sábado, 25 de fevereiro de 2023

Destino: Distrito de Padre Nóbrega

Criação da Estação de Estudos Ambientais e de sustentabilidade Este projeto nasceu a partir de visita na praça localizada ao lado e aos fundos da igreja Nossa Senhora Aparecida, localizada na Av. Sampaio Vidal, 379, distrito de Padre Nóbrega, oportunidade em que constatamos as belezas naturais e o consequente insight para a presente proposta. Justificativa e fatores favoráveis: O distrito de Padre Nóbrega faz parte do desenvolvimento socioeconômico de Marília, tem histórias e raízes culturais relevantes que merecem ser preservadas, conta com moradores que são pioneiros da sua criação, é ponto de encontro e de passagem de praticantes dos esportes do ciclismo, do moto Trail, das trilhas e caminhadas e se constitui em âncora de serviços e atendimento comercial para novas comunidades que se instalaram nos novos loteamentos em seu redor. Os comércios estão modernizando suas instalações, novos empreendimentos, novas atividades culturais e maior movimento na praça da igreja, ponto de encontro dos moradores e visitantes. Porém, próximo dali, existe um ponto de risco ambiental que merece atenção das nossas autoridades e secretarias municipais. Em terreno próximo ao cruzamento da linha férrea, pegando sentido Rosália, lado direito, área sofre com constante despejo de lixo e material inservível. No mesmo local já se observou uma “lagoa” que não se tem informações se foi formada por fonte de água ou por escoamento do esgoto. Hoje a lagoa está encoberta por plantas, mas devido ao despejo de lixo o ponto se tornou opção de “garimpo de reciclados” por populares que ficam vulneráveis a várias doenças e riscos. A estrada em questão é caminho para condomínios residenciais, chácaras e produtores rurais que dependem da sua conservação para escoamento de produtos agrícolas e transporte de gado, mais outro empreendimento de turismo rural que já conta com vários anos de funcionamento.
Por iniciativa do executivo e da Secretaria do Meio Ambiente, em parceria com outras secretarias municipais é possível reverter esta situação. Educação Ambiental seria a resposta mais assertiva para a solução dos problemas vividos. Trabalho que envolve a comunidade, as escolas municipais, professores e alunos, e os proprietários rurais da região.
A criação do Parque de Estudos Ambientais e de sustentabilidade envolve ações básicas e que não vão requerer grandes investimentos. Vejamos: a) Mutirão de limpeza da região impactada, retirada de material inservível e cercamento da área para proteção de invasões e despejos irregulares; b) Plantio de mudas de espécies arbóreas que respeitem o contexto da flora nativa e a integração com o meio urbano; c) Implantar uma estação de coleta seletiva de lixo, também conhecida como Ecoponto, com o detalhe da rigorosidade no cronograma de coletas evitando o acúmulo e o garimpo reciclável irregular, d) Criação de um projeto de “Adoção do espaço ambiental” por crianças e comunidade, trabalho que será desenvolvido com as escolas do distrito; e) Sinalização turística com vistas a orientação dos praticantes de esportes no meio rural, bem como, maior conscientização das riquezas naturais por meio de ações educativas continuadas; f) Fiscalização e monitoramento continuado por parte do poder público na preservação das melhorias, o que certamente vai encorajar a própria população a assumir o papel de vigilante e a consequente redução das ações irregulares. Quais equipamentos já existentes podem ser incorporados a esta proposta? A praça da igreja é ponto de encontro da comunidade e dos esportistas que aproveitam a sombra para o refazimento das energias. A praça conta com várias espécies já catalogadas, árvores enormes que chama a atenção pelo porte e, também, pela beleza das formas das raízes. Encontramos neste espaço o Araxixá e o Jequitibá, mas há outras que já foram igualmente catalogadas e tombadas na condição de “Imunes ao Corte” e “Sementeiras”. O pequeno jardim é muito agradável e por falta de uma maior atenção de nossa parte passa despercebido. Temos ali um conjunto de fatores e recursos naturais que podem sugerir a criação de um Parque de estudos ambientais que vai dar suporte na formação na educação de jovens e adolescentes, na integração com grupos de pesquisa de universidades. Está praticamente encaminhado o processo de criação de um espaço comunitário para a educação ambiental da comunidade local e dos visitantes, para tornar mais visível a riqueza da fauna e da flora e se constituir em um dos pontos turísticos de grande visitação na região.
