segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Fogo na área urbana é problema na certa


Hoje, hora do almoço, saio do trabalho com destino para casa. Ao descer os primeiros quarteirões da rua Amazonas, sentido centro-bairro, noto uma coluna de fumaça subindo no horizonte.

Com a experiência aprendi que fumaça nos tons marron claro ou cinza, puxando para o mais escuro, é capim seco queimando. De vez em quando tem fumaça negra no meio, o que pode sugerir outro tipo de incêndio (fios elétricos, por exemplo) mas quase sempre é um pneu jogado no mato que acaba mesclando os tons e engana.
O tempo do almoço é curto, mas não perco a chance de uma boa foto por nada. Aprendi desde cedo que onde tem fumaça, tem fogo. Passo a Santa Casa de Misericórdia e entro na av. Cascata, sentido represa da Cascata. Notei que a coluna estava mais a esquerda dos meus pontos de referência. Sigo em frente pela rua Cincinatina.
Ao mesmo tempo notei que o avião comercial fazia uma curva nos céus, onde geralmente não o faz. Por morar próximo ao aeroporto, conheço os trajetos aéroes e a tomadas de cabeceira de pista para pousos.
No final da Cincinatina dá para se observar as aeronaves decolando ou pousando, aliás, um dos locais privilegiados para boas fotos do tema. Daquele ponto vejo que o fogo estava no vale, subindo em direção a mata de eucaliptos e do pasto, que há tempos faz limite com um dos mais belos bairros da cidade.
Estaciono o veículo, avalio a situação, divago um pouco sobre o contexto geral e o som do motor do avião me desperta os sentidos. Passo a mão na bolsa de fotos que fica sempre na parte traseira do banco do passageiro e adrenalina sobe, acompanhando o barulho do avião que se aproxima do ponto de descida na pista. Não vai dar tempo, não vai dar tempo...Saque rápido e três disparos no rumo do barulho e da fumaça.
Descobri que o piloto fez a manobra mencionada, mais alto e fora do ponto costumeiro, justamente para esperar o momento certo de uma mudança no vento para liberar o visual da pista.
No sábado foi dia de limpeza na represa Cascata e foi lá também que registrei algumas cenas de queimada de áreas de preservação permanente e de um grande pé de Jambolão. Fogo não nasce do nada, ainda é preciso maior conscientização de todos.





sábado, 24 de setembro de 2011

Marília faz mutirão de limpeza na Cascata


Hoje (24) acontecerá em Marília o Internacional Costal Clean Up (ICC), maior evento internacional envolvendo voluntários para a limpeza e conservação de rios e praias. Contando com aproximadamente 200 pessoas, o mutirão de limpeza será realizado na Represa da Cascata e percorrerá uma extensão de 900 metros, tendo a barragem da Cascata como ponto de referência para encontro e gerenciamento de todo o evento.


A retirada do lixo será feita por quatro grupos de voluntários, maiores de 18 anos, monitorados por seus respectivos coordenadores. A organização do evento está a cargo da Ocean Conservancy e RKBC Turismo em parceria com entidades locais e patrocinada pela da Spaipa Coca-Cola.

Todo o lixo retirado será catalogado, pesado, fotografado e mandado para o aterro sanitário municipal. Os dados coletados pelos coordenadores serão mandados para o Centro de Conservação dos Oceanos (Ocean Conservancy) para análise estatística que será encaminhada para a ONU, responsável pela Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC). São os resultados mundiais dessas análises que permitem à IOC convencer os países a se tornarem signatários do “Marpol Treaty”, um tratado internacional de controle de poluição marinha. A limpeza será feita das 8h às 12h.
Fonte: Jornal da Manhã.

A fotoquefala esteve lá e registrou a equipe de voluntários que se empenhou em mais esta ação de sustentabilidade.





