No
Facebook existe um grupo denominado
"Memória de Marília", criado por Wilza Matos , bibliotecária da
Câmara Municipal de Marília, membro da Comissão de Registros Históricos, com o
objetivo de ampliar a participação da comunidade no resgate da memória cultural
da nossa gente e da nossa terra. E a iniciativa deu mais do que certo, tanto,
que a página já conta com 3.441 membros e tende a crescer.
Além
de se tornar um "ponto de encontro" de quem literalmente curte as
memórias da nossa cidade, também atraiu marilienses que estão residindo fora. O
melhor é que nestes últimos dois anos de atividade a página se tornou um dos
principais canais de coleta de novas informações para a Comissão. Foi uma
avalanche de fotos e de documentos antigos, a maioria, arquivos de famílias que
estavam guardados nas gavetas.
A
cada nova velha foto postada sempre segue uma série de comentários. E como uma
história puxa outra, um fio de lembrança puxa a meada de fatos e personagens
que a penumbra do tempo estava quase apagando.
Foi assim que decidi pedir ajuda aos seguidores do site para escrever
sobre a Rua Sete de Setembro.
Fachada atual |
A
Regina Aparecida Perpetuo, entusiasmada, postou uma série de informações:
" na 7 de setembro, esquina com a Sampaio Vidal, era o Magalhães. Foi sede
da primeira faculdade de Marília e do primeiro curso de química industrial . Já
na esquina com a av. Santo Antônio, existiu a Serraria dos Capeloza, vizinho a
Fabrica de Móveis da Família Simplício, um pouco adiante, o Centro Espírita Amantes
da Pobreza, fundado em 1.938. Moraram nesta rua as famílias Borguetti, Stropa, Grassi,
Galati, Patori , Salzedas, Mazzali,Tanuri ,Tavares da Costa, família do
Marcelino Medeiros. Irigino Camargo morou na esquina da Lima e Costa por mais
de 50 anos ,também a matriarca da família Jorente e o Orlando Lopes Fassoni
.Entre a rua 24 de dezembro e av. Santo Antonio, tinha a Oficina de Onibus
Orience, e depois passou para oficina de conserto de autos do Onofrinho .Na
esquina com a rua XV de Novembro, foi o Tiro de Guerra. Ao lado da sapataria (nº
301)que foi citada existiu o açougue. O Ricardão, dono do Bar do Rio do Peixe,
morou por mais de 20 anos entre a Sto. Antônio e Lima e Costa . Ainda mora lá
desde, 1950, o Carlinhos, que tinha banca de revista na Rodoviária , filho do Prof.
Antônio. Até 1950 ainda era
o cafezal da Fazenda Bonfim, quando começou as construções das casas. Um bem
conhecida e que mantem as características originais é a residencia do Manhães,
que tinha bandeiras hasteadas, hoje pertence a família Doreto, onde no jardim
até bem pouco passado, havia tonel para curtir cachaça, que veio do alambique
pertecente a família (Katyra). Moraram nesta via também,o José Nelson de
Carvalho,o Wilson Borguetti, o Alfredinho Novaes( ao lado a esposa montou uma
confecção e loja ), o Dr. Mazzafera, que doou terreno para construção da Igreja
de Nossa Senhora de Lourdes.
Antiga entrada da Fazenda |
O Mansur Lufiti,reforçou: " A rua 7 de setembro terminava na rua Bonfim, bem na
entrada para a fazenda. Em seguida havia o cafezal. A gente descia do campo de
futebol do Morro do Querosene, até o campo de futebol da fazenda Bonfim, pelo
meio desse cafezal. Eu também me lembro da queima de fogos de artifício, em 4
de abril e 7 de setembro, na baixada da rua que era completamente desabitada..
A última coisa que havia era o muro dos fundos do Tênis Clube."
O
Antonio Jr, outro membro do grupo, destacou que foi o seu finado avô, Jose
Thomaz, um dos primeiros moradores da rua, casa nº 520, e que ele mandou puxar
toda a rede elétrica da 07 de Setembro. Lembrou também que por baixo do asfalto
de hoje, a rua é toda de pedras de paralelepípedos.
E
tivemos a contribuição do Brasa, o Luiz Carlos Martins Morilhas: "a Regina
Perpétuo, assim como o Mansur Lutfi, reportaram com muita propriedade a
perspectiva da Rua Sete de Setembro nas décadas de 40/50/60. Nasci no ano de
1.949 e fui criado na esquina da rua São Luiz com a Rua Cel José Braz, nº 206,
o prédio ainda existe. Palmilhei essa redondeza na minha infância.
A casinha de madeira entre os prédios |
Visitei
a casinha de madeira, que já foi sapataria, tendo ao lado o açougue em
alvenaria. As duas construções guardam a história deste tempo relatado acima
pelos amigos. O forro da casinha é trabalhado artísticamente, tem respiro e
arremates para dar um charme no ambiente, tem porta com tranca de madeira e
janela veneziana.
Sob
a direção da empresária Alexandra Pereira Prizão, atende aos clientes com dois
ramos de atividade, a venda de água
mineral e de artigos para limpeza. Escovas, vassoura caipira, sabão caseiro,
panos de limpeza feitos de sacos alvejados, se misturam a produtos de limpeza
doméstica. O ambiente, o conjunto de informações visuais, o cheiro
característico de alguns produtos ali expostos, nos levam de volta ao passado.
Conversamos
bastante, ela, muita atenciosa, contou que tem planos para o futuro breve. Quem
sabe, a 7 de setembro volte a ter uma "venda", com doce de leite de
lata, fumo de rolo, réstias de cebola e alho, feijão novinho na sacaria,
garrafas de cachaça na prateleira, um rádio antigo, um moinho, e um bom café
fresco, passado no coador de saco e servido na canequinha de ágata. Seria tudo
de bom.
Publicado no Jornal Diário de Marília, em 07/09/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário