domingo, 12 de fevereiro de 2012

A busca pelo “Marco Zero” de Marília (parte II)

Pouca gente conhece a Praça Alto Cafezal

Referências apontam para a praça da igreja Santo Antônio

Conforme prometido na edição de domingo passado (5/2), hoje vamos desvendar, finalmente, a localização do Marco Zero da cidade de Marília. Feita a pesquisa de campo, recebidas as contribuições dos amigos e leitores, algumas tentativas bem sucedidas no Google, outras nem tanto, entramos no acervo da biblioteca da Comissão de Registros Históricos de Marília e da Câmara Municipal, para levantar novas informações.
No livro de autoria do saudoso Paulo Corrêa de Lara, “Marília, Sua Terra, Sua Gente”, encontramos a seguinte referência geodésica sobre a localização do município: 49º 56' e 46" de longitude e 22º 13' e 10" de latitude sul. Os apontamentos do autor são fruto de pesquisa em livros e fontes históricas. Como hoje temos a facilidade da Internet e seus recursos tecnológicos, podemos fazer uma interessante experiência, que pode até ser reproduzida nas salas de aulas das nossas escolas.
Abra o Google Earth e localize Marília na tela. Após isto, movimente o cursor sobre a área da cidade e vá observando as anotações que ficam na parte de baixo da foto aérea mostrada, canto esquerdo, até chegar aos indicadores acima. O leitor vai notar que a referência aponta para onde está instalada a antiga Estação da Fepasa. Ou seja, esta primeira referência geodésica indica que o grande “marco” histórico para a época, não por menos, foi a Estação Ferroviária, ponto de partida e chegada do desenvolvimento, ponto de escoamento da produção agrícola da região, local de chegada de novos desbravadores das terras férteis da Alta Paulista, das mercadorias vindas da capital e do Porto de Santos, para abastecer o crescente comércio local, via principal da entrada de imigrantes portugueses, italianos, japoneses e sírio-libaneses.
Cabia também ao sistema ferroviário a comunicação pela telegrafia entre as estações instaladas ao longo da linha e, para quem tem memória, mais adiante na história, era na estação ferroviária que as famílias e comerciantes ligavam para acertar a hora e os ponteiros do relógio. Lembram disso? Salvo engano, o final do telefone era 2211.
Mas, voltando ao livro de Paulo Corrêa de Lara, na página 22 encontramos um dado importante sobre o assunto: “Por essa época (fala-se do ano de 1915), a Cia. Paulista de Estradas de Ferro volvia suas vistas para muito além de Piratininga, até que em 1916 os seus engenheiros cravaram o marco no lugar onde futuramente seria edificada a capital da Alta Paulista.” A fonte de consulta do historiador foi o livro "Marília, Cidade Nova e Bonita", do professor Balthazar de Godoy Moreira, edição de 1936, onde encontramos na página 174: “Seus engenheiros, trânsito em punho, avançam, e no ponto onde hoje se ergue a cidade plantam, em 1916, o marco que haviam de atingir com os seus comboios, doze anos mais tarde.”
O importante é não nos esquecermos que os fatos acima ocorreram na região das terras de Bento de Abreu, no entanto, o patrimônio do Alto Cafezal, fundado por Antônio Pereira da Silva e seu filho José Pereira da Silva, já se encontrava instalado e em pleno desenvolvimento econômico. Portanto, podemos avaliar que o Marco Zero, diante dos fatos, deve estar na região do Alto Cafezal. Mas onde, então?
Encontramos a resposta nos livros aqui mencionados e reproduzimos parte dos textos. “Antônio Pereira da Silva e seu filho José Pereira da Silva, mais persistentes do que aqueles que os precederam, transportaram-se para a região onde Antônio Pereira da Silva foi encarregado de administrar a fazenda Cincinatina, no ano de 1919. Mais tarde, o velho fluminense (Cincinato Braga), tendo conhecimento de terras de primeira qualidade nas cabeceiras do Pombo, tratou de explorá-las e adquiri-las, mas, as terras em apreço haviam sido pouco antes compradas pelo major Elisiário de Camargo Barbosa. Deste, conseguiu Antonio Pereira da Silva uma opção para a venda da propriedade, em razão de cento e cinquenta cruzeiros o alqueire, reservando para si uma gleba de cincoenta e três alqueires, cuja escritura lhe foi outorgada em 1923. Nesta gleba foi que delimitou um patrimônio, dividindo em datas cujas vendas se processaram com rapidez vertiginosa. Surgiram então as primeiras casas de madeiras, improvisadas para darem abrigo aos primeiros moradores que dia e noite, em número avultado, afluíam ao patrimônio. As primeiras ruas foram rasgadas, obedecendo ao trabalhão do engenheiro Francisco Schimidt, retificado posteriormente por Jorge Streit e Leandro Matiazzo”.
Para completar esta preciosa e indicadora informação sobre a região mais caracterizada para ser considerada como Marco Zero da cidade, lemos: “Na colina que se ergue ao poente, onde levantado havia um grande cruzeiro, símbolo da religião dos intrépidos bandeirantes, construíram uma humilde capela na qual foi entronada a imagem de Santo Antonio, padroeiro da nascente povoação.”
Diante dos fatos e registros, podemos sim dizer que o local adequado para a instalação do Marco Zero da cidade, considerando as referências históricas, é na praça em frente a Igreja Matriz de Santo Antônio. O que seria, sem dúvida, uma importante contribuição para o resgate da nossa história e para o turismo da cidade. Fica a sugestão aos senhores vereadores.
Ivan Evangelista Jr
É membro da Comissão de Registros Históricos de Marília

4 comentários:

  1. Querido Ivan, seu blog deveria ser referência obrigatória nos colégios da cidade. Parabéns pela brilhante pesquisa e obrigada por compartilhar tão ricas informações. Grande abraço!

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  2. Ivan, primeiramente gostaria de parabenizá-lo por sua matéria, a qual achei muito interessante e precisa! Estou fazendo contato contigo no facebook para que possamos trocar mais informações!

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  3. Sr. Ivan.
    Parabéns pelo valioso trabalho.Farei um passeio com alguns ingleses em Marília e quero leva los aos locais históricos.Foi de muito valia suas informações.
    Desejo um feliz 2016.

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  4. Sr. Ivan.
    Parabéns pelo valioso trabalho.Farei um passeio com alguns ingleses em Marília e quero leva los aos locais históricos.Foi de muito valia suas informações.
    Desejo um feliz 2016.

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