domingo, 29 de outubro de 2017

Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, o mais novo cartão de visita da cidade

Não por acaso a avenida que leva ao aeroporto municipal da cidade de Marília leva o nome de um herói e patrono da Força Aérea Brasileira (FAB). O Brigadeiro Eduardo Gomes foi um dos fundadores do Correio Aéreo Nacional que uniu o país pelas asas da FAB. Ele também foi duas vezes Ministro da Aeronáutica e mantinha uma postura impecável e uma vida austera.




Não por acaso a avenida que leva ao aeroporto municipal da cidade de Marília leva o nome de um herói e patrono da Força Aérea Brasileira (FAB). O Brigadeiro Eduardo Gomes foi um dos fundadores do Correio Aéreo Nacional que uniu o país pelas asas da FAB. Ele também foi duas vezes Ministro da Aeronáutica e mantinha uma postura impecável e uma vida austera.


Segundo sua biografia era homem de poucas palavras e não muito afeto a entrevistas para os meios de comunicação. Mas mesmo assim foi alvo de homenagem das mulheres que o admiravam por seu porte elegante e simpatia. Em razão disso ele se tornou o inspirador do docinho mais famoso das festas de aniversário e dos casamentos. Quando da sua primeira candidatura à presidência da República as senhoras correligionárias criaram o doce e vendiam durante os comícios para juntar fundos para a campanha. A oferta da guloseima era seguida do slogan: “vote no brigadeiro, além de bonito é solteiro”.

Bem, agora que já conhecemos um pouco mais sobre o patrono da mais bela avenida da zona leste já podemos falar sobre a principal razão deste artigo. Eu agora acredito que a revitalização da Brigadeiro finalmente vai acontecer. Acompanho regularmente os jornais da cidade e mesmo sem fazer uma pesquisa mais aprofundada, arrisco dizer que ao longo dos anos a manchete sobre a retirada dos trailers de lanche daquela via foi publicada umas dez vezes.
No mês passado quando vi novamente estampada na mídia a mesma chamada eu confesso que desacreditei. Dos seis carrinhos de lanche que ocupavam a via nas proximidades do bosque podemos dizer que três deles funcionavam mais regularmente, os demais abriam nos finais de semana e alguns estavam abandonados ou com placa de venda. Acabou, começa um ciclo novo.


No turismo receptivo dizemos que as entradas e saídas da cidade, as principais vias, e o caminho do aeroporto e o da rodoviária são mais observados do que os demais; pelos próprios moradores, e principalmente pelos visitantes que se utilizam das vias para chegar até estes centros de logística interurbana. Daí o termo “cartão de visitas”, até porque, existe outro jargão bem popular que diz: ”A primeira impressão é a que fica”.

Assim que todos os trailers forem retirados faço a sugestão para que a prefeitura inicie imediatamente um projeto de revitalização do trecho que se inicia na igreja São Pio X, que acaba de passar por uma bela reforma e ganhou jardins com luminárias.
O Bosque Municipal “Rangel Pietraróia” é o pulmão da zona leste e atrai número considerável de visitantes e de praticantes das saudáveis caminhadas por suas vias em meio a maior reserva de Mata Atlântica da nossa região.
Uma curiosidade que os mariliense devem conhecer está registrada em levantamento florístico do estrato arbóreo feito por pesquisadores de um fragmento da floresta remanescente do bosque. O objetivo foi produzir subsídios para a elaboração de um plano de manejo e conservação e o desenvolvimento de programas de educação ambiental.
Foram encontrados 167 indivíduos pertencentes a 17 famílias, 25 gêneros e 26 espécies. A diversidade de espécies, avaliadas pelo índice de Shannon, foi de 2,73 nats/indivíduo. Amostragem feita em dez parcelas de 10m X 10m em áreas sem indícios de perturbação. (fonte: Flora Arbórea do Bosque Municipal Rangel Pitraróia, autores Maria Esmeralda Soares Payão Demattê, Dirceu Lopes Mascarin).
Por essa e por outras razões que só a natureza viva pode nos dar, a exemplo dos parques nacionais, cabe a nova sinalização turística e cultural a ser instalada, como devido cuidado paisagístico e ambiental, na lateral que dá a frente para a Brigadeiro e também para a rua Santa Helena.
A calçada reparada dará mais segurança aos pedestres, aparar os galhos que avançam sobre a via e a rede elétrica proporcionará mais claridade, os postinhos de concreto que sustentam o alambrado podem ser pintados de branco, e pensando na proteção dos ciclistas que são assíduos usuários da mesma via uma faixa vermelha pode ser providenciada em toda a sua extensão, até o condomínio Portal da Serra e o arremate com nova sinalização preventiva no trânsito.
Do outro lado está a cerca da Fazenda Cascata e o gado que pasta tranquilo sobre o campo verde. Coisa de interior mesmo, isso faz parte da nossa raiz. Aqui também a urgente restauração da calçada e o plantio de flores para colorir o trecho, uma boa opção é a crotalária, beleza aliada com a  prevenção da dengue.
Estas e mais uma série de ações simples e eficazes podem contar com os serviços da administração municipal e da comunidade. Bastam ser convidados os clubes de serviço, as ONGS, as associações, as crianças das escolas municipais.
Quando a comunidade participa as coisas tendem a dar mais certo e o engajamento é maior e contagiante. O começo dessa nova história já foi dado é só não perdermos o ritmo e a oportunidade. O Brigadeiro merece e Marília também! 
(*) Ivan Evangelista Jr é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília. Autor do primeiro guia de roteiros turísticos de Marília, fotografo, articulista e Chefe de Gabinete da Reitoria do Univem.
Publicado no Jornal da Manhã, Caderno 2, edição de 29/10/2017 

