domingo, 9 de março de 2014

A Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes


A Igreja Santa Isabel faz a moldura para o encontro das ruas Vicente Ferreira, Nove de Julho e Brigadeiro Eduardo Gomes, sendo esta última o objeto do nosso artigo semanal. Algumas pessoas vão lembrar que o monumento aos pioneiros já esteve instalado neste local, quando então as imagens que representam o matuto desbravador, sua esposa e dois filhos estavam com as costas voltadas para a Fazenda Cascata e a frente mirando os altos da cidade, que mais tarde veio a se chamar Alto Cafezal.

Ao revermos a história da cidade, vamos encontrar os registros que nos contam que os pioneiros chegaram aqui pelo picadão de mata aberto pelo Coronel Francisco Ferraz de Sales, saindo de Presidente Pena, hoje Cafelândia, até Platina. Portanto, a “porta de entrada” nesta área que deu origem à nossa querida Marília foi na região da Fazenda Cincinatina, daí a rua que margeia o muro da Fazenda Cascata ter o mesmo nome.

Na praça da mesma igreja, encontramos um enorme jatobazeiro, tendo à sua frente duas palmeiras imperiais que foram recém plantadas, substituindo uma grande figueira que estava no local. O ipê branco, ao lado direito da construção, completa o paisagismo. Quando está florido, além da copa exuberante, forra a calçada com um tapete de pétalas.

Seguindo sentido ao aeroporto, passamos pela escola Amílcare Mattei, área também muito arborizada e bem cuidada. Mas adiante, chegamos ao prédio da última máquina de beneficiamento de arroz que funcionou na cidade até bem pouco tempo. O imóvel foi vendido, mas o novo proprietário conservou no alto da fachada o catavento como o nome “Máquina de Arroz Brasil”, motivo de curiosidade dos que passam pela via.

Sede de muitos eventos festivos da cidade, antes do Bosque Municipal, encontramos o Patronato, construído pelos religiosos de São Vicente de Paulo, vindos do Canadá, com a finalidade de abrigar e cuidar de jovens. No outro lado da esquina, está a igreja Pio X, anexa ao Seminário e Instituto Teológico Rainha dos Apóstolos.