As espécies arbóreas mencionadas, a praça, os estabelecimentos comerciais em frente ao espaço, somam outros fatores favoráveis: a) O conjunto de construções já existentes no local, sendo salão da comunidade religiosa que pode ser compartilhado com os organizadores e executores dos projetos ambientais, possui quadra de esportes, possui sanitários e lanchonete que atende diariamente, tem postinho de saúde anexo à praça, tem serviço de transporte urbano e outras facilidades;b) O jardim está localizado em região estratégica do distrito e conta com significativo movimento diário de pessoas e veículos que utilizam as vias de Padre Nóbrega e o acesso ao novos bairros do outro lado da pista(Montana, Cavichiolli); c) O distrito é regularmente freqüentado por grupos de ciclistas (bikers) que fazem o circuito Marilia- Nóbrega-Oriente- Avencas – Pompéia em vários dias da semana e com maior intensidade nos finais de semana; d) A região é rica em recursos naturais e biodiversidade, também é acesso para o distrito de Rosália por estrada de chão, tem pesqueiros que recebem visitantes com regularidade, é caminho de passagem para o empreendimento conhecido como Fazendinha, conhecido pelas atividades de educação ambiental e lazer familiar, é caminho de passagem para sítios e pequenas propriedades que atuam na produção de hortaliças e legumes e outras já capacitadas para a atividade do Turismo Rural. A criação do Parque de Estudos Ambientais pode envolver os seguintes atores:: Comissão de Registros Históricos da Câmara Municipal de Marília; Secretaria de Turismo, Secretaria do Meio Ambiente e Limpeza Pública, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria da Educação, Secretaria da Cultura, Secretaria e Esportes e Lazer e Juventude, em parceria com o Comtur e com as universidades interessadas na firmação de convênios para estágios e realização de trabalhos comunitários integrados.
Benefícios diretos e indiretos para a comunidade local: a) Melhor utilização de espaço comunitário com a conseqüente sensação de maior segurança, proteção e pertencimento; b) Com a intensificação de novas atividades, com a presença de grupos de estudos, pesquisadores, esportistas e visitantes em geral o comércio local terá impacto positivo no aumento das vendas e vai descobrir novas oportunidades de negócios que podem ser benéficas para novos empreendedores. O Sebrae, o Senac, o Senar, a Fatec , entre outras instituições e as universidades podem oferecer cursos de capacitação; c) A coletividade ganha um centro de estudos que tem perfeita sintonia com a sua proposta e o meio em que está inserido e, assim poderá ser indutor natural de novos empreendimentos no segmento do turismo e do lazer. Por conseqüência o meio ambiente é mais valorizado e as ações de preservação serão intensificadas; d) Com o desenvolvimento das atividades propostas os jovens estudantes da localidade poderão ser capacitados para atuarem como guias de turismo ambiental, vão conhecer melhor a história do seu distrito e dos pioneiros, das primeiras fazendas e famílias que contribuíram para a formação do patrimônio; e) A visitação em propriedades rurais e locais abertos será uma oferta a mais nas opções de lazer e cultura para Marília e região. Registro que no caminho de Nóbrega a Rosália tem a Serra das Sete Curvas que é um local de extrema beleza e muito agradável para passeios; f) Em questão de tempo a criação de novos roteiros turísticos será incrementada de forma natural podendo contemplar atividades de visita em propriedades de produção de estufa e colheita direto da roça para a mesa da cozinha; g) E para incentivar proprietários rurais e donas de casa podemos oferecer curso de manipulação de alimentos, produção de queijos e derivados de leite, artesanato e outros que poderão ter espaço na praça para comercialização a exemplo do que já acontece com a feira do produtor rural. Com todo este movimento de pessoas as vendas terão maior sucesso e a fixação do produtor rural no seu meio (e dos familiares) será outro benefício relevante. h) O espaço revitalizado seria um ponto de referência de ações positivas protetivas ao meio ambiente. No geral a ideia é que o Parque de Estudos Ambientais seja mais abrangente, incorporando a praça da igreja, o novo espaço arborizado, as propriedades rurais, a Fazendinha, o Sítio Olho D’agua e outras propriedades. O Distrito de Padre Nóbrega possui inúmeras condições favoráveis para se tornar modelo de turismo sustentável. Todos os recursos necessários estão disponíveis e a presente proposta é plenamente viável. Um olhar especial para a educação infantil e dos jovens e o desejo de despertar nessas gerações o olhar protetivo, o sentimento do pertencer ao meio e do comprometimento com causas sociais relevantes. O COMTUR se apresenta como indutor e integrante do conjunto de entidades e órgãos colaborativos na implementação do presente projeto. E assim que tivermos a adesão da Prefeitura Municipal e das Secretarias, dos parceiros mencionados e outros que são sempre bem vindos, podemos organizar um grande encontro com a comunidade local e convidados para apresentação da proposta.