domingo, 15 de outubro de 2017

AS ATVIDADES DOS SPOTTERS EM MARÍLIA

A edição do último dia 5 da  Folha de São Paulo trouxe matéria bem interessante sobre a atividades dos spotters no maior aeroporto de Guarulhos, considerado o maior da América Latina.
Aqui em Marília este hobby já conta com muitos adeptos e a turma vem crescendo a cada dia. Ainda que só conte com os voos da Cia Azul no trecho de ida e vinda Marília-Campinas, o aeroporto é bem movimentado. Além dos hangares particulares que guardam aeronaves de empresários da cidade e da região, conta também com os serviços de uma das mais respeitadas oficinas de aviação do Brasil, a OMA - Oficina Marília de aviação.
A oficina está com pátio sempre lotado. São aviões que se deslocam de todo o território brasileiro para Marília em busca dos serviços altamente especializados da equipe coordenada pelo Tuta, mecânico experiente  e quem  tem muita história na aviação brasileira. Nas sextas-feiras o movimento de decolagem dos pequenos aviões é sempre maior, dia de voltar pra casa, depois da revisão geral ou dos reparos e isso sempre garante boas imagens aos spotters.
As imagens registradas são mostradas em página que o grupo criou no Face Book (www.facebook.com/mariliaspotting) e já soma mais de 600 membros simpatizantes promovendo o intercâmbio com outros grupos brasileiros.
Foto de JoséFerreira
Os pilotos privados já se acostumaram com a presença dos fotógrafos no alambrado e vez ou outra acenam com a mão durante os procedimentos de pouso ou decolagem. José Ferreira é um dos fotógrafos mais assíduos da praia e já fez amizades com vários deles; "eles enviam mensagem pedindo as fotos e eu sempre envio" comenta ele, é bem legal saber que valorizam a nossa atividade.

O que separa os fotógrafos das aeronaves é um alambrado que tem pouco mais de um metro e setenta de altura e permite a visão quase que integral de toda a extensão da pista. Privilégio dos marilienses, uma vez que em outros aeroportos do Brasil as condições nem sempre são muito favoráveis, como é o caso de Guarulhos, onde o ponto ideal para boas fotos é o "morrinho", distante da pista e com alto risco de assaltos por ser área isolada.
As atividades do Aeroclube de Marília,tradicional escola de pilotos fundada em 1940, é outro atrativo que sempre rende bons cliques. Os novos pilotos aprendem primeiro nos planadores que são rebocados por aviões. Depois de alcançarem uma certa altura, instrutor e aprendiz buscam encontrar os bolsões de ar quente, momento em que o cabo de reboque é desconectado e a aeronave inicia um balé colorido e silencioso sobre a cidade . Para quem gosta de voar o aeroclube faz voos panorâmicos que podem ser contratados na sede que fica ao lado da pista. 
Mas não pense que os fotógrafos estão ligados só no movimento local. Lá eles têm uma máxima: "passou sobre Marília, vai ficar registrado!". Com a ajuda de um aplicativo de celular eles ficam atentos e rastreiam as aeronaves que vão cruzar a vertical da cidade. Geralmente as aeronaves estão a mais de 10.000 pés de altitude em relação ao solo, distância vencida pelas poderosas lentes objetivas que buscam o melhor enquadramento e a imagem mais nítida.  
O flightradar (www.flightradar24.com ) é o site que mostra em tempo real os voos em todo o mundo, sendo possível, por exemplo, seguir uma aeronave desde a sua decolagem até o seu destino final, acompanhando a velocidade, a distância já percorrida e a altitude. Clicando sobre o desenho do avião que está aplicado sobre o mapa do Google, abre outra janela onde se pode conferir a foto do mesmo.
Completando a parafernália tecnológica que faz a alegria dos spotters eles contam ainda com rádios scanners que monitoram as frequencias das torres de controle com as quais as aeronaves se comunicam o tempo todo. Pouca gente sabe, mas assim como existe o complexo rodoviário terrestre, no espaço não é diferente, lá em cima também tem estradas, neste caso, compartilhadas  por diferentes companhias aéreas de todo o mundo.
Para os leitores que desejam conhecer este hobby o acesso é pela avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, entrando à direita na rua Antônio Serapilha.

*Artigo publicado no Caderno 2, Jornal da Manhã/Marília, edição 15/10/2017


Ivan Evangelista Jr é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília e spotter  

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O conceito de vida orgânica no empreendedorismo

Já disseram que o essencial é invisível aos olhos, o que conta mesmo são as sensações.
Este texto foi inspirado após a leitura da matéria publica na Folha de São Paulo, edição desta sexta-feira(29/09/17). Achei muito interessante a parte que menciona a saca de café tipo premium vendida por R$ 3.500,00. E mais - depois de colhido o café tem prática de ioga em meio às plantas para ajudar no processo de descompressão do stress da colheita.
Por isso eu gosto de marketing e de trabalhar em projetos inovadores. É ver a vida mais além do que enxergamos, é ver possibilidades de agregar valor ao produto ou ao serviço e surpreender.
Dedico este artigo a amigos que continuam atuando para que a qualidade na produção e as boas práticas administrativas sejam mais difundidas e incorporadas aos processos. Gente que acredita na terra:
Graziela Grecco, Antonio Carlos Covolam ,Carlos Botino, , Cristiane Souza Aguiar, Silvia Furio, Carlos Freitas, Rosendo de Souza, Pereira e Toninha, Adonis Zimmermann e tantos outros anônimos nesta aventura.   
Boa leitura amigos.   

