Na visita ao museu municipal que fiz na semana passada, além
de gravar a entrevista com o Sr. Otávio Torrecilla, eu tive dele uma boa aula
sobre a nossa bandeira e o nosso brasão. Tudo começou porque em uma das vitrines
esta exposta uma das bandeiras de Marília, com a cor branca de fundo e o brasão
ao centro, versão esta que eu não conhecia, pois a atual tem as cores vermelha
e branca.
Ao comentar o assunto o Sr. Torrecilla me chamou a atenção
para outro fato relevante e me disse para procurar um erro no brasão. Erro?
Como assim?
Comparei os modelos confeccionados e exibidos para duas
oportunidades festivas da cidade; a da comemoração dos 25 anos e depois as medalhas
e folhetos para as comemorações dos 50 anos. Os brasões são diferentes porque exibem
duas versões de um símbolo que representa os pés de café, cultura que foi a
grande alavanca do desenvolvimento do agronegócio em Marília. Mas isto não era
um erro e sim uma mudança de design e o meu interlocutor questionava o erro.
Além destas observações eu questionei a cor verde do
triângulo, já que na bandeira mineira o triângulo está na cor vermelha. Nesta
relação mental direta e simples a comparação me remetia a um erro, mas não,
visto que a aplicação é da bandeira dos inconfidentes.
Primeira bandeira, fundo branco, triângulo na cor vermelha, três torres, pé de café no fundo amarelo, frase em latim. |
Vencido pela curiosidade ele me apontou a incorreção: o
braço que sustenta a flamula estava desenhado de forma incorreta, sendo este, o
braço esquerdo, porém, a mão que segura a flamula é a destra, ou seja, uma
deformação que passou despercebida por longos 40 anos.
Novo brasão, com o braço correto, as torres corrigidas, o triângulo na cor verde e a frase em português |
Somente no ano de 1978 a correção aconteceu promovendo-se o
novo desenho do braço armado. Observar também que o pé de café também foi
substituído pela catraca, símbolo do comércio pujante da cidade e as torres
redesenhadas.
Na biblioteca da Comissão de Registros Históricos tem muito
material sobre o assunto e vale pesquisar para conhecer mais sobre tão
importante símbolo municipal. Quando o museu contar com instalações mais adequadas,
faço a sugestão para montarmos uma linha cronológica dos fatos e dos modelos
dos brasões já utilizados para que os visitantes entendam e possam comparar as
diferentes peças que lá estão.
Marília é uma das poucas cidades que conta com a Comissão de
Registros Históricos instituída e nossas contribuições e observações são sempre
no sentido de preservar a memória. Há sim um hiato entre as decisões e
execuções de trabalhos que com o tempo podem ser corrigidos, fato que considero
normal, como por exemplo, o ato municipal que mudou o nome da rua Alagoas para
rua Paulo Corrêa de Lara, no entanto a placa de sinalização continua com o nome
antigo.
Engenheiro João Batista Meiler segurando o quadro que hoje faz parte do acervo do museu municipal |
Ivan Evangelista Jr, pesquisador e membro da Comissão de Registros Históricos de Marília
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