quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um projeto de muitas vidas para a represa Cascata



           Notícias dão conta de que haverá nova ação de limpeza da nossa bela represa Cascata, prevista para o fim de semana. A atividade faz parte do 3º Evento Mundial de Limpeza dos Rios e Praias. Além de promover a higienização ambiental, tem o objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade de cuidar das fontes de vida, neste caso, em especial, da água que chega até as nossas torneiras.
Espero que, neste ano, a quantidade de lixo seja bem menor. Como medida de segurança e preservação, a represa ganhou cerca e vigilância. Isso, certamente, impede as pessoas de usufruírem de um espaço tão especial, mas, ao mesmo tempo, evita acidentes e, também, o acúmulo de lixo em suas margens.
O problema não está no uso do espaço e, sim, no saber utilizar o meio ambiente, seguindo os princípios básicos de sustentabilidade, para não degradar. Após a proibição do acesso, seria o caso de pensarmos em criar um programa de preservação ambiental permanente e de visitas monitoradas. Isso pode ser feito via Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com o apoio e a parceria das universidades, das ONGS e das entidades ligadas ao meio ambiente em geral.
Podemos começar contemplando um circuito de caminhada ao ar livre, com acesso pela Avenida Cascata, ou pela Avenida das Esmeraldas. Para quem ainda não teve o prazer de sentir a brisa, curtir a paisagem e ouvir o canto dos pássaros, entre outras opções sensoriais, saiba que este trecho é dos mais convidativos e pode agregar outras atividades ao longo do percurso.
Na cabeceira da represa, que é toda asfaltada e tem pista dupla, no período das manhãs, por exemplo, é possível promover atividades de exercício e alongamento, meditação e Tai Chi Chuan. Após as sessões, que podem ter duração de uma hora, das 6h às 7h, uma xícara de chá verde ou um café quentinho, levado na térmica, água fresca ou suco natural, cada com sua preferência. Mais alguns minutos para recuperar o fôlego e encher os pulmões com o ar puro e renovado pela brisa do vale e você estará pronto para encarar mais um dia de atividades intensas.
Um viveiro de mudas poderia ser instalado no local, ponto de informação e inspiração aos iniciantes na arte do cultivo de plantas ornamentais, medicinais, ou mesmo para aqueles que gostariam de recuperar a tradição das pequenas hortas caseiras. Orquídeas, antúrios e samambaias, alecrins e poejos, cebolinhas e salsas, misturando cores e aromas, criando um clima de prazer e bem-estar que, geralmente, as plantas trazem.
Sem comércio no local, pois não seria adequado. Apenas orientação técnica sobre manejo da terra, dicas de preparação do terreno para canteiros, adubação orgânica, compostagem do resto de cascas de legumes e hortaliças, além da irrigação. Coisas simples, mas que preencham as horas com novos conhecimentos, que ajudem a criar um ambiente de interação das pessoas, de contato e de tato, de trocas de receitas e de chás da vovó, entre outras artimanhas que podem ajudar a tirar os ser humano dos seus pequenos castelos. Coisas que sejam mais do presencial e menos do virtual.
Continuando com o projeto, a exemplo do que já ocorreu no bosque municipal, em outra área anexa, instalar algumas colmeias de abelhas sem ferrão (ASF), espécies nativas das nossas matas que desempenham o importante papel de agentes polinizadoras. Seria este mais um espaço pedagógico e cultural, que poderia contar com o apoio da Associação dos Apicultores de Marília e Região, levando conhecimento e oficinas sobre as técnicas simples de criação de enxames caseiros. 
            Para os finais de semana, poderia haver uma programação cultural mensal, como acontece hoje com as tardes de lazer no bosque. Além das atividades físicas, contando com o apoio e monitores das academias de ginástica de Marília, é possível desenvolver uma série de outras ações que envolvam pais, filhos, avós e os amigos em geral.
Pipas coloridas podem enfeitar o Vale da Cascata, empinadas longe das fiações elétricas e sem o uso do perigoso cerol nas linhas; aulas de caiaque, com uso adequado de equipamento de segurança; pesca esportiva, no estilo pega e solta; campeonatos  e exibições de modelos de rádio-controle; aeromodelismo e nautimodelismo; passeios de bicicleta; oficinas de ikebana; oficinas de separação, classificação e destino do lixo doméstico; e até, quem sabe, uma pequena feirinha para troca de livros, revistas, selos, numismática e coleções diversas. Tudo muito bem organizado.
Na casa de máquinas, instalada logo abaixo da cabeceira, encontros e bate papo sobre a importância da preservação das nascentes e sobre o funcionamento da captação de água natural para transformar em água potável.
Alguns banheiros químicos instalados em pontos estratégicos, uma boa sinalização sobre preservação do meio ambiente, sobre segurança e trânsito na área de uso comum. Nada de instalar aparelhos sonoros ou ligar o som do carro nas alturas. Agora é hora de treinar os ouvidos para captar a batida do coração da natureza, entrar na sintonia das ondas rebatidas nas pedras, dançar os olhos no bailado das asas das andorinhas caçadoras de insetos, ouvir o zunido do vento nas folhas, sentir o cheiro da terra com gosto de chuva e curtir as crianças e os adultos sorrindo gostoso, sentindo-se livres, como se nunca tivessem experimentado a vida ao ar livre. Simples assim.   

Ivan Evangelista Jr, afotoquefala