O conceito de vida orgânica no empreendedorismo

Durante minha trajetória profissional eu compartilhei várias experiências de lançamentos de projetos inovadores. O período em que estive vinculado ao Sebrae pondero ser um dos mais produtivos porque o órgão de apoio ao micro empresário sempre investiu no empreendedorismo e no acolhimento de novas ideias.
Hoje vivo novas experiências nas áreas da tecnologia e da inovação dentro da universidade e estou motivado pela velocidade das mudanças e da abertura de novos cenários.
Agroturismo Floresta - Lupércio/Sp
Foi assim que ao lado de colegas igualmente empreendedores, lá pelos anos 90, iniciamos a jornada de incentivo e capacitação para o Turismo Rural, uma nova ideia que tinha um objetivo simples, porém muito legal do ponto de vista negócio: ajudar o homem do campo a tornar sua propriedade mais produtiva e mais atrativa. Numa explanação bem rápida sobre este modelo de negócio a coisa toda consiste em: melhorar as práticas, desde o plantio, a colheita, a lida e o trato dos animais, a produção de queijos, linguiças, biscoitos, pães, licores e até a cachaça, entre outros, dentro de padrões de higiene que agregassem maior valor ao produto final.
E o turismo rural, onde entra nesse contexto? A resposta é: na oportunidade do turista viver estas etapas como hóspede na propriedade, ou como visitante de final de semana, e compartilhar a experiência do fazer, de por a mão na massa e gerar dividendos extras aos produtores envolvidos. Assim, ele poderá ir até o curral na madrugada ainda fria e acompanhar o retireiro na ordenha, depois vai beber o leite, ainda quentinho, adicionado de uma colher de chocolate ou mesmo de uma dose de conhaque.
foto internet
Enquanto isso acontece, lá na cozinha do sítio, na mesa de madeira rústica acomodada sobre o chão de cimento e vermelhão que brilha, a dona da casa ensina os visitantes a fazer a massa do pão com receita que leva ovos caipira, que eles mesmos colheram em ninhos de galinhas carijós, adicionando o fermento orgânico que vem de receita de mãe pra filha, desde gerações mais antigas e, para dar um toque especial, farelo de torresmo bem sequinho ou goiabada caseira como recheio.
Enquanto esperam a massa crescer, coberta com panos de pratos bordados e pintados pela filha mais nova, um aroma de café toma conta do ambiente; café caboclo, colhido, torrado e moído pela família, depois passado no coador de pano sustentado em mariquinha de madeira. Será servido nas canequinhas e bule de ágata, acompanhado de generosas fatias de pão caseiro e manteiga batida na mão, claro, feita com a nata do mesmo leite que é produzido no sítio. Pra quem gosta, tem coalhada.
No passeio do dia os turistas vão conhecer a represa, onde tem pesca de lambaris e traíras para o almoço, podem andar a cavalo ou de charrete e visitar outras propriedades vizinhas e adquirir produtos da roça. Licor de jabuticaba, geleia de amora, chutney de manga,  doce de leite, linguiça pura, e mais aquela variedade de biscoitinhos da vovó que são a alegria da garotada.
Na hora da boia (o almoço) arroz soltinho, feijão cozido na hora, verdura refogada em frigideira de ferro, tudo feito no capricho no fogão a lenha,boa variedade de saladas com verduras que os turistas colheram na horta, orgânica, verduras lavadas com água que vem lá da mina da encosta do morro. O frango caipira não pode faltar, é tradição do interior paulista.
foto internet
Tem ainda carne de porco e de boi, a opção é dos convidados, o que importa mesmo é que os bifes serão fritos em um disco de arado, chapa improvisada sobre a lenha fumegante, servidos em travessa de louça branca, ornados com cebola dourada no caldinho de fundo de panela da fritura. a farofa de banana da terra e ovo frito completam a mesa simples, porém, farta e colorida, mesa compartilhada pelas  famílias dos visitantes e os moradores.
A refeição é acompanhada de histórias sobre a vida no campo, do vento que entra pela porta sala e sai pela porta da cozinha, da vista do terreiro,do verde que enche os olhos das árvores do terreiro e de um sentimento de bem estar que há muito não se sentia. Uma pintura a ser eternizada.    
foto internet
Enquanto saboreia a refeição os olhos da senhora visitante correm pelos cantos da casa. Uma pequena prateleira de madeira guarda as panelas de alumínio que mais parecem uma vitrine de joias, tudo brilhando e impecavelmente areados, os pratos empilhados, o moedor de pimenta do reino, os vidros de temperos,o cilindro de fazer pão, o avental de bolso pendurado ao lado. Ah, tem um detalhe que me esqueci; o macarrão servido é aquele mais grosso,do pacote azul, regado ao molho de tomates vermelhos que também vieram da horta da família.
Depois do almoço, rede na varanda pra quem é de dormir, ou passeio de cavalo para visitar a cachoeira no pé da serra. A trilha que leva ao riacho passa pelo pomar do vizinho. Na volta é possível colher laranjas e cocos, cada visitante recebeu um bornal, feito de saco alvejado e pintado à mão.
Tá feita a feira da semana.Os produtos adquiridos podem ser levados em cestas artesanais ou nos bornais, tudo já faz parte do pacote especial.
De volta pra casa o carro com o porta-malas cheio de comida saudável e de lembranças que vão ficar para o resto da vida. 
Passeio no campo é tudo de bom.
*Artigo publicado na edição de 01/10/2017, Jornal da Manhã-Marília/SP

O link da matéria na Folha: (http://www1.folha.uol.com.br/serafina/2017/10/1920860-luxuoso-hotel-cinco-estrelas-abre-condominio-ecologicamente-correto.shtml)


Ivan Evangelista Jr, Gestor de Negócios com especialização em Marketing pelo Univem. É chefe de gabinete da reitoria do Univem, fotografo, articulista e autor do primeiro guia de roteiros turísticos de Marília.