Vizinho ao bosque, na comunidade Ágape, encontramos um dos jardins mais bem cuidados e floridos da cidade, espaço que realmente transmite muita paz e o sentimento de acolhimento. Quando os flamboaiãs estão floridos, dá vontade de sentar debaixo das árvores e curtir uma boa leitura.
Marília tem o privilégio de contar com o bosque “Rangel Petraróia”, reserva natural, com espécies preservadas da Mata Atlântica, fauna silvestre e viveiros de aves, que atrai bom número de visitantes durante toda a semana. É o melhor espaço para caminhadas na cidade, aliando fatores de excelência, como o ar puro, segurança, entretenimento e pistas com boa pavimentação. Aos domingos, acontecem os shows musicais e é muito bom observar famílias inteiras chegando com carrinhos de bebês, brinquedos e guloseimas, tudo o que faz um final de semana feliz. Excelente para aulas de biodiversidade.
Neste trecho da Brigadeiro, contamos 11 carrinhos de lanche que funcionam somente no período da noite, ponto de encontro dos jovens que saem das baladas e também de casais que aproveitam a brisa fresca que sopra da mata para namorar e bater bons papos com os amigos. Dias destes, estávamos por lá quando vimos do outro lado da cerca um tatuzinho fuçando entre as folhas, sem se importar com a presença das pessoas ou mesmo com o barulho da rua e das conversas. Parece que já se tornou o mascote do pedaço. 
E você já teve a oportunidade de observar o senhor de origem japonesa que planta frutíferas e flores na margem direita da rua? Figura comum nos finais de tarde, ele carrega em sua bicicleta as ferramentas para o manuseio e plantio, o adubo orgânico e inseticida para as pragas. Faz desta rotina o seu prazer diário e diz que planta para que as pessoas tenham a alegria de ver flores e frutos no meio urbano.
Diga-se de passagem, o agricultor urbano tem uma mão muito boa, suas plantas crescem rápido e, nesta semana mesmo, encontramos um belo cacho de banana nanica e pés de mamão com frutos.
Não nos esqueçamos da sede da AABB-Marília, criada pelos funcionários do Banco do Brasil, contando com belo salão para eventos, piscina, parque infantil, quadra e muita atividade esportiva, inclusive a escolinha de futebol.
Ao lado direito do terreno do bosque, uma grande área livre que faz limite aos fundos com a rua Santa Helena. Vez ou outra, nos finais de semana, torna-se palco para os praticantes de parapente com motor.
As condições do terreno íngreme e as correntes de ventos vindas dos vales que separam o bairro aeroporto do palmital são favoráveis. Quando isto acontece as pessoas param e ficam apreciando o voo das velas coloridas e o bailado dos intrépidos pilotos.
A aviação brasileira tem história na Brigadeiro, com o conjunto formado pelas instalações do Aeroclube de Marília, o aeroporto “Frank Miloye Milenkovich” e a OMA - Oficina Marília de Aviação Ltda. Grandes pilotos que atuaram nas primeiras companhias aéreas brasileiras obtiveram seu brevê em Marília. A empresa TAM tem sua história e marco inicial das atividades neste mesmo local e a oficina de aviação, conduzida pelo experiente Tuta, é considerada uma das melhores equipes de mecânicos de aeronáuticos do Brasil. Chamam a atenção os hangares de empresas privadas e o grande estacionamento, sempre lotado de pequenas aeronaves.
Já no final da cerca da OMA, uma grande fileira de ipês rosa marca o início da pista de caminhadas, que recebe bom número de frequentadores pelas manhãs e nos finais de tarde. O pequeno bosque do Seminário São Vicente de Paulo, do outro lado da rua, mais um conjunto de equipamentos para ginástica, são bons motivos para incluir na sua agenda uma visita ao espaço.
Na esquina com a rua Engenheiro Columbano Epinghaus,um grande totem de concreto, com a inscrição CECAP, marca o início do bairro Aeroporto, um conjunto de casas populares que levou o desenvolvimento para esta região da cidade. Deste ponto, a Brigadeiro espichou-se até o condomínio Portal da Serra, onde também se instalaram o Villa Romana Eventos, os Rotary Club de Marília e o “Alto Cafezal”, o residencial Costa
do Ipê, o portal de entrada do condomínio de chácaras Santa Gertrudes e o conjunto de Araucárias que faz par com um enorme Tori (um símbolo da separação entre o mundo físico e o espiritual) enfeitando a entrada da residência Solar do Ipê Dourado.
Eduardo Gomes foi patrono da Força Aérea Brasileira e Ministro da Aeronáutica por duas vezes, no governo de Café Filho (24 de agosto de 1954 a 11 de novembro de 1955) e no governo Castelo Branco (janeiro de 1965 a março de 1967). Com a subida ao poder de Getúlio Vargas, trabalhou na criação do Correio Aéreo Militar, que viria a se tornar o Correio Aéreo Nacional. Em 1935, comandou o 1º Regimento de Aviação contra o levante conhecido como Intentona Comunista. Em 1937, com a decretação do Estado Novo, exonerou-se do comando, continuando contudo na carreira militar. Em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, foi promovido a brigadeiro. Participou da organização e construção das Bases Aéreas, que iriam desempenhar importante papel no esforço dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
No final do Estado Novo, Eduardo Gomes candidatou-se às eleições presidenciais, marcadas para dezembro de 1945, formando em torno de si a União Democrática Nacional (UDN). Durante o período eleitoral, eram vendidos doces para angariar fundos para apoiar sua campanha, que ficaram conhecidos posteriormente com o nome da patente do candidato: brigadeiros. Foi derrotado pelo general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de Vargas.

A avenida conta com 5.000 metros de extensão, considerando o início na Vicente Ferreira e o final na rotatória do condomínio Portal da Serra. 

