segunda-feira, 7 de julho de 2014

A rua Bahia

A rua Bahia tem início na av. Sampaio Vidal, na Praça Saturnino de Brito, e termina na av. Vicente Ferreira, onde está a rotatória/complexo viário Allan Kardec, com placa de inauguração de abril de 2007, homenagem da prefeitura à comunidade espírita de Marília.

Um fato curioso é que no Google Earth a rua Bahia aparece até o limite com a av. República, esquina do restaurante Chaplin. Antes de maio de 2005, a rua Sorocaba passava em frente ao restaurante mencionado e seguia até a rua Vicente Ferreira. A incorporação (fechamento) de parte da rua Sorocaba estendeu a calçada e formou uma grande praça. Com a Lei 6.255, a Câmara Municipal deu a nova denominação de rua Bahia prolongamento ao trecho entre a av. República e Vicente Ferreira.
Bonde preservado no Monteiro Lobato
A rua Bahia tem belas espécies de árvores preservadas. São elas: o ipê roxo, que faz sombra para a estátua de Bento de Abreu Sampaio Vidal, erigida em sua homenagem nos jardins do Paço Municipal, os flamboyants e palmeiras, algumas com mais de 15 metros de altura, do parque Monteiro Lobato e a bela sombra proporcionada pelas Sibipirunas na praça em frente ao restaurante Chaplin.
O prédio sede da nossa prefeitura municipal tem três importantes premiações pela arquitetura arrojada. A planta foi elaborada pelos engenheiros Miguel Badra e Ginez Velanga, com início das obras no ano de 1953 e a inauguração em 1960. Na entrada principal, em letras douradas e de alto relevo, lemos: “Edifício Capitão Adorcino de Oliveira Lyrio”, homenagem ao ex-prefeito que administrou a cidade de 1952 a 1955.
A frente do prédio passa por algumas reformas, com a instalação do sistema preventivo de incêndio, a revitalização dos jardins e troca do calçamento. Sabemos que a adequação de um antigo prédio dentro das novas normas de segurança (bombeiros) e acessibilidade é um trabalho desafiador e acaba provocando desencontros de opiniões. No passado, os lagos com os cisnes e pequenas fontes enfeitavam a fachada; no presente, jardins substituem os tanques devido à ameaça da dengue, de pequenas infiltrações e outras responsabilidades que cabem à administração municipal responder pela segurança e cumprimento das normas. Por isso dizemos que o correto, por vezes, pode ser inimigo do bom ou do ótimo, mas normas são feitas para serem cumpridas.
Vale o mesmo para a preservação das fachadas laterais porque as pastilhas originais sofrem a infiltração da chuva e as constantes oscilações da temperatura, provocando dilatação e contração do conjunto.
Não vou me aprofundar na história dos dois casarões, que estão ao lado da prefeitura. Nossa querida historiadora Tia Rosalina já o fez em publicações anteriores. Fica o registro das construções como referência histórica, sendo que uma delas abriga a assessoria de imprensa e comunicação da prefeitura e outra o setor de entrega de avisos.
Mais abaixo, tem o prédio do primeiro Fórum da cidade. Este prédio também já foi alvo de vários artigos e de teses de conclusão de curso superior de arquitetura, tudo devido à sua exuberância e detalhes no acabamento, interno e externo. É certo que na concepção do seu projetista ele não contava com a quantidade de árvores que hoje cobrem a fachada e impedem a visão artística da obra. Daí a importância de sempre se pensar um projeto de paisagismo urbano, afinal, árvores são importantes para as pessoas e para o embelezamento da cidade, porém, cada qual no seu espaço e porte adequados ao meio. O Parque Monteiro Lobato é um bom exemplo de paisagismo urbano planejado.
A passagem por debaixo dos trilhos da linha férrea ocorreu nos anos de 1989-1990 para solucionar os problemas constantes de acidentes entre trens, veículos automotores e pessoas. A passagem ganhou recentemente trabalho de pintura artística, com flagrantes da nossa história (os dinossauros, o ciclo do café e algodão, o primeiro trem, o primeiro poste de energia elétrica), trabalho executado com muita competência pelos grafiteiros Sidnei Alves, Luiz Keno e Davi Antiqueira.
Quem morou no trecho por vários anos foi a família Mazeto. E, se você encontrar o Amauri Mazeto (vereador na legislatura 1989-1992), vai descobrir um monte de histórias de personagens que viveram naquela região.
Antiga sede do Correio de Marília
No mesmo trecho, funcionou a sede do Jornal Correio de Marília (Bahia, 374), onde o saudoso Anselmo Escarano escrevia seus artigos e recebia os amigos. Quando mais jovem, eu, prestando serviços de contínuo (preguinho) para o Educandário Bezerra de Menezes, e depois para a Fundação Eurípides, visitei a sede do Correio por inúmeras vezes para levar textos, fotos e releases.
No sentido ao bairro, saindo da passagem de nível, encontramos o tradicional posto de gasolina Auto Cafezal, antigo Posto Ouro Branco; do lado direito, um colégio e uma igreja ocupam o prédio onde antes funcionou por anos a agência Ford Veículos, gerenciada pelo amigo Lúcio Lima, onde também trabalhou o Sr. Dorival Canciam.
Chegamos, enfim, aos últimos dois quarteirões, aliás, dois quarteirões bem badalados da cidade quando o assunto é vida noturna e gastronomia. O restaurante Chaplin, o Doce Pastel e o Armazém, literalmente, fecham o trânsito, a partir da quinta-feira, até o final de semana. Carro novo? Tem que desfilar na rua Bahia e dar aquela passadinha no quarteirão do borogodó pra todos verem. Roupa nova, visual e cabelo novo? Tem que desfilar por lá. Encontrar os amigos do Circo, na boa companhia do Jairzinho, do Laertinho Rojo e do Valdir Cesar? - É lá também. Pena o Armazém estar fechado nestes dias da copa.
Nos sábados, as rodas de amigos se formam em volta das mesas e o fim de semana começa, relaxado, com aquela cerveja ou chope gelado.
E o resto? - Ah, o resto o gerente cobre a conta e depois a gente conversa. - Chefia! Pode trazer mais uma e manda um petisco da casa. Vai, Brasil!!

Ivan Evangelista Jr.
Membro da Comissão de Registros Históricos de Marília
Publicado no Jornal Diário de Marília em 22/06/14

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