As bandas marciais, mais o antigo time do MAC eram referências da cidade.Nos desfiles em datas comemorativas nos sentávamos na sarjeta da Sampaio Vidal a espera das apresentações. A batida forte e seca do bumbo, seguida do contraponto do surdo, marcava o passo dos atiradores do Tiro de Guerra.Coturnos impecavelmente engraxados, lenço branco no pescoço para os condutores dos pavilhões, farda engomada a ferro, armamentos polidos e cabeças altivas.
Olho na nuca do companheiro da frente e não perca o passo.Antes da partida do pelotão pela Sampaio Vidal o implacável Sargento Raul, o Raulzinho, pegava uma folha de papel e passava pelo rosto dos recrutas. Ai daquele em que o papel enroscava porque a barba não foi bem feita.
As imediações do palanque oficial era o local mais disputado pelas crianças e adultos porque também era o palco das melhores apresentações. Tinha que chegar cedo para pegar lugar na sombra. Os cotovelos e ombros disputavam cada centímetro da calçada. Levantar da guia para fazer xixi, nem pensar, perdia o lugar na certa.
Do começo da avenida onde a concentração ficava em frente ao Correio, chegavam pelo vento os acordes das bandas e fanfarras.
Nas apresentações a máxima "os últimos serão os primeiros" valia mais do que nunca porque era certo da última banda a passar conquistaria maior simpatia e aplausos da multidão.
Eu, ali, espremido com os amigos, ficava esperando a Banda do Senac, regida pelo Maestro Raymond Roger Rainville. Na condução da bateria o amigo Takashi Sonoda, um "sargento" na liderança dos seus comandados que ficavam atentos à mão direita que apontava para cima e determinava as entradas de novos ritmos.
As caixinhas repicavam feito pipoca em panela quente, era como se as batutas tivessem vida própria. Ermelino Flora desfilava com a turma e ao se aproximar do palanque cumprimentava gentilmente a cada um dos que estavam à frente da comissão de honra.
Depois vinha a Banda do Cristo Rei com a cor vermelha (da congregação) se destacando pelo visual dos uniformes. Passo forte, passo firme, marcado pela batida do bumbo que preenchia cada espaço da avenida Sampaio Vidal. Parecia que o bumbo batia dentro do peito, naqueles momentos o coração deixava de ter o seu compasso natural e assumia o ritmo da banda.
Foram os amigos Zarur e João Paulo Evangelista, salvo engano, que nesta mesma banda introduziram um jeito diferente de bater o bumbo. As baquetas ganharam duas longas tiras de couro que permitiam manobras incríveis antes de tocarem a superfície do couro esticado. Rodava na mão direita e marcava a batida, depois fazia algumas piruetas por cima do instrumento e com a mesma mão tocava o lado esquerdo do bumbo alternado em variações, o que era uma apresentação à parte.
Nesta banda a atração especial era feita pelas Liras que sempre nos brindavam com duas músicas em frente ao palanque."Esperem..., olhem lá na frente do Banespa,saiu a Banda da Associação de Ensino de Marília nas cores azul e branca. Olha o Wando Mendes, vestido com seu terno branco de linho e gravata em tom azul claro que acompanhava as cores da banda", ele, sempre ao lado do maestro dando as coordenadas para mais uma apresentação marcante.
Os pistões, os metais em geral eram o destaque na sonorização e na harmonia das melodias, todos muito brilhantes e dourados. O cabelo dos jovens sempre cortados no maior capricho e no "pé quadrado", feito a navalha esmerada, completava-se o conjunto do quepe e ornamento de cabeça com arremate de uma plumagem. ...Coisa de cinema!
E claro que não se posso deixar de comentar sobre as meninas da coreografia e a baliza, geralmente, a menina mais bonita da escola escolhida para representar a equipe. Parece que elas flutuavam entre um salto e outro.
Maquiagem perfeita, cabelo em forma de birote e preso com redinha, sorriso de atriz e olhos que tinham a missão de encantar a multidão.O irrequieto bastão de ornamentação das acrobacias era uma extensão de seus braços, e quando elas o jogavam para cima, bem alto, a gente ficava torcendo para que conseguissem pegar na volta. Quando isto acontecia surgiam os aplausos, muitos aplausos, retribuídos por ela com um delicado aceno de cabeça e o movimento gentil das pernas cruzadas atrás do corpo com muito glamour.
Nossos olhos inquietos corriam cada detalhe da avenida, o colorido das bandeirinhas vermelhas e brancas com o brasão do município ao centro, e as miniatura da bandeira nacional numa demonstração espontânea de exaltação aos valores morais e cívicos.
Os vendedores andavam de uma lado para outro com os papa-vento espetados em talo seco de mamoeiro, conjunto que formava um arco-íris barulhento, mais o cheiro da pipoca caipira, feita na hora, o picolé de groselha, vendido na caixa suja de isopor,porém tinha um sabor de manjar dos deuses ao refrescar o sol quente sobre a cabeça. No final do desfile se sobrasse algum trocado com o pai ou a mãe, comer um cachorro quente na barraca da esquina do edifício Cliper, com direito ao guaraná Antarctica..."num esquece de devolver a garrafa por favor! - Dá para furar a tampinha?"
Mais tarde, já em casa, tampas de panelas de alumínio eram transformadas em pratos de banda, as latas de 5 litros de óleo Zillo ou Senhorinha se tornavam os bumbos, a marmita era a caixinha e as pontas dos cabos de vassoura caipira, cortados sem a mãe ver, se tornavam as baquetas de uma nova banda, a banda dos amigos que se juntavam para falar e viver a fantasia do desfile mágico da manhã. Mas esta é outra história que eu conto depois.
Parabéns Maestro Clairton Basta, parabéns ao instrutor Marcos da Silva e aos brilhantes músicos da BANDA MARCIAL CIDADE DE MARÍLIA. Vocês no enchem de orgulho pela conquista do primeiro lugar no campeonato estadual. Quero vê-los em breve em desfile pelas ruas da cidade, faço a sugestão que seja num sábado, descendo a rua São Luiz e depois seguindo pela Sampaio Vidal até o Paço Municipal. Merecem aplausos, muitos aplausos!
Marília, cidade Símbolo de Amor e Liberdade, Capital do Alimento,e a mais nova Capital da Tecnologia Paulista. Agora, por bmais uma vez,é a cidade que tem a melhor Banda Marcial do Estado de São Paulo.
Orgulho de ser Mariliense.
Ivan Evangelista Jr, membro da Comissão de Registros Históricos de Marília