Ivan Evangelista Junior é membro da Comissão de Registros de Marília
Publicado no Jornal Diário de Marília em 09/03/14

 

quarta-feira, 5 de março de 2014

A Rua Coronel José Braz


Do alto do pedestal e sob a sombra da copa do Jacarandá Mimoso, o monumento que homenageia o ilustre Comendador Christiano Altenfelder Silva dá as boas vindas para quem caminha sentido ao centro da cidade. Mais à esquerda, um enorme bloco de pedra sustenta placa em bronze, obra de arte, retratando a batalha dos Heróis de Lagunas (guerra do Paraguai, 1865-1870). No mesmo canteiro, encontramos ainda o símbolo do Lions Clube de Marília e a roda dentada do Rotary, com homenagem expressa a Luiz Coelho de Oliveira, diretor do Rotary Internacional.
Mais ao fundo, estes já sem as placas de identificação originais, estão os monumentos em homenagem à Maçonaria (1974) e o busto de Lázaro Luiz Zamenhof, o pai do esperanto, língua internacional criada por ele e que foi amplamente difundida pelo mundo. É certo que aos transeuntes, cidadãos natos ou visitantes, causa estranheza ver tantos monumentos em um mesmo espaço.
Os registros históricos nos contam que, num dos momentos de reformas nas praças públicas do centro da cidade, estes monumentos foram concentrados no jardim que dá frente à rua Coronel José Braz, sendo denominado "Espaço das Esculturas". O da Lagunas estava na Praça Saturnino de Brito, enquanto o da Maçonaria e o busto do Zamenhof  ficavam defronte à Biblioteca Municipal.
Em canteiro bem cuidado da mesma praça, encontramos um belo exemplar de Pau-Brasil, árvore nobre que povoou as matas e as aulas de histórias ouvidas inúmeras vezes nos bancos do primário. Logo atrás, uma enorme porta de madeira separa a biblioteca Braile da praça, porta que permanece fechada para evitar o assédio e acesso constante dos pedintes que fazem ponto na esquina com a avenida Sampaio Vidal.
Mas, deixando de lado as mazelas da vida, vamos nos concentrar nas belezas. Enquanto fazia as fotos para ilustrar o presente artigo, senti o aroma muito peculiar dos arbustos de Dama da Noite, com suas flores brancas e delicadas. Mesmo não estando florido nesta época do ano, o grande Jacarandá é o cartão de visitas da praça, com sua copa frondosa e galhos que parecem estar prontos para acolher quem se senta à sua sombra. Por sinal, neste dia, um senhor que caminhava com sua bicicleta parou em um dos bancos, sentou-se e retirou do bolso um pacote de fumo Juriti, enquanto alisava um pedaço de papel branco com o qual embrulhou o cigarro debaixo da aba do chapéu de palha quebrado na testa. Uma figura.
É diante de todo este cenário que começa a Rua Coronel José Braz. O prédio de número 29 foi o primeiro a aparecer com identificação numérica, vizinho da Rádio 950, construção germinada de bom acabamento e bem cuidada. Até pouco tempo atrás, havia placa de identificação do escritório do ilustre advogado mariliense Dr. Pedro Gelsi.
Na esquina com a rua São Luiz está o não menos majestoso prédio do Centro Cultural Brasil Estados Unidos de Marília, escola de idiomas muito bem instalada e conduzida pela Sra. Sylvia Garbelini. Além das aulas de línguas estrangeiras, a escola conta com belo espaço para acolher exposições artísticas, sempre com agenda de eventos concorrida, enriquecendo a cultura da cidade e recepcionando cidadãos estrangeiros com toda a gentileza e competência. Tive a honra de fazer duas exposições fotográficas no CCBEU, e toda vez que lhes faço uma visita me sinto como se estivesse no Consulado de Marília.
No trajeto, chamou-me a atenção a residência que tem o número 101. Segundo informações, é da família Fioravante. A arquitetura é diferenciada, tem jardim bem cuidado na frente e acabamentos artísticos que adornam todo o espaço da área de entrada.
