sábado, 17 de abril de 2021

Moradas e fachadas, memória cultural


A preservação de prédios históricos e fachadas sempre será assunto polêmico e de opiniões controversas. De um lado você tem núcleos familiares que herdam imobiliários e no processo de inventário da partilha dos bens quase sempre são colocados à venda.

Por outro ponto de vista manter prédios antigos e em condições de uso requer investimentos financeiros de porte. Tenhamos por base um imóvel que será destinado a locação comercial ou mesmo para uso de repartição pública cultural.
Antes de tudo o prédio terá que passar por adequações técnicas e às normas legais para receber o alvará de funcionamento. Envolve detalhes de tamanho de corredores, portas de acesso, rota e sinalização para projetos de prevenção de incêndios, banheiros com acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, substituição de encanamentos e rede de esgoto, cuidados com o telhado, verificação de capacidade estrutural para instalação de equipamentos de ar condicionado, hidrantes entre outros.
Um passo no sentido de incentivos seria, talvez, a redução ou isenção do IPTU para estes imóveis. Mas se formos por na balança contábil é um recurso pequeno diante desta lista parcial aqui mencionada.
O que temos visto é que enquanto possível as famílias mantêm estes prédios em seu patrimônio, vez ou outra fazem uma pintura aqui, outra melhoria ali, substituem beirais danificados, trocam telhas quebradas, arrumam um muro que apresentou rachaduras e assim vão levando. Até que um dia se rendem à especulação imobiliária e a venda é uma opção vantajosa. Isso é fato.
No caso de locação comercial é certo que os enorme painéis com nomes das lojas vão cobrir a fachada original. Para isso, um furo aqui, um suporte de ferro ali, um gancho, quebra lá, ajusta como dá e pronto, o esquadro de metalão está apto a receber a lona que vai cobrir toda a fachada.
Dias destes no prédio vizinho da Loja Paulistana, Rua São Luiz, acompanhei por alguns minutos o transtorno causado por uma calha de chuva avariada que inundou o estabelecimento. Instalação muito antiga e não era possível fazer reparo de urgência apenas naquele parte frontal. Estava tudo comprometido.
O inquilino ligou para o proprietário e pedia a troca geral do telhado e do sistema de calhas e coleta de águas de chuva Não esperei o desfecho, apenas ouvi uma frase que resume bem o assunto: "o ponto é bom, mas o prédio já não tem mais condições."
Daí a importância da memória fotográfica da cidade.

Neste conjunto aprecem quatro fachadas: a antiga pensão que ficava na esquina das Ruas Quatro de Abril com a Prudente de Moraes, a fachada da Casa da família Casadei, na Sampaio Vidal, o prédio da Associação dos Alfaiates e casa da Rua Prudente de Moraes que já foi até hospital.