sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Cidades para pessoas. Um dedo de prosa.

Está aí um tema bem atual para refletirmos neste momento. Tava aqui me perguntando porque alguns points da cidade têm uma tendência de atrair mais pessoas do que outros. A feira-livre de domingo, na Sampaio Vidal, é um destes locais em que as pessoas vão curtir o espaço e se relacionar. Tenho notado um significativo aumento de público familiar, pais com crianças de colo e outros empurrando carrinhos com recém nascidos. A garapa, o pastel, o milho cozido, cortado da espiga e misturado com pedacinhoss de bacon na chapa quente. Água de coco geladinha é outra delícia. Mas tudo é pretexto para o footing, aquele vai e vem que combina comida boa, acompanhada de uma raspadinha de gelo com groselha ou limão. Na rebarba da sobremesa o tradicional quebra-queixo do tiozinho, receita das mais tradicionais. O importante é circular, ser visto, encontrar amigos e fazer novas amizades.
No Beco da Ipiranga o Jazz à La Rua come solto. Som dos melhores, sem cobertura ou ar condicionado, sem muito conforto, porém o que importa é estar entre amigos e pessoas que a gente pode nem conhecer, mas logo vai ter a chance de conhecer. Receptivo e festivo. No bosque que homenageia o Pietraróia não é diferente. Seja no começo ou nos finais de semana ali o papo é saúde e sintonia. Encher os pulmões com ares renovados, sentir aromas que trocam a cada estação, ouvir a natureza.
Gente que carrega filho e filha, gente que olha no relógio para controlar o tempo da caminhada, gente que respira saúde e gente que procura ter mais saúde. Puxar conversa é uma questão de segundos. Para quem curte mais movimento entra em cena a Esmeralda. É a dama da zona norte que reúne o pessoal da caminhada, cedo, a tarde e a noite. Ali o tempo não para e você pode apostar que sempre vai encontrar um ser humano disposto a conversar com você. Experimente um momento de observador urbano tomando o café da manhã no “aquário” do Ibis Hotel. Quem está fazendo o desjejum pode olhar pra fora e ver o outro lado da rua, cheia de caminhantes e caminheiros que conversam enquanto oxigenam as células.
E a pedra, você conhece? A pedra tinha vários pontos na Sampaio do Vidal. É a ancoragem dos corretores (des)credenciados. Querendo comprar um sítio? Quer saber das chácaras que estão a venda na cidade, um terreninho bom para construir e naquele precinho que cabe no seu bolso? – na pedra você encontra. A pedra deu origem ao termo “vamo mexê”, uma alusão ao mexer o doce para dar o ponto certo. Significa buscar soluções e aproximar quem quer vender, com quer comprar, e na rebarba sai a gorjetinha. Hoje a pedra se concentra no ponto de táxi ao lado do Consórcio do Dito que é dos Freires e da Comauto. Tem mais ponto de encontro de pessoas? – Claro que tem. Sabe jogar malha? Então é só se dirigir até o trevinho da Sanches que é Cibantos. Ahhh, prefere dominó!? Chama o Uber e vamos para a Praça do Arcanjo Miguel, leva algum trocado no bolso e pode sentar que a casa é nossa. Chegou o fim de tarde, hora da breja e do espetinho. Não faltam opções que passam por bares e restaurantes com mesinhas na rua e gente, muita gente. Temos boa comida e muitas opções, chope gelado, sobremesas incríveis, e gente feliz na terra da Marília de Dirceu e que na verdade foi paixão do Gonzaga. Marília, uma cidade feita pra gente! Ivan Evangelista Jr, é presidente do Comtur e membro da Comissão dos Registros Históricos de Marília