domingo, 11 de dezembro de 2011

Apicultura fixa o homem na terra

Apicultores instalam novas colméias em área rural



Fazendo a manutenção de colméia - uso do fumegador
 
Reunião da AMAR, na Secretaria da Agricultura

Amar-Marília é uma alternativa para a produção no campo
Na apicultura, o mel para consumo alimentar é considerado como a parte mais simples da cadeia produtiva. Ou seja, não é o produto mais nobre ou o mais valorizado economicamente. Acima dele, estão o própolis, considerado excelente medicamento ou preventivo para algumas enfermidades, o pólen, a geleia real e a coleta do veneno da abelha para fins de produção de vacinas e medicamentos. Mas, neste pouco tempo em que estou participando dos encontros da Amar (Associação dos Apicultores de Marília e Região), noto que a essência do trabalho associativista desenvolvido aqui - desde a sua fundação, no ano de 2006 - é substituir as questões econômicas e do empreendedorismo pela preocupação com a sustentabilidade das ações. Nada mais saudável e em plena sintonia com o momento delicado do planeta, que nos dá sinais constantes de esgotamento.

O apicultor, por natureza de ofício e por paixão, é um preservacionista de plantão e está sempre antenado em manter o equilíbrio dos recursos naturais que utiliza nas suas atividades.
Para ter uma boa produtividade, é preciso que o pasto apícola seja de primeira qualidade e aqui temos os vales e Itambés com variedades atrativas, entre elas, o Assa-peixe, o Capixingui, Sangra D’Água, Ingá e o Angico, regiões estas onde não ocorre a aplicação de agrotóxicos. A conservação e a proteção do conjunto de plantas de uma determinada região, que são fontes de coleta de matéria-prima para as abelhas, são fatores fundamentais neste contexto. Vale o mesmo para as nascentes, fonte de água limpa para as colônias produtivas e de renovação de toda a vegetação; a água é fonte de vida para os homens e para os animais.
Próximas dos apiários, sempre vamos encontrar áreas em que o plantio de mudas de espécies melíferas foi incentivado por grupos preservacionistas ou contaram com a iniciativa de apicultores; quem ganha com isso somos todos nós. Se temos mais abelhas na região, haverá maior polinização, teremos mais frutas e maior reprodução de espécies nativas que promovem o equilíbrio do meio ambiente.
Na reunião da Amar, realizada no domingo, dia 4 de dezembro de 2011, tivemos uma visão geral dos companheiros que compartilham esta experiência fantástica de manter a atividade familiar da apicultura em nossa região, bem como nas cidades de Pompeia, Tupã, Vera Cruz, Echaporã, Parapuã, Bastos, Garça.
São pessoas simples, gente que tem paixão pela natureza e que investe no aprimoramento das técnicas da apicultura sustentável. O resultado econômico faz parte, sim, não há dúvidas, mas antes de tudo estão o companheirismo, a troca de informações, o prazer dos encontros e de compartilhar uma atividade que reúne pessoas de alto astral e que pensam sustentabilidade.
A Amar, sob a presidência de Antônio Fernando Scalco, está prestes a instalar a Casa do Mel, resultado de muito trabalho de pioneiros que sempre acreditaram nesta ideia de ter um centro de coleta, armazenamento, envasamento e distribuição dos produtos gerados pela apicultura. Mas, antes de tudo, é preciso conduzir os associados para um padrão de procedimentos e técnicas de manuseio que garantam a qualidade no final da linha de produção, caseira e profissional, trabalho que vem sendo realizado com o apoio do Sebrae e da Secretaria da Agricultura da Prefeitura Municipal de Marília.
Este é o atual desafio: trazer os produtores informais para as inúmeras vantagens do mercado formal, apresentando produtos que tenham boa aceitação e que sejam “sifados”, expressão utilizada para indicar que o mel tem origem de procedência e registro no SIF (Serviço de Inspeção Federal), atendendo aos requisitos sanitários da produção e comercialização da alimentação saudável. A associação está forte e bem conduzida por seus diretores. Os caminhos estão delineados e, em breve, teremos boas novidades.
Não há dúvidas de que a apicultura é boa alternativa para manter o homem na terra, com benefícios diretos ao meio ambiente, ao desenvolvimento sócio-econômico da região e ao aumento da renda familiar. A criação de enxames caseiros faz parte da história de muitas famílias, principalmente quando as casas tinham quintais grandes, com plantio de frutas e hortaliças que abasteciam as mesas.
Conta-nos, também, o amigo e agricultor Paulino Munhoz Placa que, durante o período pós-guerra, saía em lombo de burro do Distrito de Avencas em direção à estrada para Pompeia. Lá, havia uma venda que comercializava açúcar mascavo no mercado paralelo. Foi neste período que a produção caseira do mel minimizou os efeitos da escassez de alimentos na mesa do caboclo brasileiro.
Ivan Evangelista Jr
É membro da Comissão de Registros Históricos de Marília
Artigo publicado no Jornal Diário de Marília, edição de 11/12/11







Um comentário:

  1. Ivan, toda iniciativa é válida...
    eu aposto nelas todas e acho que o mel tem muito valor agregado... vale a pena tentar!

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