segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

A ferrovia Cata-Café na história de Marília

Na linha do desenvolvimento do interior paulista encontramos as ferrovias do cata-café e, se utilizarmos a linguagem moderna, são os primeiros registros de sistemas de logística para escoamento da produção do ouro-verde saindo da roça com destino ao Porto de Santos.

No livro “Marília, Sua Terra, sua Gente, autoria do historiador Paulo Corrêa de Lara, são mencionadas as origens desta história. “Aberto o patrimônio “Alto Cafezal”, em 1924 iniciava-se a venda de suas terras. A primeira data foi vendida por Antonio Nunes e Azarias Celestino, cozinheiro em Cafelândia, custou Rs.50$000 e ficava à rua 24 de dezembro, entre as ruas Prudente de Morais e Nove de Julho. Várias casas foram surgindo, pois a fama das terras adjacentes atraía inúmeros compradores, dada a altitude do lugar, próprio para o plantio de café e, além do mais, os trilhos da Estrada de Ferro já estavam em Duartina...

...Por esse tempo, começaram a derrubada das matas para o plantio de cafeeiros, além dos já plantados por José Amador Leon, onde hoje se localiza a Fazenda Bonfim.
Em outro livro de historiador encontramos registro de fatos que impressionam pelos números: “derrubaram de uma só arrancada mais de 12.000 alqueires de matas e plantaram de um só fôlego, mais de 24 milhões de pés de café”. Para desocupar as terras toda esta mata derrubada foi queimada de uma só vez.
Neste período da história consta que foi registrado grande movimento migratório que perdurou por anos. Vinham do Nordeste com o plano de trabalhar no “Alto Cafezal”, e de 1924 a 1930 a região era vista com um imã de oportunidades e prosperidade.

Por todo lado podia se ver famílias arranchadas embaixo de caminhões de mudança ou em barracas, as serrarias e, os construtores portugueses, não davam conta dos trabalhos e o jeito era improvisar até que as casas de madeira ficassem prontas. Respondendo à lei da demanda e da oferta, neste período, os aluguéis eram altíssimos, mas a esperança de uma vida bem melhor superava os obstáculos e as dificuldades.
Entre idas e vindas fica a lição de que café é paixão. Muitos anos de baixos preços na comercialização e alta constante dos insumos tiraram vários produtores do cenário. Em algumas viagens que fiz vi máquinas tipo esteira juntando pés de café arrancados para a queima e depois dar lugar ao plantio de eucalipto ou pinus.
De Marília até Panorama o que vemos hoje é amendoim. Passando por Pompéia ainda deitamos o olhar em alguns pés de café.

E claro que não podia ser diferente, consultando a cotação, neste exato momento, o valor da saca está em média R$ 1.500.
Fotos sem legenda:
Leandro Moeda, no Espaço Gourmet do Confiança, durante palestra sobre preparo e degustação de cafés (2010)
Caminhão com torrador sobre a carroceria fazendo torra ao vivo para frequentadores da feira livre. Café do Feirante.
#históriadocafé; #cafédemarília; #cafémarília

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