustes necessários.

O assunto será matéria principal nos jornais de amanhã e certamente com mais informações e detalhes.


Ivan Evangelista Jr
www.afotoquefala.blogspot.com
Chefe de Gabinete da Reitoria do
Univem e gerente de marketing