E, quem conhece o pioneiro Antonio Beiro, membro da comunidade espírita mariliense, sabe que foi ele, ao lado de sua companheira e esposa Altair, quem durante anos conduziu a Creche Mãe Cristina, acolhendo crianças e suprindo suas necessidades sociais e materiais. Tantas outras mães e mulheres solidárias ligadas à Associação das Senhoras Espíritas de Marília se desdobraram em fazer roupinhas, tricôs, trabalhos manuais diversos e quitutes para promover os bazares solidários, com venda sempre revertida para a entidade. A história da honorável família Beiro, que também teve seus momentos de glória na trajetória do rádio mariliense, faz parte da história da Creche Mãe Cristina, hoje berçário municipal, que continua dando assistência aos menores.
A creche, que teve seu primeiro nome como “Ignácio de Loyola Torres”, nasceu do idealismo dos diretores do Centro Espírita “Amantes da Pobreza” (1961), tendo como provedor Hygino Muzzi Filho, vice-provedor Hélio Tavares Costa, 1º secretário Lauro Vargas, 2º secretário Alfredo Ramos Novaes; 1º tesoureiro Casimiro Olympio Vernaschi e 2º tesoureiro Odetto Berlanga Mugnai. Foi inaugurada em julho de 1966, com o apoio do Consórcio Intermunicipal de Assistência ao Menor, dirigido pelo querido professor Ermelino Flora. (Fonte: Marília, sua terra, sua gente, Paulo Corrêa de Lara)
Na baixada da rua, imediações dos fundos do terreno do Marília Tênis Clube, as antigas residências deram lugar às clinicas médicas. Fato interessante de registro, pois ao avaliarmos o número de clínicas médicas instaladas nas ruas paralelas e transversais, vamos observar que houve um fenômeno natural de aproximação de uma categoria profissional. É claro que o fato da av. Rio Branco ser uma das principais vias da cidade conta; na falta de prédios disponíveis, as ruas próximas foram se tornando boas opções.
Já no topo e quase final da rua, próximo da Avenida da Saudade, de onde se tem vista privilegiada, está a sede da CM Consultoria, maior complexo de assessoria e consultoria educacional do país, dirigida pelo educador, consultor e professor Carlos Antonio Monteiro, também ex-secretário da Cultura em nossa cidade. Tive a honra de atuar profissionalmente nesta organização, com filiais nas cidades de Brasília e São Paulo, e sinto orgulho de saber que é a partir de Marília, com o apoio de sua competente equipe de profissionais, que importantes decisões de grandes instituições de ensino do país tiveram apoio e orientação, inclusive em muitos processos de fusões e aquisições entre instituições de ensino de grande porte.
Nas pesquisas ao escritos do historiador Paulo Corrêa de Lara, encontramos algumas informações sobre a rua:  A rua se chamou inicialmente "Dirceu" e o cidadão que deu nome a ela é "Cel. José da Silva Nogueira". Juntamente com o Cel. Galdino Alfredo de Almeida criaram o loteamento da Vila Barbosa em 1927. Sempre foi tratado por "Cel. José Braz", cognome pelo qual era conhecido desde Igarapava, de onde veio para Marília.
                    O certo é que aquele cidadão deixou um nome respeitável pela honradez, trabalho e bondade que sempre demonstrou. E ainda nos deixou seus filhos: Teodoto da Silva Nogueira, que foi quem instalou a comarca de Marília e que morreu prematuramente como seu pai, e José da Silva Nogueira Júnior, o popular "Quitinho", que felizmente faz parte ainda da nossa convivência cotidiana. (artigo escrito em 1989)
                    A homenagem feita pela Prefeitura Municipal de Marília, por seu prefeito municipal, na ocasião o farmacêutico João Neves Camargo, foi justíssima em dar o nome do "Cel. José Braz" à antiga rua Dirceu, ficando aqui o nosso registro para que a posteridade saiba e não se esqueça daquele eminente cidadão.
                    Ivan Evangelista Jr. é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília.

