domingo, 5 de fevereiro de 2012

A busca pelo “Marco Zero” de Marília



Documento da USP registra informações do aeroporto 

Local marca o início da instalação de um patrimônio
A pauta da primeira reunião do ano com os membros da Comissão de Registros Históricos de Marília, no dia 19 de janeiro, foi bem interessante. Antecipamos alguns detalhes e providências para a realização da tradicional “Noite dos Pioneiros”, evento que acontece no mês de abril, durante as comemorações do aniversário da cidade. Também fizemos um balanço das realizações e do atendimento da Comissão aos munícipes e visitantes, na orientação de pesquisas sobre assuntos diversos ou sobre os ilustres personagens da nossa história.
Entre um assunto e outro, surgiu na conversa o questionamento sobre a localização do “Marco Zero” de Marília, como aquele que existe bem em frente à Catedral da Sé, em São Paulo, ou seja, o ponto geográfico central da cidade. Geralmente, o Marco é um pilar de concreto aterrado, tendo na parte superior uma placa de metal afixada, na qual estão anotadas as indicações geográficas.
Há alguns anos, numa das reuniões do Contur - Conselho Municipal de Turismo, obtive uma informação não oficial de que o tal Marco estaria bem em frente ao Monumento ao Expedicionário, na Praça Saturnino de Brito. Na época dos fatos, procurei a referência física no local indicado e não encontrei. Em tempos de redes sociais e suas facilidades, coloquei esta semana o assunto no Facebook e provoquei os amigos para ver se conseguia novas contribuições.
A primeira contribuição relevante veio do José Lyrio, que já ocupou o cargo de secretário municipal em administração passada. Diz ele: “Na implantação do novo projeto visual da Praça Saturnino de Brito, a estátua do Soldado Expedicionário ficava de frente para a Rua Coronel Galdino e foi reposicionada para a frente do prédio da Prefeitura Municipal. Na época, constatamos que o Marco Zero ainda se encontrava no local.”
Outra contribuição foi do Luiz Carlos, o amigo Brasa, do 1º Tabelião de Notas e Protesto de Títulos e Letras, localizado na Rua Quatro de Abril, 263. Disse ele: “Estive no local da estátua e não encontrei o Marco, aliás, constatei que até mesmo algumas placas de identificação do monumento foram subtraídas.” Triste constatação do amigo, mas o fato é que muitas placas, de vários monumentos da cidade, por serem confeccionadas em bronze, foram furtadas e vendidas como sucata.
Num outro e-mail, o zootecnista Valtinho Saia, com o objetivo de “pôr mais lenha na fogueira”, deu seu pitaco: “Ouvi dizer que o tal Marco fica lá pelas bandas do aeroporto, na confluência da Av. Brigadeiro Eduardo Gomes com a Rua Antônio Serapilha”. Em seguida, o Edson Joel, da TV Marília Produções, alertou que o assunto da instalação e origem do Patrimônio Alto Cafezal constava dos registros do Engenheiro Jorge Streit, isso lá pelo ano de 1921. Bem lembrado, Joel.
E, assim, foram chegando contribuições, até que o amigo Leonel Nava, que já foi professor de química no Instituto Monsenhor Bicudo, disse que também teve a informação, no passado, de que o “Marco Geodésico de Marília” realmente ficava na Praça Saturnino de Brito. O Léo acabava de me dar uma luz nesta pesquisa. Voltei ao Google e desta vez digitei nova busca, utilizando: “Marco Geodésico de Marília”. Descobri um trabalho científico da USP, no qual encontramos a preciosa informação de que havia um Marco Geodésico no aeroporto “Frank Miloye Milenkovich”. A informação é documentada e está disponível na internet, com foto e mapa do local, constando infelizmente também a anotação “Marco Destruído” (http://sites.poli.usp.br/ptr/ltg//proj/RedeSP/Marilia.htm).
Surgiu, então, um novo questionamento: Marco Zero e Marco Geodésico são a mesma coisa? Desta vez, a consulta foi direcionada ao IBGE e aos professores da USP; as respostas vieram bem esclarecedoras. Um Marco Geodésico pode ser estabelecido em vários pontos da cidade, de uma fazenda, nas estradas, em diversos lugares. Faz-se a medição no local desejado, com um aparelho de GPS ou com o tradicional teodolito, e instala-se ali um Marco, com as referências geodésicas de latitude, longitude e altitude em relação ao nível do mar. Estes dados vão servir para mapeamentos, para divisão de terras e limitação de regiões, para serviços de terraplenagem, ou mesmo como indicadores precisos de localização para orientação de tráfego, como é o caso dos aeroportos e das estações ferroviárias.
Já o Marco Zero é um ponto estabelecido, geralmente por motivos históricos, local onde teve início a instalação de um patrimônio ou de uma cidade. É a referência maior, ponto este que orientou o traçado das primeiras ruas e bairros. Diante dos esclarecimentos e da quantidade de informações que foram levantadas, decidi mergulhar na pesquisa dos livros históricos sobre a nossa cidade, para coletar informações mais consistentes e trazer ao conhecimento dos amigos leitores.
Fiquei encantado com a riqueza das narrativas e entendi porque é tão difícil chegar a uma resposta pronta. Os registros podem ser interpretados de formas diferentes ao longo do tempo, afinal, quem conta um conto aumenta um ponto.
Mas, e aí, onde está então o Marco Zero de Marília? Ah, para saber a resposta o amigo leitor terá que esperar até a publicação da próxima semana. Não perca.
Ivan Evangelista Jr
Membro da Comissão de Registros Históricos de Marília
Publicado no Jornal Diário de Marília, coluna "Raízes", edição de 05/02/2012



Um comentário:

  1. Olá Ivan, boa tarde.
    Parabéns pelo artigo. Tomei a liberdade de fazer uma matéria e colocar como destaque no Visão Notícias.com
    Veja o link:
    http://www.visaonoticias.com/noticia.php?id_noticia=3210

    Fico no aguardo do próximo artigo para saber: onde fica o marco zero de Marília???

    Abs.
    Klaus

    www.visaonoticias.com - A agilidade do Jornalismo on line em Marília e região!

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