*Este artigo foi publicado também na edição do dia 01/10/2017 do Jornal da manhã.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Do brontossauro especial dos Flintstones para o pedido online de sanduíches para a família dos Jetsons já foi um passo importante na década de 70. Mais adiante na história (1982) eu fui ao cinema assistir ao espetacular Blade Runner. Depois desta, assisti mais outras tantas vezes e devo assistir outras mais.As imagens, o enredo, a trilha sonora de Vangelis são demais.
O filme me encantou com seu cenário futurista, com as tecnologias inovadoras, como por exemplo, o táxi que chega na sacada do apartamento, ou o complexo controle do trânsito de veículos que voam ao invés de rodar nas vias.
Neste ano de 2017 os drones, estão chegando ao Brasil por valores mais em conta e vão possibilitar as pessoas se tornarem pilotos de aeronaves não tripuladas, com a vantagem de poder gravar os passeios e fazer fotos de ângulos nunca antes imaginados. (vide link de vídeo no final)
Empresas já utilizam estes aparelhos como "inspetores" para trabalhos com alto índice de periculosidade ou para fazer diagnósticos de rescaldo após tempestades e registrar os estragos em coberturas de prédios ou regiões de difícil acesso sem arriscar vidas.

Conta a história que aqui em Marília, creio que foi em 2014, um amigo apaixonado por aeromodelos, experiente, decolou um avião de controle remoto da sua residência (zona e foi até as imediações de um shopping na zona norte levando uma garrafa pet como carga experimental. Tudo gravado por uma pequena câmera de vídeo acoplada ao aparelho.
Há também discussão em andamento se em breve as pizzas e pequenas encomendas poderão ser entregues por drones nos grandes centros. A primeira experiência deu zebra por falta de regulamentação, fato normal, mas é certo que vão continuar insistindo até as coisas se ajeitarem.
Das carruagens puxadas por cavalos aos carros, compartilhando o mesmo espaço nas vias públicas, depois os bondes elétricos... também já foram um grande desafio coletivo. Passou.
Vejam esta notícia de 2014:
Pizzaria de SP faz delivery com drone e entra na mira de Anac e FAB
Em teste, drone entregou pizza de pepperoni em cobertura de Santo André.Donos do estabelecimento não pediram autorização para realizar sobrevoo.
Aproveite e assista ao vídeo - Represa Cascata / Marília (13/07/2017) - produzido por Italo Salutti . Depois me responda: é o não é fantástico poder viver neste século e conferir todas estas possibilidades?
https://www.youtube.com/watch?v=oxeQJzthXYo

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Este maremoto chamado TI


O conteúdo deste artigo surgiu após a leitura da edição dominical (9/07) do jornal Folha de São Paulo onde o tema tecnologia é vastamente explorado. Na pág. A23 um bom texto sobre como a inteligência artificial está ganhando espaço nas empresas e assumindo funções variadas.
Se ela ganha espaço,pensei,nós humanos estamos perdendo espaços e fui conferir a realidade dos fatos. Num outro artigo na mesma página já encontrei respostas: As empresas que utilizam a inteligência artificial em suas tarefas afirmam que o avanço da tecnologia no mercado não tornará o trabalho humano obsoleto, mas irá acabar com muitas atividades repetitivas e que não exijam qualidades como empatia e criatividade. Segundo seus pesquisadores a inteligência artificial será uma ajudante dos humanos para tornar seu (o nosso)trabalho mais produtivo.
Daí eu pensei: a gente tem que se preparar para se engajar nesta nova onda e entender como utilizar as novas ferramentas a nosso favor, assim como, as universidades, berço natural da formação de novos profissionais devem adequar suas matrizes curriculares nos diferentes cursos para promover esta integração durante a fase de construção do novo ser profissional que irá atuar neste mercado cada vez mais competitivo e veloz.
A IBM fez parceria com o Hospital do Câncer Mãe de Deus e utiliza o Watson (uma plataforma de inteligência) para ajudar no diagnóstico e sugerir tratamento dos pacientes. Outra empresa, a Kraft Heinz, já utiliza a inteligência artificial na seleção de trainees. E ainda na área do direito,a Linte, é exemplo de uma empresa que desenvolve inteligência artificial para o setor jurídico.
Esta integração homem e softwares é como uma onda de tsunami que não temos como segurar. Está acontecendo e será cada vez maior a cada dia. Exige de nós maior atenção e o desenvolvimento de novas habilidades e competências para não perdermos o barco da história. Falo aqui dos cinquentões, como eu, e desta moçada que está entrando no mercado agora.
Mais adiante, na mesma edição, uma outra matéria diz que as novas tecnologias já estão ameaçando os trabalhadores indianos. De imediato eu fiz uma releitura mental do best seller "O Mundo é Plano", autoria de Thomaz Friedman,  que me encantou com suas revelações sobre a dança dos empregos na era da tecnologia do século XXI.
Para encerrar, na mesma edição (pag. B5-Cotidiano) fiquei sabendo que um novo projeto na capital paulista está sensibilizando pessoas para doação de voz e auxiliar outras pessoas que perderam a fala. Criada em 2016, a startup a Soul-Vox tem como principal proposta humanizar a comunicação de pessoas após complicações de saúde que comprometeram a fala, ou seja, humanizar o tratamento e o pós tratamento.
Minha nossa. Em uma única edição de domingo eu tomei uma overdose de ânimo e de adrenalina para buscar contribuir cada vez mais com os processos de mudança do ensino e do aprendizado nas universidades. Tudo depende de nós, educadores e professores, a velocidade da mudança aumenta numa proporção randômica à nossa vontade e exige mais flexibilidade em todos os sentidos. Bem-vindos ao futuro.
Ivan Evangelista Jr
É chefe de gabinete da reitoria e membro do Grupo de Planejamento Estratégico do Univem/Marília
*Para leitura dos artigos mencionados:

sábado, 27 de maio de 2017

A bolacha da AFA e a história do T-37

Um presente muito especial.

