segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Viva melhor. Seja sustentabilidade

 


Um passeio rápido hoje pela manhã pelas redondezas da Cascata para trocar os ares e foi possível apreciar as mudanças na paisagem em geral. O gado vacum continua pastando bem próximo da cerca que divisa o meio rural do urbano, com cara de paisagem vai mascando seu capim verdinho e olhando o movimento do outro lado da divisa.

Nas imediações da represa o novo loteamento grita em placa monstro que está 100% vendido. Máquinas enormes que mais parecem dragões ou dinossauros comem montes de terra e depois vomitam em outro canto e, assim, vão transformando a paisagem ao seu entorno e desenhando quadros simétricos para receber as novas casas.


A represa depois de amargar seca das mais intensas e se tornar manchete da sinônima agonia que vivemos nesta pandemia agora bufa de água. Coisa que deu certo foram as lixeiras instaladas pela Ong Origem e que resistem fortemente e servem ao seu propósito. Observado menos lixo nas margens e muitas lixeiras cheias aguardando a coleta.


Completando o circuito vou até a área vizinha do aeroporto (Praia dos Spotters) que faz divisa com a Cascata e já se tornou local de grande visitação, especialmente, nos finais de semana e feriados. É comum ver rodas de jovens que aproveitam o espaço aberto para curtir músicas, tomar um Tereré , estender pano sobre a grama e tirar um cochilo...viver a vida.

Neste local o lixo também é problema. Muitas garrafas e embalagens de alimentos consumidos. Fato lamentável visto que famílias e crianças são frequentadores assíduos e aproveitam dias de sol para brincadeiras e lanches e manter limpo é condição ímpar para a melhor qualidade de vida de todos.


Na extensão da Av. Brigadeiro, lado direito, sentido centro-bairro, já está quase pronta a nova calçada que vai seguir até o final da Rua Antônio Serapilha. Uma extensa passarela de concreto que dá novo visual nos limites da fazenda com a avenida e vai se transformar em mais uma via privilegiada para corridas e caminhadas.

No percurso encontrei amigo sempre bem informado que comentou sobre o andamento das ações de privatização do aeroporto local. Segundo ele o processo se concretiza em março próximo e a partir daí a nova gestora terá prazo determinado para realizar as modernizações necessárias. Expansão da área de embarque e a construção de nova pista, paralela à principal, para manobras de aeronaves durante procedimentos de pouso ou decolagem são itens de prioridade.

E ao retornar para o escritório recebo boas novas sobre mais uma ação de conservação e sustentabilidade promovida pelo Grupo Vertical Rapel que reúne adeptos dos esportes radicais na região de Marília. Eles confeccionaram e instalaram placas coloridas com frases de apelo aos necessários cuidados com o meio ambiente.

O lixo é sempre o maior problema dos espaços públicos. A conscientização é o melhor caminho para reduzir a indiferença. Parabéns pela iniciativa.

* (Ivan Evangelista Jr - Membro do Comtur -Conselho Municipal de Turismo e colaborador do Codem – Conselho de Desenvolvimento Estratégico de Marília)

domingo, 17 de janeiro de 2021

Goiabeiras da nossa infância

 

Era o sonho deles. Uma casa na árvore.


Demorou mas enfim eles conseguiram. E foi no sistema mutirão, cada um ajudou um pouco e o sonho se tornou realidade em quatro dias. Tudo vistoriado e acompanhado bem de perto pelas crianças.

Todo homem é meio macaco e não por menos dizem por aí que somos deles os descendentes. Subir em árvores é algo encantador, que o digam as goiabeiras e seus galhos que se transformam em espaçonaves voadoras e se embrenham pelo universo. Se tiver goiaba, verde ou madura, o serviço de bordo é completo.

Na lida com as madeiras eu me lembrei que meu pai tinha o queixo torto porque caiu de um abacateiro e bateu com a cara no chão. Naquele tempo remédio era caseiro, tomou chá de tudo quanto é erva para tirar a dor e esperou “voltar no lugar”. Tomou sopa  e mingau de aveia que chegou a ficar enojado. Demorou tempo passar para poder mexer a boca e mastigar algo mais sólido.

O rosto ficou meio fora do esquadro, mas os movimentos voltaram e isto era o que importava. Abacateiro é traiçoeiro, já a goiabeira é mais confiável e para quebrar um galho tem que ser muito peso. Na falta da goiabeira foi outra espécie que serviu de base para o clubinho dos meninos.

Dos meninos? Bem, eles até que tentam segurar a onda e insistem em não deixar as meninas subirem, mas sabe como é mulher contrariada, pior que enxame brabo de abelha. Pelo menos é o que dizem por aí; vai saber se é verdade?

S


Só sei que desde que o clubinho ficou pronto o relógio precisou espichar as horas do dia. Sobem a escada com suco e o lanche, descem com brinquedos, sobem com guarda-chuva, descem com martelo, sobem com balde de terra e descem com as unhas tão encardidas que dá até gosto de ver. Nada que um bom banho não resolva.

E as meninas? Elas sobem a escada, eles, fecham a porta. Não demora vem o grito: abre ou eu vou chamar a vovó. Elas sabem que as avós são advogadas natas para as  causas mais difíceis. Apelam na primeira, na segunda e em quantas instâncias forem necessárias.

Tá bom então, vamos acabar com essa pendenga. Fazemos um clubinho das meninas na parte debaixo. Feito? – Nannaninanão.... eles ficam embaixo e a gente vai pra cima! Eita! Até que foi uma tentativa.

É, vamos ter que ir ajeitando as coisas como dá e as meninas vão continuar visitando o clubinho dos meninos ainda que o ingresso seja no grito.


Querem saber de uma coisa meninos?  Aproveitem enquanto elas ainda não pegam na vassoura. Quando vocês menos esperarem vão ter que tirar o chinelo pra entrar porque está tudo limpo. Dizem que é assim que tudo começou. É o que dizem.

Aproveitem, deixem o celular e o computador de lado, brinquem muito, riam bastante e curtam cada momento. A vida é boa demais e casa na árvore é tudo de bom.

Vou lhes contar um segredo: as goiabeiras estão acabando.

Ivan Evangelista Junior, membro da Comissão de Registros Históricos de Marília