domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tu já viu baiano triste?



Coisa boa é lidar na cozinha. Se de médico e de louco, todo mundo tem um pouco, de cozinheiro também. Difícil o final de semana em que não vamos para a beira do fogão para experimentar ou por em prática uma velha receita de família.
Antes, porém, uma passada pela feira-livre, para comprar os temperos e mais alguns ingredientes que possam incrementar o prato. E nesta época de muita chuva e muito calor, cada feira é uma surpresa.
Alface sumiu do mapa, somente os produtores que mantém estufa conseguem tirar alguns pés, que chegam às bancas custando bem mais. Justo, muito justo, investiram em infra-estrutura e agora é hora de fazer valer a tecnologia. O Couve-flor é outro que já está em vias de se exigir receita médica para se levar para casa, e até o desprestigiado chuchu, está com ares de valente, ganhou até um número três antes da virgula que separa os reais dos centavos.
Mas tem um ingrediente que quase todo mundo gosta e com preços bem acessíveis. A variedade vai da dedo-de-moça, a comari, a biquinho, pimenta bode e uma lista sem fim de nomes.
Amigo feirante, gozador que ele só, me disse outro dia que pimenta era bom para o humor. – Como assim, perguntei. E ele de pronto rebateu: tu já viu baiano triste amigo?
Ta certo ele, e como o argumento foi dos bons levei dois pacotes bem bonitos. Era da qualidade dedo-de-moça, a mais utilizada na cozinha brasileira.
Parte delas foi parar na dobradinha que pulava no fogo, já misturada com muita calabresa e molho vermelho, feito com tomates cortados em cubos para ficar mais encorpado.
Como eram grandes, pareciam feitas de plástico e estavam pedindo um curtido especial. Depois de cortadas ao meio, retiram-se as sementes e vai se reservando ao lado. Agora vem o segredo; lavar as metades com vinagre e sal, para retirar o excesso do ardido característico. Junte dois ou três dentes de alho, um galho pequeno de alecrim, uma folha de louro e uma pitada de sal.
Depositar as pimentas e os ingredientes em vidro grande, previamente esterilizado para evitar a formação de fungos, despejar vinagre branco até cobrir.
Não precisa mais do que duas semanas para ficar no ponto de comer e o ideal é servir no prato, para acompanhar o tradicional arroz com feijão ou comidas ao molho.
Bom para o corpo e bom para o humor.

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