quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Meu grito de alerta

Respeito e pioneirismo na aviação - acervo Registros Históricos

A letra da música diz: "Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça, me bota na boca um gosto amargo de fel. Depois vem chorando desculpas, assim meio pedindo, querendo ganhar um bocado de mel".
Mas, neste caso, o assunto não é música e nem poesia. O problema é serio e antigo.

Falo e grito sobre as questões que envolvem o nosso aeroporto "Frank Miloye Milenkovich", como já o fiz em outras oportunidades, sempre buscando o melhor para a nossa cidade. Notas da imprensa dão conta de que não houve interessados em apresentar propostas para o edital de licitação do DAESP, modalidade concorrência pública, tendo como objeto principal a concessão de uso de área aeroportuária externa a título oneroso, destinada à construção de edificação (lote15) para desenvolvimento de atividades aeronáuticas, no aeroporto estadual de Marília.
Leigo em editais e concorrências, porém muito interessado no assunto, afinal, sou morador e cidadão mariliense, também cliente dos serviços do aeroporto da cidade que manteve a 7ª posição no mapa de desenvolvimento da FIRJAN. Ou seja, estamos sim entre as 10 melhores do estado de São Paulo e não posso ficar aqui parado, “esperando a morte chegar”, como diria outra letra de música.
Vimos e ouvimos que o crescimento do movimento de passageiros no terminal aeroportuário local foi de 700%. Isto significa mais renda para a operadora do trecho, mais clientes, maior fortalecimento da marca da companhia e mais desenvolvimento. Ou não?
Pois, então, parece que a resposta é não mesmo, porque contrariando todos os indicadores econômicos e dados já largamente mencionados, a opção foi fechar a linha Marília - São Paulo. Não há machado que me faça entrar na cabeça as últimas decisões tomadas, pois todas elas contrariam o bom senso. A não ser que tenha cabeça de burro enterrada na pista... aí, só pai de santo para resolver a questão.
Notícias anteriores também deram conta de que as companhias Trip e Azul estavam se unindo, só que a cidade beneficiada foi Araraquara. A Trip opera 430 voos diários no país, enquanto a Azul, cerca de 400. O acordo de "code share", ou compartilhamento de voos, autorizado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), permitirá que os clientes comprem bilhetes para trechos operados pela Trip nos canais de venda já utilizados pela Azul.
O executivo e fundador da Trip, José Mário Caprioli, diz que a decisão ocorreu após a realização de pesquisas com consumidores, que indicaram maior conhecimento da marca Azul. Afirmou que a companhia está pedindo a ampliação do número de “slots” (autorização para pousos e decolagens) no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A Trip detém, hoje, 23 “slots” no aeroporto paulista.
Caprioli diz que pediu mais 20 “slots” diários à autoridade aeroportuária (Infraero). Segundo ele, há oportunidades em horários fora do pico de pousos e decolagens, que ocorrem até as 10h30 e após as 16h. Há um ‘vale' que pode ser aproveitado pela união das duas companhias.
Bom, pelo andar da carruagem, acima descrito, fica claro que estamos literalmente fora do mapa destas duas companhias e de quem tem "mão pesada" no controle da situação.
Que mão pesada é esta? Talvez, a falta de interesse da companhia que detém pela ANAC a autorização de operação do trecho Marília - São Paulo. Ou abrimos uma linha de diálogo com ela, ou estaremos fora da linha de desenvolvimento, como estiveram as cidades que não foram contempladas com o traçado da linha férrea no passado.
Pense em organizar um evento de grande porte na cidade, pense na logística de trazer pessoas dos mais diferentes pontos deste Brasil e, de cara, o problema maior será o transporte. Quem decide, quem é contratado e tem tempo pago por grandes companhias e empresas, quem tem agenda apertada  pensa muito antes de assumir um compromisso em cidades que não tenham bons serviços e linhas aeroportuárias condizentes. “Time is money”, já diz a velha máxima.
Vale o mesmo para as universidades, mestrados e cursos de pós-graduação, entre outros, que necessitam contar em seus quadros com docentes convidados vindos da capital e de outras cidades mais distantes. O convite, geralmente, é aceito de imediato. Mas, ao verificar a logística de locomoção, o ânimo diminui e o custo sobe. O tempo "parado" em terra é cobrado pelo contratado, com toda razão, ainda que os recursos de Internet e da telefonia o mantenham conectado com o mundo.
Só por estes dois exemplos, vemos que a falta de um transporte aéreo condizente com a onda de crescimento em que surfamos vai apertando a garganta de muitos projetos que podem alavancar o turismo de negócios e de eventos, ou seja, podem colocar um freio na nossa decolagem.
A pergunta é: a quem interessa este cenário de falta de decisões e de interesse?
Quero entender melhor. Como é que mesmo estando entre as 10 melhores do estado de São Paulo, não conseguimos atrair o interesse, ou movimentar forças, para conseguir que uma companhia sequer se atreva a apresentar proposta no edital do DAESP?
Não tenho dúvidas de que, além da caixa preta dos aviões, neste caso, há muitas outras caixas pretas que precisamos encontrar e abrir.
Marilenses, avante! Organizações e entidadess de representação, avante! Prefeitura e Câmara Municipal de Marília, avante, pelo amor e por respeito aos cidadãos. Não tenho dúvidas de que, juntos, podemos fazer muito por Marília. Não resta dúvidas, também, que a iniciativa privada, representada pelo CIESP, pela FIESP, com o apoio incondicional da Associação Comercial e Industrial de Marília, do Sebrae, do Senac, do Sesi, do Sest Senat, do Marília Convention Bureau, da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo, das universidades e faculdades, e de mais uma lista infindável de lideranças reconhecidas e respeitadas, juntos, podemos fazer muito pela cidade.
A hora é agora, dezembro já está acontecendo, depois vêm as festas, as férias, o Carnaval e, se não abrirmos os olhos, vamos continuar embarcando em Bauru, ou, quem sabe, em Araraquara.
Temos brio, temos que nos fazer respeitados e respeitar, temos que ouvir, dialogar e abrir negociações. Clamo aos marilienses para se movimentarem e fico ao dispor para dar minha colaboração.
Uma grande campanha nos sites das empresas da cidade seria um bom começo. O mesmo vale para os jornais, para as empresas de outdoor e de comunicação em geral.
Marília é uma cidade linda e promissora e queremos voar cada vez mais alto. Junte-se a nós.
E, já que começamos com música: "Veja bem, nosso caso é uma porta entreaberta. Eu busquei a palavra mais certa, vê se entende o meu grito de alerta. Veja bem, é o amor agitando meu coração".
Ivan Evangelista Jr, Chefe de Gabinete e gerente de marketing do Univem, membro da Comissão de Registros Históricos e apaixonado por Marília.