Respeito e pioneirismo na aviação - acervo Registros Históricos |
A letra da
música diz: "Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça, me bota na
boca um gosto amargo de fel. Depois vem chorando desculpas, assim meio pedindo,
querendo ganhar um bocado de mel".
Mas, neste
caso, o assunto não é música e nem poesia. O problema é serio e antigo.
Falo e grito
sobre as questões que envolvem o nosso aeroporto "Frank Miloye Milenkovich",
como já o fiz em outras oportunidades, sempre buscando o melhor para a nossa
cidade. Notas da imprensa dão conta de que não houve interessados em apresentar
propostas para o edital de licitação do DAESP, modalidade concorrência pública,
tendo como objeto principal a concessão de uso de área aeroportuária externa a
título oneroso, destinada à construção de edificação (lote15) para
desenvolvimento de atividades aeronáuticas, no aeroporto estadual de Marília.
Leigo em
editais e concorrências, porém muito interessado no assunto, afinal, sou
morador e cidadão mariliense, também cliente dos serviços do aeroporto da
cidade que manteve a 7ª posição no mapa de desenvolvimento da FIRJAN. Ou seja, estamos
sim entre as 10 melhores do estado de São Paulo e não posso ficar aqui parado, “esperando
a morte chegar”, como diria outra letra de música.
Vimos e
ouvimos que o crescimento do movimento de passageiros no terminal aeroportuário
local foi de 700%. Isto significa mais renda para a operadora do trecho, mais
clientes, maior fortalecimento da marca da companhia e mais desenvolvimento. Ou
não?
Pois, então,
parece que a resposta é não mesmo, porque contrariando todos os indicadores
econômicos e dados já largamente mencionados, a opção foi fechar a linha
Marília - São Paulo. Não há machado que me faça entrar na cabeça as últimas
decisões tomadas, pois todas elas contrariam o bom senso. A não ser que tenha
cabeça de burro enterrada na pista... aí, só pai de santo para resolver a
questão.
Notícias
anteriores também deram conta de que as companhias Trip e Azul estavam se
unindo, só que a cidade beneficiada foi Araraquara. A Trip opera 430 voos diários no país, enquanto a Azul, cerca
de 400. O acordo de
"code share", ou compartilhamento de voos, autorizado pela Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil), permitirá que os clientes comprem bilhetes
para trechos operados pela Trip nos canais de venda já utilizados pela Azul.
O
executivo e fundador da Trip, José Mário Caprioli, diz que a decisão ocorreu
após a realização de pesquisas com consumidores, que indicaram maior
conhecimento da marca Azul. Afirmou que a companhia está pedindo a ampliação do
número de “slots” (autorização para pousos e decolagens) no aeroporto de
Guarulhos, em São Paulo. A Trip detém, hoje, 23 “slots” no aeroporto paulista.
Caprioli diz que pediu mais 20 “slots” diários à autoridade aeroportuária (Infraero). Segundo ele, há oportunidades em horários fora do pico de pousos e decolagens, que ocorrem até as 10h30 e após as 16h. Há um ‘vale' que pode ser aproveitado pela união das duas companhias.
Caprioli diz que pediu mais 20 “slots” diários à autoridade aeroportuária (Infraero). Segundo ele, há oportunidades em horários fora do pico de pousos e decolagens, que ocorrem até as 10h30 e após as 16h. Há um ‘vale' que pode ser aproveitado pela união das duas companhias.
Bom,
pelo andar da carruagem, acima descrito, fica claro que estamos literalmente
fora do mapa destas duas companhias e de quem tem "mão pesada" no
controle da situação.
Que
mão pesada é esta? Talvez, a falta de interesse da companhia que detém pela
ANAC a autorização de operação do trecho Marília - São Paulo. Ou abrimos uma
linha de diálogo com ela, ou estaremos fora da linha de desenvolvimento, como
estiveram as cidades que não foram contempladas com o traçado da linha férrea
no passado.
Pense
em organizar um evento de grande porte na cidade, pense na logística de trazer
pessoas dos mais diferentes pontos deste Brasil e, de cara, o problema maior
será o transporte. Quem decide, quem é contratado e tem tempo pago
por grandes companhias e empresas, quem tem agenda apertada pensa muito antes de assumir um compromisso
em cidades que não tenham bons serviços e linhas aeroportuárias condizentes. “Time is money”, já diz a velha máxima.
Vale
o mesmo para as universidades, mestrados e cursos de pós-graduação, entre
outros, que necessitam contar em seus quadros com docentes convidados vindos da
capital e de outras cidades mais distantes. O convite, geralmente, é aceito de
imediato. Mas, ao verificar a logística de locomoção, o ânimo diminui e o custo
sobe. O tempo "parado" em terra é cobrado pelo contratado, com toda
razão, ainda que os recursos de Internet e da telefonia o mantenham conectado
com o mundo.
Só
por estes dois exemplos, vemos que a falta de um transporte aéreo condizente
com a onda de crescimento em que surfamos vai apertando a garganta de muitos
projetos que podem alavancar o turismo de negócios e de eventos, ou seja, podem
colocar um freio na nossa decolagem.
A
pergunta é: a quem interessa este cenário de falta de decisões e de interesse?
Quero
entender melhor. Como é que mesmo estando entre as 10 melhores do estado de São
Paulo, não conseguimos atrair o interesse, ou movimentar forças, para conseguir
que uma companhia sequer se atreva a apresentar proposta no edital do DAESP?
Não
tenho dúvidas de que, além da caixa preta dos aviões, neste caso, há muitas
outras caixas pretas que precisamos encontrar e abrir.
Marilenses,
avante! Organizações e entidadess de representação, avante! Prefeitura e Câmara
Municipal de Marília, avante, pelo amor e por respeito aos cidadãos. Não tenho
dúvidas de que, juntos, podemos fazer muito por Marília. Não resta dúvidas,
também, que a iniciativa privada, representada pelo CIESP, pela FIESP, com o
apoio incondicional da Associação Comercial e Industrial de Marília, do Sebrae,
do Senac, do Sesi, do Sest Senat, do Marília Convention Bureau, da Secretaria de
Desenvolvimento e Turismo, das universidades e faculdades, e de mais uma lista
infindável de lideranças reconhecidas e respeitadas, juntos, podemos fazer
muito pela cidade.
A
hora é agora, dezembro já está acontecendo, depois vêm as festas, as férias, o Carnaval
e, se não abrirmos os olhos, vamos continuar embarcando em Bauru, ou, quem sabe,
em Araraquara.
Temos
brio, temos que nos fazer respeitados e respeitar, temos que ouvir, dialogar e
abrir negociações. Clamo aos marilienses para se movimentarem e fico ao dispor
para dar minha colaboração.
Uma
grande campanha nos sites das empresas da cidade seria um bom começo. O mesmo
vale para os jornais, para as empresas de outdoor e de comunicação em geral.
Marília
é uma cidade linda e promissora e queremos voar cada vez mais alto. Junte-se a
nós.
E,
já que começamos com música: "Veja bem, nosso caso é uma porta entreaberta.
Eu busquei a palavra mais certa, vê se entende o meu grito de alerta. Veja bem,
é o amor agitando meu coração".
Ivan Evangelista Jr, Chefe de Gabinete e gerente
de marketing do Univem, membro da Comissão de Registros Históricos e apaixonado
por Marília.
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