Escadaria de acesso à residência
O destino era a agência bancária
bem próxima do local onde consegui vaga de estacionamento. Cartela da zona azul
no painel, alarme ligado, papelada na mão, uma última conferida se o alarme
está ligado e a vista se deparou com algo diferente na paisagem urbana.
Que árvore estranha esta, cheia
de pequenos frutos, em pleno centro da cidade? Diz o velho ditado que árvore
que não dá frutos ninguém joga pedra, mas esta aqui está cheia de frutos e,
ainda por cima, com uma cara muito boa, embora verdes.
Bem, primeiro a obrigação, vamos
ao banco. E lá na fila, sempre as filas, a cabeça não para. ...Conheço bem a
cidade, ou pelo menos parte dela e de seus encantos. Como é que nunca reparei
nesta árvore, e se são frutos comestíveis, como é que ainda não foram
derrubados?
Contas pagas, hora de descobrir o mistério. Eu
conheço o dono da residência onde a árvore foi plantada na calçada... então, era
só investigar o assunto. Pelas características, é certo que alguém muito
caprichoso providenciou a muda e ali plantou com todo carinho.
Fui atendido de pronto. Relatei
minha curiosidade e ele me disse: "Foi meu pai que plantou e isso faz
muito tempo. Para ter uma ideia, faz mais de 22 anos que meu pai se foi e, naquele
tempo, ele já cuidava desta árvore com todo carinho. Todo caminhão que ia
encostar por aqui para descarregar a mercadoria, ele corria dizer ao motorista
para ter cuidado com os galhos e, nisso, acabava sempre fazendo novas
amizades."
Questionei: “E ninguém come os frutos por que?”
“Acho que ninguém come porque não
sabe o que é. Quando maduros, eles ficam amarelos e caem dos galhos, aí sim
estão no ponto para o consumo”, me disse o morador.
Um inquilino de loja próxima
ouviu nossa conversa e entrou no assunto: - "Meu irmão comeu um outro dia,
disse que é assim, digamos, gostoso, vá, diferente."
Apanhei um fruto verde e apertei
a casca firme para ver o conteúdo. Uma polpa branca se mostrou, alguns caroços
escuros e um líquido gosmento correu pelas mãos. Na comparação, fiquei entre o
aspecto do jambo, da gabiroba (que é bem menor) e da goiaba.
E o nome da fruta, gente, qual é,
perguntei ao meu amigo.
- Aprico.
Como é?
-Abrico ?.
O outro conhecido nos corrige: - “Não,
é Abricô", escrito aqui com o assento porque ele fechou a fonética da
palavra.
Finalmente, descobri que se trata
de um pé de Abricó, isto mesmo, aquele do famoso licor de Abricó, servido nas
novelas temáticas.
Quem diria hein! Em Marília tem
um pé de Abricó bem no centrão da cidade e tanta gente passa por ali sem se dar
conta da sua história e da sua importância.
Meu querido informante foi o
Bicudinho, o engenheiro Roberto Bicudo, morador da rua Armando Sales de
Oliveira, 32,no centro.
Ah, sim, além da árvore toda
coberta de frutos, não deixe de apreciar a arquitetura da casa também,
construção original, dos tempos da antiga rodoviária de Marília e do Supermercado
Pastorinho.Mas vá logo antes que a temporada acabe.
Esta é a nossa querida Marília,
símbolo de amor e liberdade e cheia de curiosidades.
Ivan
Evangelista Jr
Membro da
Comissão de Registros Históricos,
Chefe de
Gabinete e gerente de marketing do Univem.
*Publicado no Jornal Correio Mariliense, Caderno Variedades, edição de 20.10.12
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