terça-feira, 26 de julho de 2011

As cores e os aromas do inverno


O hábito de curtir e cultivar o quintal variado em flores e frutos é crédito do meu pai. Da infância, trago lembranças dos canteiros de couve, do alho plantado na lua nova, das bananeiras, da parreira de uvas e do pé de laranja baiana, entre tantas outras variedades, sinônimo de fartura e entretenimento entre a rega diária e o apreciar da produção caseira.
Hoje, manhã fria de terça-feira, já com gosto e final de férias de julho no ar.
Após a leitura dos jornais e respostas de alguns e-mails, o dia vai tomando rumo na organização mental da agenda. Um cheiro bom de flor de limoeiro toma conta da casa e se intensifica, acordo com a direção da brisa.
Depois de dois ou três anos, não lembro bem ao certo, é a primeira vez que vejo o limoeiro coberto de flores assim, coisa de cinema mesmo, parece até que as flores foram jogadas propositadamente sobre os galhos. Acho que a chuva que caiu estes dias foi a grande responsável pela explosão dos botões brancos que estavam incubados.
Saio do escritório para sentir mais de perto o aroma e me dou conta que outras flores também estão dando o ar da graça e enfeitando o quintal. Mais do que isso, estão dando matéria prima para as abelhas que se enfronham entre os pistilos e o pólen e saem com as patinhas carregadas rumo as colméias. É um vai e vem que não tem fim, trabalho duro e silencioso para fazer o mel.
Aliás, não tão silencioso assim. Sintonizando os ouvidos para esta freqüência da vida, pode-se apreciar o zumbido das asas enquanto pulam de uma flor para outra.
Na linguagem da apicultura, a florada é chamada de pasto apícola, neste caso, da melhor qualidade possível. No pequeno terreno as Jataís e outras espécies encontram: flor de Galego, flor de Jabuticaba, flor da Pitangueira, flor de Maracujá e uma enorme rosa que disputa o sol entre os galhos do limoeiro e flor de Manjericão.
Isso sem falar que o pé de Amor Agarradinho, trepadeira que gosta de cantinhos tipo meia sombra e meio sol, que também desencantou e está crescendo com vitalidade.
Na semana que passou visitei um amigo e da casa dele trouxe uns ramos de Melissa, planta é conhecida como excelente calmante e que tem um aroma muito agradável. Dos ramos mais fortes eu fiz três mudas que espetei na terra, ele disse que brotam com facilidade, já as folhas mais novas eu fiz um amarradinho e pendurei bem pertinho da mesa de trabalho, na oficina que tenho na área do fundo.
É lá também que eu derreto a cera que resta dos caixilhos das colméias. Cheiro de flores, cheiro de mel, cheiro de grama molhada, cheiro de madeira, cheiros de vida em pleno inverno. Um gole de café quentinho e a vida (re)começa, cheia de esperança e gratidão.

Por Ivan Evangelista Jr

*Publicado também no Jonal da manhã, Caderno 2, edição de 27/07/2011, conf. abaixo:

As cores e os aromas do inverno

27/07/2011 Tamanho do texto: A A A

“O hábito de curtir e cultivar o quintal variado em flores e frutos é crédito do meu pai. Da infância, trago lembranças dos canteiros de couve, do alho plantado na lua nova, das bananeiras, da parreira de uvas e do pé de laranja Baiana, entre tantas outras variedades, sinônimo de fartura e entretenimento entre a rega diária e o apreciar da produção caseira. Hoje, manhã fria de terça-feira, já com gosto e final de férias de julho no ar. Após a leitura dos jornais e respostas de alguns e-mails, o dia vai tomando rumo na organização mental da agenda. Um cheiro bom de flor de limoeiro toma conta da casa e se intensifica, acordo com a direção da brisa.”

O texto acima, postado no blog www.afotoquefala.blogspot.com por Ivan Evangelista Jr, reflete a sensibilidade do fotógrafo mariliense, que continua descrevendo suas emoções diante da observação da natureza, prática que costuma fazer tão bem, nos presenteando sempre com belas fotos que ilustram fielmente suas palavras:

“Depois de dois ou três anos, não lembro bem ao certo, é a primeira vez que vejo o limoeiro coberto de flores assim, coisa de cinema mesmo, parece até que as flores foram jogadas propositadamente sobre os galhos. Acho que a chuva que caiu estes dias foi a grande responsável pela explosão dos botões brancos que estavam incubados.

Saio do escritório para sentir mais de perto o aroma e me dou conta que outras flores também estão dando o ar da graça e enfeitando o quintal. Mais do que isso, estão dando matéria prima para as abelhas que se enfronham entre os pistilos e o pólen e saem com as patinhas carregadas rumo as colmeias. É um vai e vem que não tem fim, trabalho duro e silencioso para fazer o mel.

Aliás, não tão silencioso assim. Sintonizando os ouvidos para esta frequência da vida, pode-se apreciar o zumbido das asas enquanto pulam de uma flor para outra.

Na linguagem da apicultura, a florada é chamada de pasto apícola, neste caso, da melhor qualidade possível. No pequeno terreno as Jataís e outras espécies encontram: flor de Galego, flor de Jabuticaba, flor da Pitangueira, flor de Maracujá e uma enorme rosa que disputa o sol entre os galhos do limoeiro e flor de Manjericão.

Isso sem falar que o pé de Amor Agarradinho, trepadeira que gosta de cantinhos tipo meia sombra e meio sol, que também desencantou e está crescendo com vitalidade.

Na semana que passou visitei um amigo e da casa dele trouxe uns ramos de Melissa, planta é conhecida como excelente calmante e que tem um aroma muito agradável. Dos ramos mais fortes eu fiz três mudas que espetei na terra, ele disse que brotam com facilidade, já as folhas mais novas eu fiz um amarradinho e pendurei bem pertinho da mesa de trabalho, na oficina que tenho na área do fundo.

É lá também que eu derreto a cera que resta dos caixilhos das colmeias. Cheiro de flores, cheiro de mel, cheiro de grama molhada, cheiro de madeira, cheiros de vida em pleno inverno. Um gole de café quentinho e a vida (re)começa, cheia de esperança e gratidão.”

 

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