quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Marília, o novo ponto de encontro dos chineses


Em todas as oportunidades que surgem durante eventos ou seminários sobre o desenvolvimento econômico local e regional eu gosto de comentar o fenômeno da globalização que estamos vivendo no comércio de Marília.
Os chineses chegaram com toda a força, eles são bons no comércio varejista e estão ocupando os principais pontos na área central da cidade. Numa visão de futuro eu vejo que em pouco espaço de tempo eles vão se instalar na Nova Marília, pois sabem que comércio e público estão diretamente ligados. 
No começo, ainda tímidos, eles optaram por pontos estratégico de vendas de salgados. Nas ruas Nove de Julho, Prudente de Moraes, Quatro de Abril, Sampaio Vidal e rua São Luiz (o quadrilátero comercial da cidade) encontramos diversos estabelecimento sob a direção de empreendedores chineses. 
Tem um deles que me chama a atenção em especial pela logística de utilização de espaço. Fica na esquina da Rua Nove de Julho com a Carlos Gomes. Tem atendimento de balcão, tem atendimento de mesa, tem geladeira frigobar para autoatendimento de refrigerantes e sucos, tem escada em caracol para acesso ao piso superior, ou seja, o investidor aproveitou cada espaço para área de venda e atendimento.
Ao ver todo este movimento eu penso que este volume de investimentos novos está alicerçado naquela velha história do "um conta pro outro".
Fico imaginando o diálogo por telefone entre os que aqui estão e outros que moram fora: " E aí, onde você está, São Paulo? - Não, estou em Marília? Onde fica? Interior de São Paulo.- E está dando certo? - Muito certo, tem muitos outros chineses vindo para cá, o comércio é ativo, tem muita gente com fome nas ruas e salgado vende bem."
Fora a linha de gastronomia de rua tem as lojas de presentes que estão inaugurando uma atrás da outra. Produtos populares, baratos, cabe no orçamento e se tornam a opção daquele "presentinho de lembrança"; seja de um aniversário de criança, ou aquele enfeite de Natal, a capinha do colorida do celular, a sombrinha, a blusinha, e outras "inhas" que de grão em grão enchem o papo.  
De onde eles estão vindo? Será que têm financiadores que estimulam a instalação de novos comércios em Marília? Será que existe uma "célula" que coordena a vinda de novas famílias e faz o financiamento até que estejam com o equilíbrio financeiro? Onde moram? onde se divertem quando não estão trabalhando? As imobiliárias estão prontas para atender a este novo investidor? Onde as crianças estudam?
Estas e outras perguntas estão ocupando parte dos meus pensamentos. Sou por natureza um observador e vivo a cidade intensamente.
Tem mais. Eles são do modelo MAKERS e gostam de por a mão na massa. Nas reformas dos prédios eles estão lá, de martelo, pincel, vassoura e furadeira nas mãos e executam pessoalmente os trabalhos.  Passei o último domingo pela rua São Luiz e adivinhem quem estava fazendo reforma em pelos menos mais três novos pontos comerciais? - Sim, eles, os chineses.
Outra observação legal que soma a este quadro de globalização que estamos vivendo em Marília; a Feira Livre de domingo.Sim, os chineses gostam de ir na feira, gostam de pechinchar (e como...), gostam de ofertas e gostam de patos, marrecos e gansos. A venda de galinhas caipiras na feira de domingo tinha diminuído e agora ganhou fôlego novo com a presença constante dos chineses nas bancas.
Eles chegam, perguntam o preço da ave, pegam pelas pernas e viram de cabeça para baixo, apalpam as entranhas, conversam no idioma nato entre si e depois regateiam o preço com o vendedor. Sempre sai negócio, parece que o pato, para eles, representa o mesmo que a macarronada com frango na mesa de domingo dos brasileiros.
Compram muita verdura, em especial o cheiro-verde que é base de tempero para muitos pratos.
Neste mês um destes investidores acaba de inaugurar duas mega lojas no coração da cidade e deixou muita gente de queixo caído. O prédio da antiga Tilibra foi demolido e ganhou construção nova, tudo no estilo rapidinho, pré-fabricado, pra ficar pronto logo e inaugurar em curto espaço de tempo. Para os chineses a frase tempo é dinheiro deve ser um mantra que levam muito a sério.
E não é que até na Amandaba eles já se enfronharam! O evento reúne pessoas e comerciantes simpatizantes de um estilo de vida mais saudável, mais light e mais zen. Pois os chineses estão lá com comida chinesa, yakissoba, rolinho primavera e mudas de Rosa do Deserto.
Para por aí? - Não. Eles conseguem vender pedregulhos brancos pintados com ideogramas chineses que se tornam a pedra da sorte para quem compra.
E assim vamos nós, acompanhando esse admirável mundo novo em Marília. Já comprou a sua pedra da sorte?

Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão de Registros Históricos de Marília e fotógrafo.

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