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

As mudanças na paisagem




No centro da cidade avança a “modernidade” e dispersa a memória


O domingo passado foi bem agitado lá pelos lados do “centro velho” da cidade. Acho interessante esta expressão porque ela formaliza a consciência de que o passado ficou velho, esquecido no tempo e nas lembranças.
É assim que as emissoras de televisão se referem à região da ‘cracolândia’, em São Paulo, ou mesmo quando falam da ilustre Estação da Luz. No caso da estação a criatividade e o financiamento público conseguiram superar a dificuldade com a instalação do Museu da Língua Portuguesa.
Missão difícil esta de manter viva a memória de um povo através da preservação dos prédios históricos e monumentos. Muitas vezes, a vontade de alguns esbarra no desinteresse da maioria e acaba ficando só na vontade.
Quando o assunto é com as cidades históricas, a busca por verbas de patrocínio cultural se torna mais acessível e as chances de preservação de uma parte da história aumentam, jogando a favor da cultura e da memória.
Aliás, eu pergunto: e qual cidade não é histórica?
Prédio velho é um enigma. Se deixamos como está, não aluga porque tem problema de vazamentos de toda ordem, tem problemas com banheiros, com escadas, com as portas e cubículos, que não atendem às novas normas de segurança e prevenção de incêndio, com assoalhos de madeira, com a fiação elétrica e com o quadro de distribuição da rede de energia, entre outros. A estrutura vai se deteriorando mais a cada dia e se torna um perigo iminente, em pleno centro comercial, porque as infiltrações das águas de chuva, nas velhas calhas esburacadas pela ferrugem, fazem um trabalho silencioso.
Mesmo um bom projeto de revitalização do espaço vai exigir grandes investimentos para adequar-se às novas exigências legais de segurança e ocupação. A conta não fecha porque na hora de se celebrar um novo contrato de locação o inquilino vai se basear nos valores de aluguéis que vigoram na região, deixando de lado a questão histórica cultural. Seria preciso uma linha de crédito especial, via governo federal ou estadual, para incentivar a vontade pública da preservação, com a necessária modernização.
Enquanto este impasse não tiver uma boa proposta, a tendência é a substituição gradativa dos velhos prédios por novos empreendimentos comerciais.
É assim que Marília despertou na segunda-feira, 12/09, com mais duas páginas viradas na sua história. O prédio residencial, localizado na esquina das ruas 4 de Abril com a Prudente de Moraes, onde já funcionou também o Hotel Federal, fecha suas portas definitivamente. Acabou também a Peixaria Sakai, na rua 15 de Novembro, bem ao lado do Mercadão Municipal, e mais seis pequenas casas que ficavam nos fundos foram demolidas.
O interessante é que as paredes do sobradão da 4 de Abril, altas e largas, não têm vigas ou amarração, é tijolo sobre tijolo e argamassa. Chamam a atenção os recortes e rococós que fazem o acabamento dos beirais e sacadas, obras de arte que integram o design visual do conjunto e que na época já davam o toque do tridimensional; basta olhar para os barrigudinhos que adornam a parte inferior das janelas e se percebe esta proposta claramente.
Hoje, são áreas comercialmente nobres, porém, os prédios nobres do passado já não encontram mais seu espaço.

Ivan Evangelista Jr,
Da Comissão de Registros de Marília
Publicado no Jornal Diário de Marília, coluna Raízes, em 18/09/11



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Os consertadores de panelas


Fotos:
1) Sr. Oscar Alves de Souza, há 30 anos consertando panelas na feira-livre
2) Juventino Pandolpho, 84 anos, desde 1966, fazendo e vendendo vassouras caipiras na feira, arte que já passou para os filhos

