quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Na apicultura, um mundo de conhecimento e prazer


Manejo correto garante a  segurança


Troca de caixa e desmembramento de colmeia
 Iniciar as atividades na apicultura foi uma das decisões mais felizes que tomei no ano de 2011. A contaminação viral começou na cadeira do barbeiro Lau. Lá, entre uma tesourada e outra – e fazendo o pé do cabelo – o assunto brotava de forma natural e sempre muito cativante.
Através do Lau, vim a conhecer o Dirceu, outro apicultor mariliense, com vasta experiência em abelhas com e sem ferrão. Dirceu nos recebeu em sua residência e nos mostrou as mais de 30 colmeias que mantêm em seu quintal, sendo que para cada delas há uma história interessante, da origem e desenvolvimento das colônias.
A organização interna das colmeias, as rotinas de trabalho, as floradas, os períodos de seca e sua implicação na produção do mel, o desmembramento de colmeias, a captação de enxames de forma natural, a diversidade dos pastos apícolas, o problema do uso de agrotóxicos sem controle, ou proibidos de comercialização, as diversas espécies que podem ser mantidas na área urbana, os grupos sociais que se formam em torno do tema, entre outros, são assuntos que apaixonam e nos remetem ao mundo da sustentabilidade, de forma natural e comprometida.
Nesta semana, em companhia dos dois ilustres personagens acima mencionados, tive o indescritível prazer de abrir as primeiras colmeias que instalei em terreno próximo de mata ciliar, para produção e coleta do saboroso mel silvestre. Manhã nublada, temperatura mais amena e própria para a vestimenta dos macacões que nos protegem das ferroadas, lá fomos nós com todos os apetrechos.
A abertura da colmeia impressiona. Em média, são noventa mil abelhas que habitam a caixa e, para evitar o alvoroço ou a agressividade, utilizamos o fumegador, equipamento que produz fumaça com uso de gravetos e pó de serra. Assim que os jatos de fumaça são direcionados para a entrada da caixa (alvado), as abelhas enchem o abdomen com mel, pois entendem que a fumaça é sinal de perigo para a colmeia.
Com o abdômen cheio, processo instintivo de armazenamento que visa a preservação da espécie em caso de emergência, as ferroadas se tornam mais difíceis, pois necessitam dobrar o corpo para introduzir o ferrão. Assim, a manipulação dos caixilhos de mel pode ser feita com maior segurança e a retirada dos favos ocorre de forma segura e controlada.
Uma imagem que sempre me impressiona é quando retiramos os caixilhos e os colocamos contra o sol para verificar a quantidade de mel armazenada. É uma imagem dourada e simétrica, embalada pelo zumbido coletivo das operárias que chegam do campo, carregadas de pólen ou néctar e não entendem bem o que está acontecendo.
Depois do trabalho executado, a colmeia é fechada e tudo começa a voltar ao normal, iniciando com o retorno ao seu interior das abelhas que se espalharam nas laterais e formaram algumas pelotas para manter o aquecimento.
As ações são coordenadas e o aprendizado é sempre grande quando se pode contar com a experiência de amigos e a constante assistência e orientação da Associação dos Apicultores de Marília, que promove cursos de atualização e encontros de apicultores para troca de experiências.

Ivan Evangelista Jr
Membro da Associação de Apicultores de Marília e Região

Um comentário:

  1. Ivan, que belo artigo. Obrigada, novamente, por ter me apresentado aos dois. Adorei fazer a reportagem com eles. Parabéns pelo blog. Abraços

    ResponderExcluir