quinta-feira, 1 de junho de 2023

E a roça foi parar na av. Rio Branco

Esta história começa com resgate de uma outra história que tem até filme no youtube e que aconteceu bem antes da pandemia.
Eu estava ministrando aulas em um curso de pós-graduação e levei um sorveteiro para dentro da sala de aula. Isto mesmo, um sorveteiro e todo seu equipamento de trabalho.
Não era um carrinho de sorvete qualquer, tinha uma bicicleta acoplada e isto lhe dava maior mobilidade, ele criou um cardápio, igual ao dos restaurantes, só que neste caso feito com embalagens dos vários tipos de picolés que vendia. Desta forma ele evitava ter que abrir a tampa a todo momento para os clientes poderem ver o que tem lá dentro, e mais, perdendo a refrigeração interna que mantinha os picolés em bom estado de consumo. E o que mais? – Limpeza, muita limpeza com álcool, a todo instante pois sabe que os clientes observam a aparência do carrinho. Tem mais. Ele raspava os pelos do braço para evitar qualquer situação embaraçosa quando servia os produtos e tinha uma agenda que fazia escala, em horários diferentes e em pontos diferentes. Da porta do cemitério onde era sua primeira parada ele seguia para as portas das fábricas seguindo o horário de intervalo das turmas, e no final do roteiro parava na porta de uma escola. Por estas e por outras tantas razões ele se tornou um case de sucesso e foi parar na universidade. Deu show, respondeu perguntas sobre planejamento e gestão do negócio com a maior facilidade e ainda falou sobre gestão financeira. O tempo passou e vi que o sorveteiro sumiu do ponto em frente à entrada do cemitério. Pensei que tivesse mudado de cidade ou se aposentado. Por isso os textos acima estão no passado.
Mas olha só que surpresa boa, reencontrei o Esteves no primeiro dia de junho deste ano.
Ele mudou de ramo de negócio. Agora vende Coisas da Roça na baixada da av. Rio Branco, bem na esquina com a rua Bororós. O carrinho é outro, se assemelha a uma pequena vitrine onde deixa expostos seus produtos. Tem pães caseiros, queijo fresco, beliscão, bolo de fubá, bolo de milho, doce de Jaca, doce de chuchu e outras variedades. Tudo feito pelo Esteves e sua esposa. No nosso diálogo, perguntas e respostas: - E o carrinho de sorvete antigo? R: “Fiz melhorias, coloquei motor de moto, dei uma ajeitada no design, incrementei sabe, e ficou tão bom que apareceu um comprador e pagou o preço que pedi.” - E este novo ponto? R: Escolhi porque tem movimento bom, muitos clientes aposentados passam por aqui e eles gostam de comer produtos de boa qualidade. E tem a farmácia aqui na frente, a Unimed do outro da rua, sabe como é, uma coisa puxa a outra.” - E mais o que seu esteves? R:” Inventei de fazer uma feijoada a pedido de alguns clientes. Vendeu tudo rapidinho, entreguei as encomendas em embalagens especiais, coisa de primeira, carne seca que eu mesmo faço, bastante ingredientes e feita no fogão a lenha. O capricho ajuda a vender.” Foi um reencontro daqueles que a gente nunca espera. E ainda ouvi dele a seguinte frase: “Eu fico feliz quando o senhor aparece, gosto de conversar sobre estas coisas professor.” Eu igualmente feliz caro Esteves. Suas histórias e sua capacidade de reinventar-se, sua perspicácia nos negócios me são fontes de inspiração. Eu lhe desejo muita saúde, bons negócios e que continue sua trajetória empreendedora. Ivan Evangelista Jr, é membro da Comissão dos Registros de Marília e presidente do Comtur

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