segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Histórias do Morro Redondo

O morro redondo segundo informações dos moradores

Nossa região tem belezas naturais que os próprios marilienses desconhecem. É só andar pela zona rural para descobrir cenários encantadores, vales e montes que se integram na mais perfeita harmonia. Algumas paisagens até lembram as famosas savanas africanas.
No fundo dos vales, são comuns duas espécies mais frequentes de árvores: a Farinha Seca e o Pau Ferro, este último já em menor número. A primeira tem este nome porque, apesar de contar com bom porte e bela copa, formada pelas folhas estreitas, é uma árvore frágil, com galhos ‘ocados’, que se quebram com facilidade e, quando cortados, soltam um pó que lembra a farinha.
O "Vale da Flor Roxa", por exemplo, é marcado por estas paisagens, tendo este nome em razão da famosa fazenda que fica logo atrás das encostas de outro ponto geográfico de grande beleza, a Serra de Avencas. Fiz uma foto deste vale durante o período de um dos invernos mais rigorosos que já passamos e o resultado foi surpreendente. Sempre me perguntam se é mesmo aqui na região, tamanha a beleza.
Outra região que merece uma visita são os vales localizados entre os distritos de Padre Nóbrega e Rosália. No passado, foi centro de produção de muito algodão, de arroz e de grãos em geral, culturas que gostam dos climas de pé de serra. Foi assim na região do Macuco e do Macuquinho, nomes de pequenos povoados que estão nos registros da história da nossa cidade e que tiveram grande importância econômica para o município.É nesta mesma região que está a famosa Serra das 7 Curvas, o grande desafio das carroças, dos ‘fordinhos’ e das jardineiras que transportavam produtos agrícolas e passageiros entre os distritos. Tem este nome pelo conjunto sinuoso, coberto de pedras e paralelepípedos que formam o leito da estrada, percurso este que segue o espigão dos grandes montes. No alto, facões e gaviões, aproveitando as grandes correntes de ventos, vigiam seus territórios em voos solitários na espreita de um calango ou de pequenos roedores.
De gente que morou nesta região, fiquei sabendo também de histórias sobre o "Morro Redondo". Falam que, devido à qualidade produtiva das terras desta região, o número de sitiantes era grande e a produção agrícola também. O morro era ponto de referência para as glebas que se distribuíam entre os caboclos brasileiros, os imigrantes japoneses e os portugueses, conhecidos por suas habilidades na lavra das toras para as construções das primeiras moradas e das instalações rurais para a lida com o gado leiteiro.
Mas, segundo consta, foi ali também que um surto de febre tifoide, nos idos de 1940 e 1950, levou à morte boa parte da população rural. A epidemia foi tamanha que só se salvou quem abandonou tudo e mudou de local, de residência e de lavoura. Dizem que aqueles que insistiram em ficar, mesmo tomando muito quinino, curtido no conhaque ou no vinho branco, foram a óbito e depois carregados pelo caminhão que percorria as propriedades para recolher os corpos.
O Tifo foi uma das piores doenças na época, tudo devido à grande quantidade de lagos e rios, onde os insetos transmissores da doença viviam e se multiplicavam com facilidade. É fato que esta história de doenças originárias de águas empossadas, como a dengue, já vem de longe na história.
E foi em uma das reuniões do CONTUR - Conselho Municipal de Turismo, realizada na Fazenda Suíssa, escrita com duplo "s" mesmo, conforme consta na placa à beira da rodovia da região de Guaimbé, que eu tive a oportunidade de registrar a imagem do "Morro Redondo".
Fica a sugestão de que, no próximo feriado prolongado, ou mesmo no final de semana, junte os amigos e programe uma incursão pela geografia privilegiada da nossa região. Leve água fresca e frutas... e não esqueça a máquina fotográfica para trazer lindas imagens.
Ivan Evangelista Jr.,
É membro da Comissão de Registros Históricos de Marília,
Chefe de Gabinete e Gerente de Marketing do Univem.