quinta-feira, 30 de junho de 2016

O Tempo e o Vento (III) A Santa Ondina


Capa do Projeto
O primeiro provedor de internet de Marília foi o ZAS, sendo seu empreendedor o amigo Alexandre Martins, médico por formação, filho do Martins, conhecido gerente do Banespa Marília. Quando visitei a central a internet estava começando a dar os primeiro passos, ser empresário nesta área foi um desafio e tanto. Ele montou a central com o apoio do pai e a sede foi a casa da família no bairro Cascata. A placa ainda está na frente da residência.
Esta é só uma introdução para chegarmos à outra história.
O Alexandre me procurou e disse que o médico Arnaldo Mendes de Oliveira queria falar comigo. Nesta época eu atuava como consultor autônomo para elaboração projetos de Turismo Rural e o Dr. Arnaldo me pediu um projeto para a Fazenda Ondina, e o detalhe, eu tinha no máximo 15 dias para apresentar uma proposta, pois ele estava entre vender a propriedade ou investir em um novo projeto que ajudasse a manter as atividades da bovinocultura .


Visitamos a propriedade para uma pré-avaliação e identifiquei um monte de possibilidades para fazer acontecer.
As construções existentes serviriam para os setores de hospedagem e gastronomia, aproveitaríamos tudo que já estava lá, inclusive a secadora de café, local onde o restaurante poderia ganhar um glamour todo especial, tinha uma rampa muito bonita que ligava o piso superior ao grande terreiro de tijolos. Em um cômodo amplo, ao lado da secadora, projetei o Museu da Santa Ondina, ali seria uma área de leitura e descanso, decorada com fotos da família e dos pioneiros, documentos e registros que recuperassem a memória histórica da fazenda, móveis e objetos pessoais.
Mas foi nos limites do vale que os olhos brilharam e a mente expandiu em uma proposta ousada. Já era final de tarde, lá para aquelas bandas o vento sopra um pouco mais forte e mais frio, os antigos chamam de “vento encanado”, e isso faz com que a temperatura fique muito agradável para uma boa noite de sono. Num piscar de olhos vi uma série de dez ou doze pequenos chalés, com alicerce construído em pedras da própria região, paredes de madeira e uma pequena lareira em cada um deles, com janela voltada para o vale. O rústico aconchegante, com bom acabamento interno, o local ideal para passar uma ou duas noites de sossego, em boa companhia, uma garrafa de vinho, uma chaleira de chá no pé do fogo, pinhão no caldeirão e a música do vento lá fora.

Mas a ideia maior veio assim que avistei o lago da Unimar, lá no baixadão do vale, do outro lado, onde na época já estava plainado um terreno para a construção de um hotel modelo para suporte do curso de turismo. O Teleférico faria a ligação entre as duas propriedades, cada uma com seu estilo e proposta e Marília ganharia um dos melhores equipamentos turísticos do interior do estado de São Paulo, com pista de pouso para aeronaves de pequeno porte, piscina em forma de ferradura e loja de souvenires com a Marca Santa Ondina, Turismo Rural.
Foram mais de trinta páginas com muitas ideias e fotos ilustrativas e uma torcida tremenda para que ele aceitasse por em prática. Não deu tempo, foram tempos conturbados e,. no final, a propriedade foi vendida e mais adiante Dr. Arnaldo faleceu. Guardo o projeto completo, sei que ainda teremos o TELEFÉRICO de Marília, é uma questão de tempo.

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