Ivan Evangelista Jr, é o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Marília, membro da Comissão de Registros Históricos da Câmara Municipal de Marília, fotógrafo e autor do livro Guia Prático do Turismo Rural.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O macarrão de São Francisco

Algumas pessoas me perguntam vez ou outra por que eu gosto tanto da vida e do contexto rural. O caminho mais curto para a resposta seria dizer que estar junto ou próximo da natureza já é uma benção, porém não se trata somente de estar lá, o gostos é estar lá, de corpo e alma, para poder sentir e fazer parte. Quem sabe essa pequena historinha que vivi possa nos ajudar a fazer este caminho. No domingo acabou o macarrão lá em casa. A venda mais próxima fica a uns 4 km e a estradinha para Padre Nobrega tá sofrida com as águas fortes das chuvas. A solução foi bater na porteira do vizinho na ponta da rua e ver se tinha um pacotinho de macarrão para emprestar. E não é que tinha! Não apenas um, a moça dona da casa trouxe 5 ou 6 pacotes para eu escolher. Furadinho, sem furo, mais grosso, mais fino, enroladinho, tinha macarrão pra tudo quanto é gosto. Mas ela não veio suzinha não, a mãe dela que a gente adotou como vó, também veio dá bom dia enquanto tratava os canarinhos.
Não demorou nadinha e o cachorrinho Luck pulo na mureta na área pra chegar mais perto e fazer festa.
Vendo tudo acontecer lá de longe a Cacau, a cabritinha mini que anda solta pelo terreiro logo se achegou e igualmente pulou sobre a mureta para participar do grupo. Foi quando o Tinoco, o bezerro manhoso criado na mão e que se sente filho da família humana se encostou e botou a fuça na conversa.
Tinoco tava com a beiça sapecada porque um pouquinho antes foi lá onde a mãe (a Lena) tava fazendo doce de abóbora no fogão de lenha e, para não deixar de ser Tinoco, meteu o focinho no braseiro. Eu penso que ele como bezerro mimado que é, pensa que tudo ao seu redor seja ou tenha leite prontinho para beber. E foi assim que uma visita rápida para pedir macarrão emprestado se tornou pretexto para a bicharada se juntar na conversa. Tudo junto e misturado ali na área da casa, e todos os bichos mencionados são do tipo que se não fizer um agrado não tá bom. Agradeci a atenção e fiquei comprometido de devolver o pacote assim que repor os mantimentos na dispensa de casa. E num daqueles raros relances da vida em que o universo nos abre a terceira visão, voltando o olhar para me despedir do grupo eu vi o Chiquinho. Tava lá, com sorriso largo no rosto e só apreciando a resenha. Será que agora eu consegui explicar melhor porque a vida na roça é tão boa?
(*) Olha só a imagem do Chiquinho com o Tinoco assuntando o que ele tem nas mãos. Ô bezerrinho mimado sô!