sexta-feira, 19 de outubro de 2012

No meio do caminho tem um pé de abricó


Escadaria de acesso à residência

O destino era a agência bancária bem próxima do local onde consegui vaga de estacionamento. Cartela da zona azul no painel, alarme ligado, papelada na mão, uma última conferida se o alarme está ligado e a vista se deparou com algo diferente na paisagem urbana.
Que árvore estranha esta, cheia de pequenos frutos, em pleno centro da cidade? Diz o velho ditado que árvore que não dá frutos ninguém joga pedra, mas esta aqui está cheia de frutos e, ainda por cima, com uma cara muito boa, embora verdes.
Bem, primeiro a obrigação, vamos ao banco. E lá na fila, sempre as filas, a cabeça não para. ...Conheço bem a cidade, ou pelo menos parte dela e de seus encantos. Como é que nunca reparei nesta árvore, e se são frutos comestíveis, como é que ainda não foram derrubados?
Contas pagas, hora de descobrir o mistério. Eu conheço o dono da residência onde a árvore foi plantada na calçada... então, era só investigar o assunto. Pelas características, é certo que alguém muito caprichoso providenciou a muda e ali plantou com todo carinho.
Fui atendido de pronto. Relatei minha curiosidade e ele me disse: "Foi meu pai que plantou e isso faz muito tempo. Para ter uma ideia, faz mais de 22 anos que meu pai se foi e, naquele tempo, ele já cuidava desta árvore com todo carinho. Todo caminhão que ia encostar por aqui para descarregar a mercadoria, ele corria dizer ao motorista para ter cuidado com os galhos e, nisso, acabava sempre fazendo novas amizades."
Questionei: “E ninguém come os frutos por que?”
“Acho que ninguém come porque não sabe o que é. Quando maduros, eles ficam amarelos e caem dos galhos, aí sim estão no ponto para o consumo”, me disse o morador.
Um inquilino de loja próxima ouviu nossa conversa e entrou no assunto: - "Meu irmão comeu um outro dia, disse que é assim, digamos, gostoso, vá, diferente."
Apanhei um fruto verde e apertei a casca firme para ver o conteúdo. Uma polpa branca se mostrou, alguns caroços escuros e um líquido gosmento correu pelas mãos. Na comparação, fiquei entre o aspecto do jambo, da gabiroba (que é bem menor) e da goiaba.
E o nome da fruta, gente, qual é, perguntei ao meu amigo.
- Aprico.
Como é?
-Abrico ?.
O outro conhecido nos corrige: - “Não, é Abricô", escrito aqui com o assento porque ele fechou a fonética da palavra.
Finalmente, descobri que se trata de um pé de Abricó, isto mesmo, aquele do famoso licor de Abricó, servido nas novelas temáticas.
Quem diria hein! Em Marília tem um pé de Abricó bem no centrão da cidade e tanta gente passa por ali sem se dar conta da sua história e da sua importância.
Meu querido informante foi o Bicudinho, o engenheiro Roberto Bicudo, morador da rua Armando Sales de Oliveira, 32,no centro.
Ah, sim, além da árvore toda coberta de frutos, não deixe de apreciar a arquitetura da casa também, construção original, dos tempos da antiga rodoviária de Marília e do Supermercado Pastorinho.Mas vá logo antes que a temporada acabe.
Esta é a nossa querida Marília, símbolo de amor e liberdade e cheia de curiosidades.
 
Ivan Evangelista Jr
Membro da Comissão de Registros Históricos,
Chefe de Gabinete e gerente de marketing do Univem.
*Publicado no Jornal Correio Mariliense,  Caderno Variedades, edição de 20.10.12

A fruta Abricó

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