Plantadas as primeiras glebas de café na região de Marília foi preciso investir em outras culturas para aguardar o período de produção dos frutos. No conhecimento popular são as chamadas culturas intermediárias que ajudam no sustento das famílias até a primeira colheita.
O algodão foi a lavoura que mais cresceu nos primórdios da cidade e isto levou a construção das primeiras máquinas de beneficiamento de algodão que ocuparam as ruas da cidade menina. O Zillo e a Matarazzo foram as principais indústrias de transformação dos caroços da pluma branca.
Parte deste patrimônio histórico ainda faz parte do contexto
urbano. Ao caminhar pelas ruas da cidade podemos observar prédios que movimentaram
a economia local. Nas ruas adjacentes se enfileiravam os caminhões com as
cargas vindas das lavouras aguardando a vez da descarga que muitas vezes
adentravam a noite.
O maior conjunto de prédios históricos está na avenida das Indústrias, hoje, sede dos órgãos Poupa Tempo, Ganha Tempo e parte da garagem do corpo de bombeiros. Logo na frente, do outro lado, na av. Sampaio Vidal outro prédio que integra o roteiro do café.
Na rua Duque de Caxias, fechada há muitos anos, com o letreiro desbotado
teimando em aparecer está a Máquina Montolar, na Rua Bahia e na rua Paraná mais
prédios se avizinham da malha ferroviária desativada que corta a cidade no
sentido norte – sul. Interessante verificar que as arquiteturas são bem
semelhantes o que pode indicar que seria um modelo de construção rápida e que
atendia as necessidades.
Famílias e máquinas beneficiadoras de café em Marília
Proprietários: José Froio, Irmãos Buffulim, Aspertti, Sotero de
Camargo Barbosa, Mazioti& Queilles, Francisco Martins Junior, Santa Helena
de irmãos Maldonado, Francisco Angelo Montolar.
*O Matarazzo chegou a fazer óleo de café, comprava os grãos do
Instituto Brasileiro do Café.
Uma multidão de trabalhadores
Os caminhões encostavam a traseira no batedor, nome dado a prancha
de madeira instalada rente as bordas das portas dos barracões. Dali em diante
entravam em ação os saqueiros, trabalhadores braçais que descarregavam e
empilhavam as cargas. Quase nus, vestindo apenas um calção confeccionado com
tecido de sacaria de açúcar, trabalhavam até a exaustão porque o ganho era por
caminhão descarregado. Na cabeça toucas improvisadas com metades de bolas de
capotão (antigas bolas de futebol), ajudavam a proteger o couro cabeludo.
Lá dentro a esteira corria célere e as mãos das catadeiras
igualmente ágeis retiravam os grãos imperfeitos, gravetos e pedras, ç. Subiam a
esteira e eram despejados nas entranhas da grande máquina que fazia seleção dos
grãos. Espessa nuvem de poeira cobria todo o recinto, poeira que se misturava
ao suor abundante e grudava nos corpos, um lenço ou pano fino umedecido amarrado
no rosto ajudava, ainda que toscamente, a filtrar o ar sempre difícil de se
respirar.
Um detalhe da aparência das catadoras era a sobreposição de peças,
vestiam geralmente calças compridas cobertas com duas ou mais saias, blusas
sobrepostas e um turbante na cabeça em forma de cone para proteger os cabelos. Era
uma forma de proteger o corpo da poeira, da terra das lavouras trazidas em cada
uma das sacas.
O Edifício Ouro Verde, um marco do ciclo cafeeiro.
Construído em 1952, o edifício Ouro Verde, – localizado na avenida Sampaio Vidal, próximo à esquina com rua Dom Pedro, é o primeiro prédio de escritórios construído em Marília, conta com 25 salas e ainda conserva elevador da época com destaques e arremates alusivos a lavoura cafeeira.
A idealização e construção foi do
pioneiro Jupira Souto, nascido em Conquista, Estado de Minas Gerais em 13 de
julho de 1911 que veio para Marília com seus pais no ano de 1927.
Muito ativo dedicou-se ao comércio de
compra e venda de arroz e depois ao comércio de café beneficiado, trabalhando
para várias firmas de Santos, conquistando assim a sua independência
financeira. De 1944 a 1950 assumiu a gerência da Cooperativa Banco de Marília
Ltda, período em que realizou a construção do Edifício “Ouro Verde”, cujos
escritórios vendeu em menos de oito dias.
Foi comprador de café para a
Sociedade Brasileira do Nordeste Brasileiro (SANBRA) e proprietário da Fazenda
Santa Mariana, localizada entre Lácio e Vera Cruz. (Fonte: Paulo Corrêa de Lara
- Comissão de Registros Históricos, Jornal do Comércio de 05/12/91).
Na mesma época, Souto construiu prédios similares em Garça e em
Lins.
*As fotos das fazendas são do livro "Homenagens prestadas ao deputado Bento de Abreu Sampaio Vidal, em 23 de maio de 1937.
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