segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O macarrão de São Francisco

Algumas pessoas me perguntam vez ou outra por que eu gosto tanto da vida e do contexto rural. O caminho mais curto para a resposta seria dizer que estar junto ou próximo da natureza já é uma benção, porém não se trata somente de estar lá, o gostos é estar lá, de corpo e alma, para poder sentir e fazer parte. Quem sabe essa pequena historinha que vivi possa nos ajudar a fazer este caminho. No domingo acabou o macarrão lá em casa. A venda mais próxima fica a uns 4 km e a estradinha para Padre Nobrega tá sofrida com as águas fortes das chuvas. A solução foi bater na porteira do vizinho na ponta da rua e ver se tinha um pacotinho de macarrão para emprestar. E não é que tinha! Não apenas um, a moça dona da casa trouxe 5 ou 6 pacotes para eu escolher. Furadinho, sem furo, mais grosso, mais fino, enroladinho, tinha macarrão pra tudo quanto é gosto. Mas ela não veio suzinha não, a mãe dela que a gente adotou como vó, também veio dá bom dia enquanto tratava os canarinhos.
Não demorou nadinha e o cachorrinho Luck pulo na mureta na área pra chegar mais perto e fazer festa.
Vendo tudo acontecer lá de longe a Cacau, a cabritinha mini que anda solta pelo terreiro logo se achegou e igualmente pulou sobre a mureta para participar do grupo. Foi quando o Tinoco, o bezerro manhoso criado na mão e que se sente filho da família humana se encostou e botou a fuça na conversa.
Tinoco tava com a beiça sapecada porque um pouquinho antes foi lá onde a mãe (a Lena) tava fazendo doce de abóbora no fogão de lenha e, para não deixar de ser Tinoco, meteu o focinho no braseiro. Eu penso que ele como bezerro mimado que é, pensa que tudo ao seu redor seja ou tenha leite prontinho para beber. E foi assim que uma visita rápida para pedir macarrão emprestado se tornou pretexto para a bicharada se juntar na conversa. Tudo junto e misturado ali na área da casa, e todos os bichos mencionados são do tipo que se não fizer um agrado não tá bom. Agradeci a atenção e fiquei comprometido de devolver o pacote assim que repor os mantimentos na dispensa de casa. E num daqueles raros relances da vida em que o universo nos abre a terceira visão, voltando o olhar para me despedir do grupo eu vi o Chiquinho. Tava lá, com sorriso largo no rosto e só apreciando a resenha. Será que agora eu consegui explicar melhor porque a vida na roça é tão boa?
(*) Olha só a imagem do Chiquinho com o Tinoco assuntando o que ele tem nas mãos. Ô bezerrinho mimado sô!

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