Esta carta acompanhou o presente que a Vera Cordeiro me enviou pelo Correio

A "bolacha" do Esquadrão AFA
O T-37 surgiu na década de 1980, fabricado pela norte american CESNA AIRCRAFT  Company que obteve grande sucesso, mas o lançamento comercial teve início em 1984 patrocinado pela FEDEX. Recebeu o apelido de 4X 4 ou "Jipe dos Ares", podia pousar até em pistas de areia, mas no começo só era usado com propósitos militares, de treino ou transporte.
O motor era o Caravan Turbo-hélice, Pratt & Whittney - Whitney  PTGA.
Esse avião foi utilizado na FAB para treinos, inclusive aqui perto (São Carlos) na AFA de Pirassununga e foi justamente lá que o conheci na época de 1987. A AFA é uma academia de nível superior da Força Aérea do Brasil, fundada em 1960 e situada no Campo Fontenelle, na estrada de Aguaí-Pirassununga, SP-225, Km 39. Os cursos de graduação são plenos, porém são diferentes do sistema dos civis, regulados pelo Ministério da Aeronáutica e em parte pelo Conselho Federal de Educação.
Forma engenheiros e administradores voltados para a área militar, principalmente com caças, há instruções de paraquedismo, sobrevivência em selva e no mar, além da "Esquadrilha da Fumaça", que utiliza os Tucanos.O início do treinamento acontece com o T-25, por 75 horas, na sequência passam para o T-27 (que é um turboélice avançado, até completar 130 horas de voo.
Existe na AFA uma parte aberta ao público, onde fui muito bem recebida, inclusive almocei no restaurante com os oficiais em 1977em visita agendada. Para o público em geral estão abertos aos finais de semana.
Vera Cordeiro e o vereador Wilson Damasceno
Por ser muito perto de São Carlos, inclusive as vezes fico assistindo do quinta de casa o treinamento dos caças; imagine ver um descida em parafuso de sua casa, claro que assusta, mas é bonito, acho que é um privilégio, visto que sempre me interessei por aviões.
Quanto a Esquadrilha, ela começou com o T-24 que era aeronave francesa, conhecido como "Super Fouga Magister", usados até 1972, depois houve um deles fabricado na FAB, e na sequencia o T-25 (Neiva -25) que foi usado até 1983, em seguida o T-27, já fabricado pela EMBRAER, isso a partir de 1983.

Aeronave modelo T-37
Quanto ao T-37, teve início em 1968 e atuou por aqui em treinos até 1987, quando nos despedimos dele. Entrei no avião, mas não voamos,  mas ganhei a "Bolacha", assim como eles chamam,  para costurar em algum blusão ou calças, mas guardei.  

A "bolacha" era utilizada no uniformes na época dos treinos com o T-37 quando do início na "Esquadrilha da Fumaça", sendo aeronave fabricada pela CESNA AIRCRAFT.
                                          * Por Vera Cordeiro


* Anotações do autor: Vera é irmã de dois grandes amigos, o Nene Crdeiro, já falecido, e o Marcos (Marcão Cordeiro), médico e professor, pessoas que tive a alegria de compartilhar bons momentos nesta jornada. É também autora do livro Uma Carta para Elvira, dedicado à memória de sua mãe, onde conta a história e lembranças da família Cordeiro.
Na foto é o registro do momento do lançamento do livro na Câmara Municipal de Marília.

Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, Chefe de Gabinete da reitoria do Univem, fotógrafo e autor do primeiro Guia de Roteiros Turísticos de Marília.


domingo, 21 de maio de 2017

O Museu de Paleontologia de Marília e o turismo científico

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O turismo científico é uma fonte de renda e geração de empregos que agrega uma série de benefícios para inúmeros segmentos da economia e promove os pontos fortes da cidade. Outra grande vantagem que é após a expedição os atores envolvidos produzem artigos que serão publicados e repercutidos em periódicos e revistas científicas do mundo todo, sempre ilustrados com fotos e com dados sobre a cidade e os locais visitados.
Além doa vocação para o turismo de negócios que concentra uma série de atividades em torno do comércio, da indústria e do setor varejista, a cidade de Marília tem o Museu de Paleontologia que nos integra ao seleto elenco das cidades que contam com um atrativo cultural muito singular e que pode ser muito mais explorado do ponto de vista econômico e promocional.
Três dos pesquisadores  pela primeira vez no Brasil
Na tarde do sábado, 20/05, desembarcaram no aeroporto local cinco pesquisadores internacionais para conhecer de perto o trabalho do paleontólogo Mariliense William Nava e visitar o museu local que foi organizado com fósseis encontrados na região de Marília. Segundo Nava, o convite para os visitantes surgiu após a sua participação como palestrante convidado, em evento científico no estado do Rio Grande do Sul, onde teve a oportunidade de mostrar parte do seu trabalho de pesquisas e despertou o interesse dos pesquisadores.

