sábado, 21 de outubro de 2023

Semana de Gastronomia Senac Marília - Brasilidades

Semana da Gastronomia Brasilidades – Senac. Completamos o ciclo de saberes e aprendizados
Ontem foi dia de conhecer a “Comida de Santo”, expressão que identifica a culinária ancestral com origem nas tradições africanas, indígenas e europeias, partindo das tradições dos rituais religiosos afro-brasileiros. O palestrante foi Jorge da Hora, que possui extenso currículo de formação culinária e atualmente é professor do centro universitário Senac-Santo Amaro.
Uma apresentação intensa, um passeio cultural que nos levou a revisitar a história, desde a chegada dos primeiros navios com escravos até o momento presente em que vemos explodir opções de restaurantes temáticos, principalmente nos grandes centros urbanos como opção de novas experiências na alimentação. A Comida de Santo é a referência estreita com os rituais do candomblé, da umbanda, da quimbanda e dos Orixás. Muitos dos pratos e receitas são utilizados como “oferendas” nos rituais, cada qual com as características do santo invocado. Durante o tempo todo o chefe nos provocou a rever conceitos e buscar entender mais sobre este cenário miscigenado que nos rodeia.
Passamos pelas histórias dos orixás: Ogum, Xangô, Oxóssi, Iansã, Nanam e de todas as comidas que segundo a tradição lhes são caras. No final da apresentação um banquete para degustação dos presentes com receitas preparadas pelos alunos do Senac: canjica branca, falofa com camarão seco e cará, coco fresco fatiado, e o cozido na folha de bananeira com base de milho. Tudo muito bom. Marília é uma cidade com muitas opções na gastronomia para os seus moradores e visitantes. Temos aqui a culinária japonesa, a italiana, a sírio-libanesa, comida chinesa, portuguesa, espanhola, comida cabocla, churrascos e rodízios, comida mexicana e tailandesa, dentre outras. Não tenho dúvidas que em breve será acrescentado nesta lista de roteiros dos temperos mais um estabelecimento: O de Comida de Santo. Uma das publicações que nos ajudam a entender mais sobre este saboroso assunto é o livro “Santo também come”, do antropólogo Raul Lody. Encontramos no prefácio, assinado por Maria Stella de Azevedo, conhecida como mãe Stella, a seguinte informação: “a dinâmica de comer e beber do candomblé transcende a ação biológica e se constitui na principal maneira de renovar e estabelecer o axé. Comer é uma maneira de se comunicar com o orixá e de fortalecer a troca de axé (força de realização, poder e desejo de felicidade). Depois destes três dias de novos aprendizados, posso reafirmar um diálogo que sempre compartilho com os meus e com os amigos: Toda vez que nos reunimos a família em volta de uma mesa de alimentação, enquanto alguém que nos quer tanto bem, prepara os alimentos, enquanto o cheiro do molho do macarrão, do assado no forno, do alho queimando no azeite quente tomam conta da casa, estamos exercitando a renovação de laços amorosos e de energias afetivas, que serão ofertadas nas travessas e nos pratos prontos, e saboreadas durante as conversas animadas, dos risos, dos gritos das crianças, do copo derramado sobre a toalha, tudo isso sob o olhar brilhante dos anfitriões. Isto também é Comida de Santo.
Nos dois dias anteriores passamos pela culinária ítalo caipira e a indígena. Foram igualmente duas palestras fantásticas, com resgates e memórias que estão tão presentes nos costumes e na mesa de hoje. Estas aventuras culinárias e gastronômicas são importantes para nós e para o turismo brasileiro.
Cada prato tem sua história e quando conseguimos levar este contexto à mesa dos nossos visitantes a refeição passar a ser experiência de vida, ganha novos contextos e se torna mais valorizada porque nos ingredientes está presente a história. Cumprimentos aos organizadores do evento e aplausos aos ilustres palestrantes. #turismosp Ivan Evangelista Jr, faz parte do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo e da Comissão dos Registros Históricos de Marília