É na feira livre que tudo acontece, do ruído ao aroma das ervas


Em tempos em que as empresas clamam urgente por profissionais cada vez mais especializados, é possível notar que algumas profissões atravessam os anos e se perpetuam com a colaboração popular. Passeando pela feira-livre de domingo, encontramos alguns exemplos, como o vendedor de temperos, que geralmente faz uma juntada de vários condimentos, tendo como ingrediente principal a pimenta do reino, todos moídos na hora, naqueles moinhos de manivela ajustados em uma mesa improvisada para atender a freguesia exigente. O aroma peculiar se espalha pela redondeza e vai se misturando com outros cheiros, despertando sentidos e provocando diferentes sensações.
Tem também o vendedor de vassouras. Elas são amontoadas em pé, bem na passagem dos transeuntes para chamar mais a atenção dos potenciais compradores. Os fios são amarrados com cordões nas cores vermelho e verde, contrastando com o fundo amarelo e dando aquele toque especial no acabamento.
E se tem um lugar em que a alegria popular corre solta é na feira. Não raro, um espírito de porco mais saidinho, ao ver a dona de casa comprando a vassoura já grita do outro lado da rua: quer que embrulhe ou vai voando mesmo? Seria mais do que motivo para uma boa briga, mas na feira não. As pessoas sabem que não há maldade. O que prevalece é o bom humor brasileiro.
Mas há ainda outra banca tradicional, que sempre tem freguesia esperando a sua vez de ser atendida - o consertador de panelas. Tem muita gente que ainda leva panela para trocar o cabo que quebrou, ou para arrumar o fundo que ficou repuxado pelos anos de uso e fogo intenso. A velha panela de pressão, que no popular diz-se que “perdeu a pressão”, depois de cortada ao meio, pode se transformar numa nova panela, boa de temperar feijão e para fazer caldos que requerem tempo de cozimento mais longo.
A justificativa para esta demanda de serviço é a qualidade dos alumínios mais antigos, geralmente mais grossos e resistentes, mercadoria de primeira. Acho que também o costume de consertar panelas vem dos tempos do pós-guerra, tempos em que o metal já foi bem mais caro e o inox ainda não era utilizado em utensílios de cozinha.
A oficina ambulante é um misto de improviso e de tecnologia. Um pé de ferro, que já foi de sapateiro, uma peça circular na forma de uma grande coroa, que já foi de automóvel, soldados a uma grande barra de cano, formam a bancada de trabalho. Para completar, uma escova de aço, o puxador de arrebites, um pedaço de toco para bater nos fundos das panelas e ajustar as beiradas, e mais alguns martelos, de todos os tamanhos e formatos.
Espalhados pela banca, estão os cabos, curtos e compridos, retos ou curvos, as tampas de vários tamanhos, as borrachas para panelas de pressão, os botões coloridos dos acendedores dos fogões, as tampinhas de alumínio dos queimadores, os registros para regular o gás e mais um montão de acessórios.
O som típico do martelo batendo no alumínio vai longe. Enquanto esperam, homens e mulheres comentam o quanto são bons os produtos de antigamente. E, já que o assunto está na cozinha, aproveitam o tempo para trocar receitas e dicas de culinária.
Já te passaram aquela do feijão cozido com carne moída e cobertura de torresminho e cheiro verde? Ainda não? Ah... então não perde tempo não, passa a mão numa leiteira sem cabo e aproveita que hoje é o domingo.

Ivan Evangelista Jr
Membro da Comissão de Registros Históricos de Marília

*Publicado no Jornal Diário de Marília, caderno REVISTA, em 11/09/11



Ruas sem saída


Quando nos encontramos em uma situação problema, de difícil solução, é comum as pessoas dizerem que estamos num beco sem saída. No popular, esta expressão sempre foi muita utilizada, mas pouca gente sabe que em Marília nós temos várias ruas sem saída.
Talvez o leitor possa se perguntar por que alguém deixou acontecer, no passado, a criação de uma rua que não tivesse passagem livre para veículos e pessoas, e também encurralando as residências instaladas nestes endereços. Por outro lado, as crianças sempre gostaram porque ficam livres para brincar de bola, de pique-salva, podem jogar amarelinha e outras atividades lúdicas que sempre aconteceram na rua.
A resposta passa também pela condição geográfica da cidade que em muitos casos não favorece a distribuição simétrica das ruas, pois estamos em cima de um grande espigão e isto delimita a expansão dos bairros. Mas há também de se considerar o fato de que muitos loteamentos urbanos surgiram a partir da instalação de grandes indústrias que acabaram atraindo a construção de casas ao seu redor e limitando as vias. Foi assim com a Vila São Miguel e com o bairro Fragata, por exemplo, onde respectivamente as indústrias Zillo e a Anderson Cleyton, movimentaram a economia e incentivaram a instalação de um grande comércio de periferia para dar suporte aos novos núcleos habitacionais que surgiam freneticamente.
Vamos mencionar algumas ruas que são mais conhecidas, mas é certo que existem muitas outras: Rua Coelho Neto, no bairro São Miguel, onde hoje se encontra a indústria Marcom, rua Chisato Hatada, no bairro Fragata, rua Antonio Rossini, próxima ao bosque municipal, rua Farah Salomão Farah
E você caro leitor, conhece outras ruas sem saída em Marília? Envie seus comentários e sugestões.

Comissão de Registros Históricos de Marília
Rua Bandeirantes, 25, prédio da Câmara Municipal
Horário: das 8h00 às 12h00, de segunda à sexta-feira, das 13h30 às 18h00
Fone: (14) 21052000
e-mail: registroshistoricosmii@gmail.com

*Publicado no Jornal Diário de Marília - caderno REVISTA, em 04/09/11