Tal qual o caixeiro viajante William levou na mala uma oferta de produtos e serviços que certamente poucas cidades podem oferecer. Explico. A variedade dos fósseis descobertos na região é algo que surpreende, sendo o conjunto mais completo o Mariliasuchus, uma espécie de crocodilo, com cerca de 60 cm e que viveu em nossa região no fim do período cretáceo. Mais recente William se tornou manchete novamente dos principais órgãos de divulgação científica e da grande mídia com a descoberta dos restos fossilizados de um Titanossauro na beira da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, sendo que os primeiros indícios do que veio a ser um dos maiores sítios de pesquisas paleontológicas surgiram no ano de 2009 após uma visita ao local e a descoberta da ponta de uma costela fossilizada. Literalmente esta costela exposta no barranco foi o fio da meada de um grande acontecimento.
Conhecendo o acervo
Neste domingo (21/05/2017) a expedição de pesquisadores seguiu para a cidade de Presidente Prudente onde vão escavar o solo por uma semana na busca de novas descobertas. Em outras visitas Nava já encontrou fósseis de pássaros, de tartarugas e outros que indicam ser o local uma grande possibilidade de novas e importantes descobertas. O método inicial deste trabalho é sempre o mesmo, a observação, contando é claro com a experiência do pesquisador que tem o olho clínico para identificar o tipo de solo que tem o potencial de guardar restos fósseis.


O trabalho de Nava já rendeu para a cidade de Marília uma grande vitrine de marketing que em minha opinião foi pouco explorada pelo município. O escritor e autor de novelas  Walcir Carrasco se inspirou na história do Willian Nava para escrever a novela “Morde e Assopra” e que foi sucesso na Rede Globo.  
Existe uma convergência de forças política e cultural para que o Museu Paleontológico de Marília ganhe mais apoio e incentivo. No momento as atuais instalações atendem o acervo de fosseis expostos em vitrines e algumas pequenas replicas em tamanho natural, porém, nosso potencial turístico requer a instalação no próprio museu e em outros locais estratégicos de réplicas em escalas bem maiores que certamente vão atrair um número maior de turistas.
Quanto mais fotos e selfs, melhor, quanto mais divulgação, melhor para a cidade e para o pesquisador que precisa do nosso integral apoio para continuar seu trabalho. Um museu com mais tecnologia, com expositores padronizados e contando com iluminação ambiente planejada, para valorizar as peças expostas e criar o efeito 3D já seria um passo a mais na busca da excelência do atendimento ao turista.
Os museus mais modernos são organismos dinâmicos e permitem uma maior integração com os seus visitantes estimulando os sentidos, proporcionando a oportunidade de novos aprendizados e despertando o interesse pelas nossas origens.

Projeto cultural fez exposição de replicas em praças de Marília
O Museu de Paleontologia tem registro em várias em publicações científicas de paleontologia, como: Geologia Colombiana (1999), American Museum Novitates (2006), Gondwana Research (2007)  Bulletin of Geosciences (2009), Academia Brasileira de Ciências (2011) Cretaceous Research (2012) e  Zootaxa (2013), entre outras, e já conquistou espaço de mídia nos jornais de grande circulação nacional: Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo/RJ: estaduais como  o Estado de Minas, Zero Hora,   Diário Oficial do Estado de S. Paulo, Diário Popular.
O endereço do Museu de Paleontologia : Avenida Sampaio Vidal, 245, esquina com Avenida Rio Branco – prédio da Biblioteca Municipal. fone (14) 3413-6238, a entrada é gratuita.


Autor: Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, chefe de gabinete da Reitoria do Centro Universitário Eurípides de Marília, fotógrafo, e autor do primeiro Guia de Roteiros Turísticos de Marília.  

*Confira a matéria publicada pelo Jornal O Imparcial, de Presidente Prudente, após nosso contato:
http://www.imparcial.com.br/site/paleontologos-buscam-fosseis-em-area-prudentina  

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Do Panorâmio para os vídeos

Há alguns anos eu comprei a máquina fotográfica que tanto desejava, foi uma Nikon F 601, adquirida de um amigo decasségui que precisava retornar ao Japão. Na época o dólar estava 1 x 1 e o valor da passagem era o mesmo da máquina, algo em torno de R$ 1.300,00. Foi uma boa aquisição.
Depois de alguns ensaios urbanos eu decidi explorar as vicinais que estão na região em torno de Marília. Cada final de semana escolhia um trecho diferente e pé na estrada, assim, andei boa parte das vicinais que ligam Marília aos distritos vizinhos e também às cidades localizadas num raio de até 50 km. Visitei o Bairro da Graminha, a Água da Formiga, o Morro Redondo, o bairro de Catiqueis (Catequese) , Avencas, entre outros, e tudo foi inspirado por um outro contador de histórias.

Eram locais sempre mencionados pelo meu saudoso sogro Paulino Munhoz Plaça, criado na “Avenca”, andou muito trecho em lombo de burro e de cavalo pra buscar mantimentos e fazer negócios com a produção da pequena propriedade tocada por ele, seus irmãos e sua mãe.
Das suas contações eu guardei na memória os trechos e locais mais curiosos e fiz uma lista de visitas para conferir de perto tudo que me impressionou pela riqueza de informações. Foi assim que percorri boa parte dos mesmos trechos, inspirado por um homem que sempre foi apaixonado pela terra, materializando suas palavras em imagens coloridas.  


Valtinho Saia
Com a ajuda do Valtinho (Valter Eugênio Saia) consegui um mapa da região que me ajudou na localização dos rios e riachos. As histórias do Seu Paulo sempre passavam pela água, referência comum aos caboclos e sitiantes para dar uma localização, como por exemplo: “fica lá perto da  Água da Cobra”. Mas tem outras, a Água Sumida, o Córrego do Pratinha, o Córrego do Veado, a Água da Coruja, e mais um monte de denominações bem sertanejas, todas oriundas do período de ocupação desta faixa do estado de São Paulo.