                    Publicado no Jornal Diário de Marília em 02/03/14

A Rua Coronel José Braz


Do alto do pedestal e sob a sombra da copa do Jacarandá Mimoso, o monumento que homenageia o ilustre Comendador Christiano Altenfelder Silva dá as boas vindas para quem caminha sentido ao centro da cidade. Mais à esquerda, um enorme bloco de pedra sustenta placa em bronze, obra de arte, retratando a batalha dos Heróis de Lagunas (guerra do Paraguai, 1865-1870). No mesmo canteiro, encontramos ainda o símbolo do Lions Clube de Marília e a roda dentada do Rotary, com homenagem expressa a Luiz Coelho de Oliveira, diretor do Rotary Internacional.
Mais ao fundo, estes já sem as placas de identificação originais, estão os monumentos em homenagem à Maçonaria (1974) e o busto de Lázaro Luiz Zamenhof, o pai do esperanto, língua internacional criada por ele e que foi amplamente difundida pelo mundo. É certo que aos transeuntes, cidadãos natos ou visitantes, causa estranheza ver tantos monumentos em um mesmo espaço.
Os registros históricos nos contam que, num dos momentos de reformas nas praças públicas do centro da cidade, estes monumentos foram concentrados no jardim que dá frente à rua Coronel José Braz, sendo denominado "Espaço das Esculturas". O da Lagunas estava na Praça Saturnino de Brito, enquanto o da Maçonaria e o busto do Zamenhof  ficavam defronte à Biblioteca Municipal.
Em canteiro bem cuidado da mesma praça, encontramos um belo exemplar de Pau-Brasil, árvore nobre que povoou as matas e as aulas de histórias ouvidas inúmeras vezes nos bancos do primário. Logo atrás, uma enorme porta de madeira separa a biblioteca Braile da praça, porta que permanece fechada para evitar o assédio e acesso constante dos pedintes que fazem ponto na esquina com a avenida Sampaio Vidal.
Mas, deixando de lado as mazelas da vida, vamos nos concentrar nas belezas. Enquanto fazia as fotos para ilustrar o presente artigo, senti o aroma muito peculiar dos arbustos de Dama da Noite, com suas flores brancas e delicadas. Mesmo não estando florido nesta época do ano, o grande Jacarandá é o cartão de visitas da praça, com sua copa frondosa e galhos que parecem estar prontos para acolher quem se senta à sua sombra. Por sinal, neste dia, um senhor que caminhava com sua bicicleta parou em um dos bancos, sentou-se e retirou do bolso um pacote de fumo Juriti, enquanto alisava um pedaço de papel branco com o qual embrulhou o cigarro debaixo da aba do chapéu de palha quebrado na testa. Uma figura.
É diante de todo este cenário que começa a Rua Coronel José Braz. O prédio de número 29 foi o primeiro a aparecer com identificação numérica, vizinho da Rádio 950, construção germinada de bom acabamento e bem cuidada. Até pouco tempo atrás, havia placa de identificação do escritório do ilustre advogado mariliense Dr. Pedro Gelsi.
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Na esquina com a rua São Luiz está o não menos majestoso prédio do Centro Cultural Brasil Estados Unidos de Marília, escola de idiomas muito bem instalada e conduzida pela Sra. Sylvia Garbelini. Além das aulas de línguas estrangeiras, a escola conta com belo espaço para acolher exposições artísticas, sempre com agenda de eventos concorrida, enriquecendo a cultura da cidade e recepcionando cidadãos estrangeiros com toda a gentileza e competência. Tive a honra de fazer duas exposições fotográficas no CCBEU, e toda vez que lhes faço uma visita me sinto como se estivesse no Consulado de Marília.
No trajeto, chamou-me a atenção a residência que tem o número 101. Segundo informações, é da família Fioravante. A arquitetura é diferenciada, tem jardim bem cuidado na frente e acabamentos artísticos que adornam todo o espaço da área de entrada.