A cada nova expedição eu fazia um monte de fotos, depois, eram indexadas no Panorâmio, um sítio disponível na internet onde se compartilhava fotografias pela internet, e o melhor, com a localização exata e comentários. 



Creio que passei de mais de 800 fotos indexadas no Panorâmio, porém, foi desativado, hoje, está substituído pelo Google Maps.As fotos registravam o número de visitas que recebiam e algumas delas realmente extrapolaram as expectativas deste autor.




Foi assim que mais recente eu recebi uma mensagem do prof. Elândio Ferreira que também gosta de pesquisar a nossa história. Trocamos algumas informações e ele me disse que acompanhava as fotos publicadas e aproveitava sempre que possível para organizar novas expedições.
Vez ou outra,enquanto escreve novos roteiros, ele aciona o bate-papo do Face e vamos trocando informações. E neste último vídeo ele realmente me surpreendeu, e por vários motivos: pelo cuidado na pesquisa das  informações, pela edição das imagens e o capricho de utilizar o recurso do P&B para pontuar referências a episódios passados, enfim,  vê-se que o prof. Elândio está se aprimorando na arte da imagem e da pesquisa.Que venham novos projetos.

Assista ao vídeo em:       https://youtu.be/sa40ufopwBc

Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos, Chefe de Gabinete da Reitoria do Univem.        

domingo, 5 de fevereiro de 2017

92 anos, e sempre alerta

Ao centro, Oswaldo, neto de Bento de Abreu


O telefone toca e meu amigo Oswaldo Passos de Andrade (Osvaldinho), me faz o convite: “Passa aqui na fazenda Cascata, vamos comemorar os 92 anos do Minhão, lá no terreirão do café, com roda de fogo e tudo mais que pede o bom escotismo”. Que honra ser convidado para as comemorações do aniversário de um dos personagens mais conhecidos e respeitados da história de Marília.
Por volta das 19h30 cheguei à sede da fazenda e já me encantei de ver os portões abertos novamente e todo aquele movimento de pessoas, das crianças correndo soltas pelo terreirão, da mesa de madeira, arrumada com os comes e bebes que os convidados traziam e deixavam ali para a degustação de todos.





Gean Paul Lebeal (Minhão) 
Minhão estava na entrada do estacionamento, acompanhado pelo irmão Mateus e recebendo alguns amigos. Devidamente uniformizado ele parecia ser o mesmo escoteiro inspirador de tantas crianças e jovens de anos passados. Num relance de memória, ao vê-lo, assim vestido, me transportei para os desfiles comemorativos na Sampaio Vidal, onde a passagem dos escoteiros era anunciada com galhardia. O comandante Minhão estava sempre lá, encarava altivo o público, acenava e sorria como a dizer: “Estes são meus garotos e garotas, tenho muito orgulho”.

Acolhido com todo carinho por todos que se aproximavam para tirar uma foto com o ídolo, ele apertava firme as mãos e buscava no fundo de suas memórias o nome da pessoa. Vi ali muitos olhos rasos de lágrimas, muitos mesmos, parece que a máquina do tempo levou o comandante e os comandados para uma viagem de renovação das almas.



Luiz Eduardo Carvalho Leme (Dado) e o ídolo Minhão  
O Dado (Eduardo Leme) foi escoteiro e levou um presente especial para o Minhão, uma goiabada Cascão; ao que consta doce muito apreciado pelo aniversariante. Mas neste reencontro eu percebi também certo mea-culpa; Dado me contou que nos acampamentos, ao anoitecer, esperavam a turma dormir para “buscar” na intendência, às escondidas, o doce e dividir com os amigos. Creio que o aniversariante entendeu o pedido de perdão.
Um apito soou alto e todos são chamados a fazer a roda em torno das pilhas de lenha que estavam organizadas para as fogueiras. O Gustavo (Mestre pioneiro) deu as boas vindas aos amigos e contou um pouco da história de vida do aniversariante. Explicou também sobre o “Fogo de Conselho”, ritual criado por Baden Powell, fundador do movimento escotismo, onde na última noite de acampamento os participantes se reuniam em volta da fogueira para brincar, contar suas tradições e ouvir conselhos dos mais velhos, uma espécie de ritual de passagem.
O movimento escoteiro está em Marília desde 1958 e no mês de agosto do mesmo ano foi realizado primeiro acampamento na Fazenda Flor Roxa. Os fundadores foram o Padre Herman Price e o Irmão Luiz Felipe Cadore, e no ano de 1962, o Minhão, vindo de Minas Gerais para Marília, para lecionar no Colégio Cristo Rei, assume a chefia do grupo escoteiro, posição que ocupou até o ano de 2001 quando passou o comando.

Irmão Mateus fez a prece e a fogueira foi acesa. Renovou os votos da amizade eterna e fez a oração da generosidade no que foi acompanhado por todos que conheciam a prece. Neste momento o céu, já quase apagado, conspirou em favor do evento e os anjos arrumaram as nuvens de tal forma que não seria possível encontrar melhor moldura para o cenário de festa.
Sob a inspiração do fogo ainda tímido o comando da roda foi passado ao chefe Geraldo que abriu a palavra aos presentes. A energia trocada entre o grupo era forte, os depoimentos sobre a importância da passagem do Minhão em suas vidas foram surgindo de forma espontânea, um testemunho coletivo de um tempo que marcou a história de vida de muita gente.

Minhão acompanhou tudo sentado em sua cadeira, entre sorrisos e abraços, fez questão de levantar-se toda vez que alguém se aproximava para pedir uma foto em sua companhia. Ao apertar suas mãos na despedida senti uma energia boa, daquelas que somente as pessoas mais idosas e mais experientes, sabem compartilhar de verdade com a gente quando estão felizes.
Parabéns Minhão, seja sempre feliz.


Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília, fotografo e Chefe de Gabinete da Reitoria do Univem.