E, quem conhece o pioneiro Antonio Beiro, membro da comunidade espírita mariliense, sabe que foi ele, ao lado de sua companheira e esposa Altair, quem durante anos conduziu a Creche Mãe Cristina, acolhendo crianças e suprindo suas necessidades sociais e materiais. Tantas outras mães e mulheres solidárias ligadas à Associação das Senhoras Espíritas de Marília se desdobraram em fazer roupinhas, tricôs, trabalhos manuais diversos e quitutes para promover os bazares solidários, com venda sempre revertida para a entidade. A história da honorável família Beiro, que também teve seus momentos de glória na trajetória do rádio mariliense, faz parte da história da Creche Mãe Cristina, hoje berçário municipal, que continua dando assistência aos menores.
A creche, que teve seu primeiro nome como “Ignácio de Loyola Torres”, nasceu do idealismo dos diretores do Centro Espírita “Amantes da Pobreza” (1961), tendo como provedor Hygino Muzzi Filho, vice-provedor Hélio Tavares Costa, 1º secretário Lauro Vargas, 2º secretário Alfredo Ramos Novaes; 1º tesoureiro Casimiro Olympio Vernaschi e 2º tesoureiro Odetto Berlanga Mugnai. Foi inaugurada em julho de 1966, com o apoio do Consórcio Intermunicipal de Assistência ao Menor, dirigido pelo querido professor Ermelino Flora. (Fonte: Marília, sua terra, sua gente, Paulo Corrêa de Lara)
Na baixada da rua, imediações dos fundos do terreno do Marília Tênis Clube, as antigas residências deram lugar às clinicas médicas. Fato interessante de registro, pois ao avaliarmos o número de clínicas médicas instaladas nas ruas paralelas e transversais, vamos observar que houve um fenômeno natural de aproximação de uma categoria profissional. É claro que o fato da av. Rio Branco ser uma das principais vias da cidade conta; na falta de prédios disponíveis, as ruas próximas foram se tornando boas opções.
Já no topo e quase final da rua, próximo da Avenida da Saudade, de onde se tem vista privilegiada, está a sede da CM Consultoria, maior complexo de assessoria e consultoria educacional do país, dirigida pelo educador, consultor e professor Carlos Antonio Monteiro, também ex-secretário da Cultura em nossa cidade. Tive a honra de atuar profissionalmente nesta organização, com filiais nas cidades de Brasília e São Paulo, e sinto orgulho de saber que é a partir de Marília, com o apoio de sua competente equipe de profissionais, que importantes decisões de grandes instituições de ensino do país tiveram apoio e orientação, inclusive em muitos processos de fusões e aquisições entre instituições de ensino de grande porte.
Nas pesquisas ao escritos do historiador Paulo Corrêa de Lara, encontramos algumas informações sobre a rua:  A rua se chamou inicialmente "Dirceu" e o cidadão que deu nome a ela é "Cel. José da Silva Nogueira". Juntamente com o Cel. Galdino Alfredo de Almeida criaram o loteamento da Vila Barbosa em 1927. Sempre foi tratado por "Cel. José Braz", cognome pelo qual era conhecido desde Igarapava, de onde veio para Marília.
                    O certo é que aquele cidadão deixou um nome respeitável pela honradez, trabalho e bondade que sempre demonstrou. E ainda nos deixou seus filhos: Teodoto da Silva Nogueira, que foi quem instalou a comarca de Marília e que morreu prematuramente como seu pai, e José da Silva Nogueira Júnior, o popular "Quitinho", que felizmente faz parte ainda da nossa convivência cotidiana. (artigo escrito em 1989)
                    A homenagem feita pela Prefeitura Municipal de Marília, por seu prefeito municipal, na ocasião o farmacêutico João Neves Camargo, foi justíssima em dar o nome do "Cel. José Braz" à antiga rua Dirceu, ficando aqui o nosso registro para que a posteridade saiba e não se esqueça daquele eminente cidadão. 
                    Ivan Evangelista Jr. é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília.

                    Publicado no Jornal Diário de Marília em 02/03/14